Brasileiros na Austrália

BRASILEIROS NA AUSTRÁLIA

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INTRODUÇÃO

As políticas operadas no século XX transformaram a Austrália de um país devotado a idéia de um país habitado pelos descendentes anglo-saxões propiciada pela “White Australia Policy” do século anterior. Começando nos anos 1949, mudanças políticas passaram a ocorrer gradualmente até a remoção, em 1973, da “White Australia Policy,” e a passagem, em 1975, do “Racial Discrimination Act” que tornou ilegal a utilização de critérios raciais em qualquer ato oficial. A chegada dos primeiros brasileiros na Austrália coincide com esta transição e a criação da “Multicultural Policy.” Segundo a Dr. Cristina Rocha da University of Western Sydney, a primeira leva de brasileiros era formada principalmente por trabalhadores atraídos pela demanda por mão-de-obra existente na altura.

Quanto Somos e Onde Moramos

Segundo o Censo de 2001, dos mais de 18 milhões de pessoas vivendo na Austrália, aproximadamente 16 milhões eram cidadãos australianos com aproximadamente 3 milhões destes últimos nascidos no exterior. Os dez países de origem destes cidadãos são o Reino Unido, seguido da Itália, Vietnam, Nova Zelândia, Grécia, China, Filipinas, Alemanha, Líbano e a Holanda.

O Censo Australiano de 2001 registrou 4.650 pessoas de origem brasileira vivendo na Austrália, um aumento de 39% em relação ao Censo de 1996. O mesmo Censo também apontava que 2.400 dos brasileiros residentes no país e nascidos no Brasil tinham cidadania australiana ou seja, 51% da população imigrante brasileira. 

O Censo de 2006 indicava os brasileiros como um dos grupos étnicos com uma das taxas maior de crescimento contanto com 7.500 pessoas. Estimativas do Ministério da Relações Exteriores do Brasil (MRE) põe o número de brasileiros vivendo na Austrália em 45.300 pessoas (2010)

A maioria dos brasileiros residentes na Austrália são mulheres (55.3%) ou seja, 80,8 homens para cada 100 mulheres. 

A distribuição etária dos brasileiros mostrou que a maioria destes estavam concentrados na faixa etária entre 25 e 44 anos (50,8%), seguidos destes entre 45 e 64 anos de idade (19.2%), 15 a 24 anos (18.3%), 0 e 14 anos (7,3%) e aqueles com mais de 65 anos (4,4%). A idade média dos brasileiros era de 34 anos, enquanto que a média dos outros imigrantes era de 46 anos.

 MAPA dos brasileiros por cidade

A maioria dos brasileiros vivem no estado de New South Wales (2.490) seguido por Victoria (780), Queensland (670) e Western Austrália (380). Em Sydney, os brasileiros chegados a mais tempo vivem nos subúrbios do oeste da cidade enquanto que aqueles chegados nos anos 1990, principalmente estudantes, vivem nos subúrbios de Bondi, Manly e Dee Why.

BIBLIOGRAFIA

DIMIA, Dez Maiores Países de Origem dos Imigrantes Naturalizados, 2001.

Brasileiros na Califórnia

Segundo o Censo americano de 2000, existiam na Califórnia cerca de 22.931 brasileiros pondo este estado como o estado com a terceira maior concentração de brasilerios nos Estados Unidos. Ainda segundo o Censo de 2000, 13.000 brasileiros viviam na região da grande Los Angeles e 9.000 na região de São Francisco…

Brasileiros na Espanha

Entre a segunda metade do século XIX e começo do século XX, houve uma grande emigração de espanhóis para a América Latina sendo o Brasil o terceiro país de maior destino destes. Este processo se inverte na década de 80 com o Brasil enviando um número crescente de seus cidadãos pra aquele país.

Brasileiros no Paraguai

A grande migração brasileira de “fronteira agrícola,” para o Paraguai está ligada aos incentivos oferecidos pelo governo daquele país seguindo a sua política de desenvolvimento agrícola durante o governo Stroessner (1954-1989). Estas políticas incluíram a criação de mecanismos de atração via a outorga de extensas …

Brasileiros na Bolívia

Segundo o Ministério das Relações Exteriores cerca de 50.100 brasileiros viviam na Bolívia em 2010. A base de dados do IMILA (Investigação de Migração Internacional da América Latina) indica que a população brasileira imigrante na Bolívia era de 8.492 pessoas em 1976, ou 14,62 por cento da população imigrante do país.

Brasileiros no México

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil estima a população brasileira residente no México em 15.000 pessoas.

Eleições Presidenciais Brasileiras no Exterior (1989 – 2022)

A participação dos emigrantes no processo político dos seus países de origem, seja pelo exercício do voto ou pela capacidade de concorrer a cargos eletivos, é expressão do aumento significativo da migração internacional e das crescentes atividades transnacionais destes emigrantes.
O livro Ausente & Presente: O Voto…

Visualizing the Brazilian Diaspora in the U.S.

This project was developed in partnership with Boston University’s Spark Lab. The Spark Lab is a technology incubator and experimental learning lab for student-led computational and data driven projects at Boston University.
As part of the CS 506 class, students Junhe Chen, Haoyu Zhang, and Hui Li, under…

Brasileiros Mundo Afora: Quem e Quanto Somos, Porque Emigramos, Onde Vivemos, Porque Retornamos e Quanto Contribuímos

Historicamente, o Brasil pode ser considerado um país receptor de população. Ao longo da sua história acolheu imigrantes de vários países do mundo. De 1822 até 1949 o país recebeu cerca de cinco milhões de imigrantes, sobretudo portugueses, italianos e espanhóis além de japoneses, alemães, poloneses e sírio–libaneses. Pode-se identificar esse fluxo em três grandes correntes …

Brasileiros em Massachusetts

BRASILEIROS EM massachusetts

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INTRODUÇÃO

Segundo Maxine Margolis (2009), os primeiros imigrantes brasileiros chegados aos Estados Unidos vieram da cidade mineira de Governador Valadares para o estado de Massachusetts. Esta ligação entre Governador Valadares e Massachusetts, começou durante a segunda guerra mundial quando o Brasil tornou-se um dos maiores produtores de mica, que na época, era um material de valor estratégico usado para isolamento em produtos militares e na produção de rádios, uma novidade nestes anos. A mica, era minerada por empresas americanas nas jazidas existentes na região de Governador Valadares. O minério bruto era retirado do solo e depois de separado das impurezas, exportado para os Estados Unidos.

Após o final da guerra esta indústria entrou em crise, mas os vínculos entre Governador Valadares e os Estados Unidos continuaram pois engenheiros e outros profissionais americanos no retorno “levaram” consigo alguns dos seus empregados brasileiros. Conta-se ainda que alguns brasileiros treinados nos Estados Unidos durante a operação da empresa foram transferidos para aquele país ao final das operações desta.

Esta experiência com os americanos em Governador Valadares e as histórias sobre a vida nos Estados Unidos contada por estes brasileiros pioneiros, inspiraram outros, anos depois, a empreender a viagem. A crise econômica dos anos 1980 intensificou este fluxo e as redes sociais que se formaram facilitaram novas saídas por reduzirem os riscos e custos desta empreitada. Assim, os valadarenses chegaram a Nova Inglaterra, concentrando-se em grande número no estado de Massachusetts.

Com a diversificação da emigração brasileira nas últimas duas décadas, brasileiros de outros estados e regiões juntaram-se aos valadarenses. Entre eles destacam-se mineiros de outras regiões, catarinenses, capixabas, goianos, além de menores grupos de imigrantes oriundos de outros estados brasileiros.

Quantos Somos e Onde Vivemos


O Estado de Massachusetts tem a maior concentração de imigrantes brasileiros nos Estados Unidos. De acordo com o Center for Labor Studies da Universidade Northeastern, entre 2000 e 2003, os brasileiros representaram 19,1 por cento de todos os imigrantes recém chegados ao estado. Segundo dados do American Community Survey (ACS), a população imigrante brasileira quase dobrou em Massachusetts entre 2000 e 2011 (80%). Segundo a mesma fonte, entre 2000 e o ano de maior estoque, 2005, a população brasileira no estado aumentou 131 por cento. No entanto, nos últimos anos esta população vem diminuindo com o estoque registrando em 2011 seu menor número desde 2005 (65.952). Quando comparado a 2005, o estoque de brasileiros no estado em 2011 diminuiu cerca de 29 por cento.[1]

Há grande variação entre os números do American Community Survey e outras fontes como o Ministério das Relações Exteriores do Brasil (MRE), estimativas feitas com base nas remessas por Alvaro Lima assim como a empresa Synovate e o Censo Demográfico Brasileiro de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O MRE estima que em 2010 haviam no estado cerca de 355.000 brasileiros. As estimativas feitas com base nas remessas apontam para uma população de 336.000 em 2006 e a empresa Synovate estimou que a população brasileira de Massachusetts em 2002 era de 171.000 brasileiros[2] O Censo brasileiro de 2010 aponta uma população emigrante total de 491.645 pessoas com cerca de 23.8 por cento destas tendo como destino os Estados Unidos, ou seja, 117.000 brasileiros o que poria a população brasileira residente no estado em cerca de 28.000 pessoas.

Os brasileiros são importante não só para o estado de Massachusetts onde estes são a segunda maior população imigrante (2009) mas também para a região da Nova Inglaterra como um todo onde eles representam 6 por cento da população imigrante (ACS 2006).[2]

Uma análise da população por área censitária (census tracts) mostra que o assentamento da população brasileira em Massachusetts esta concentrado em alguns bairros e cidades de três regiões do Estado:[3]

Para maiores detalhes, ver os gráficos nos links a seguir. [3] [4]

Brasileiros na Califórnia

Segundo o Censo americano de 2000, existiam na Califórnia cerca de 22.931 brasileiros pondo este estado como o estado com a terceira maior concentração de brasilerios nos Estados Unidos. Ainda segundo o Censo de 2000, 13.000 brasileiros viviam na região da grande Los Angeles e 9.000 na região de São Francisco…

Brasileiros na Espanha

Entre a segunda metade do século XIX e começo do século XX, houve uma grande emigração de espanhóis para a América Latina sendo o Brasil o terceiro país de maior destino destes. Este processo se inverte na década de 80 com o Brasil enviando um número crescente de seus cidadãos pra aquele país.

Brasileiros no Paraguai

A grande migração brasileira de “fronteira agrícola,” para o Paraguai está ligada aos incentivos oferecidos pelo governo daquele país seguindo a sua política de desenvolvimento agrícola durante o governo Stroessner (1954-1989). Estas políticas incluíram a criação de mecanismos de atração via a outorga de extensas …

Brasileiros na Bolívia

Segundo o Ministério das Relações Exteriores cerca de 50.100 brasileiros viviam na Bolívia em 2010. A base de dados do IMILA (Investigação de Migração Internacional da América Latina) indica que a população brasileira imigrante na Bolívia era de 8.492 pessoas em 1976, ou 14,62 por cento da população imigrante do país.

Brasileiros no México

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil estima a população brasileira residente no México em 15.000 pessoas.

Quem Somos e o que Fazemos

Idade, Gênero, e Estado Civil

De acordo com o American Community Survey (ACS) 2005-2007,[4] os brasileiros residentes em Massachusetts são mais jovens do que as populações imigrantes e nativa do estado. A idade média dos brasileiros é de 32,6 anos enquanto que os outros imigrantes tem uma idade média de 40,6 anos e os nativos 37,7 anos. Eles são também mais jovens do que a população brasileira imigrante do país (35,8 anos).

Assim como a nível nacional, a distribuição etária dos brasileiros é mais parecida com a desta dos outros imigrantes [5] do que com a da população nativa [6] concentrando-se, na sua maioria (79,5%), entre as idades de 20 e 49 anos. Os brasileiros, assim como os outros imigrantes, estão pouco representados nas faixas etárias abaixo de 18 anos e acima de 54 anos. Isto se dá pelo fato de que a maioria destes, emigram em idade de trabalho. Esta distribuição é benéfica para a região dado que a geração dos “baby boomers” prepara-se para deixar a força de trabalho.[5][6]

A distribuição de gênero da população brasileira em Massachusetts é diferente da desta dos brasileiros no resto do país. Os homens representam 55,6 por cento da população brasileira residente em Massachusetts enquanto que a distribuição nacional conta somente 49 por cento deles.

Ela difere também da distribuição de gênero tanto da população imigrante [7]quanto da população nativa [8] onde as mulheres predominam – 50,8 por cento entre os primeiros e 51,7 por cento entre os últimos.

Cinquenta e seis por cento dos brasileiros em Massachusetts são casados enquanto 56,9 por cento dos outros imigrantes o são. Os nativos com o mesmo estado civil representam somente 46,3 por cento do total desta população.

Cidadania e Tempo de Residência

Apenas 13,7 por cento dos brasileiros residentes em Massachusetts são cidadãos naturalizados.[9] Este nível de naturalização está abaixo da taxa nacional de 21 por cento para os brasileiros e muito abaixo desta dos outros imigrantes que é de 46,5 por cento.[10] Esta baixa taxa reflete tanto o crescimento recente da imigração brasileira para o estado quanto o número de imigrantes brasileiros indocumentados.[7]. A maioria dos brasileiros (60,8%) chegaram em Massachusetts durante os anos 2000 e 2009.[11] Oitenta e oito por cento destes chegaram depois de 1990 comparado a 48,2 por cento dos outros imigrantes. Quando comparados entre si, 37,5 por cento dos brasileiros naturalizados[12] chegaram antes de 1989 enquanto que somente 8 por cento dos não naturalizados[13] chegaram durante este período.

Proficiência em Inglês e Grau de Escolaridade

Proficiência em inglês e grau de escolaridade são dois ingredientes fundamentais para o sucesso econômico dos imigrantes no longo prazo e um preditor confiável do nível de vida destes. Os brasileiros residentes em Massachusetts tem um nível de proficiência menor do que este dos outros imigrantes: 29,8 por cento dos brasileiros falam somente inglês ou falam muito bem, comparado a 54,6 por cento para os outros imigrantes.

Os imigrantes brasileiros tem um número maior de pessoas com a escola secundária completa (44,3%) do que os outros imigrantes (25,3%) e os nativos (28,5%). No entanto, eles tem uma porcentagem maior de pessoas com nível menor do que a escola secundária (23,3%) quando comparados aos outros imigrantes (24,9%) e maior do que este da população nativa (9,3%). Os brasileiros tem também uma proporção muito menor de pessoas com bacharelato (11,1%) e com mestrado e/ou doutorado (3,7%) quando comparados aos outros imigrantes (16,6%) e (16,9%) e os nativos (22,4%) e (15,5%) respectivamente. Em comparação com a média dos brasileiros residentes no país, os brasileiros residentes em Massachusetts tem uma porcentagem maior de seus membros sem a escola secundária completa (44,3% comparado a 33%); com uma proporção maior destes com escola secundária completa (3,3% comparado a 10%); e proporções menores tanto de bacharéis (11% comparado a 19%) quanto de mestrandos e/ou doutorandos (3,7% comparado a 10%).

Participação no Mercado de Trabalho e Desemprego

Dada a estrutura etária da população nativa, e principalmente esta da região da Nova Inglaterra, os imigrantes são cada vez mais uma importante fonte de mão de obra. A imigração internacional reverteu o quadro de declínio da força de trabalho na região bem como em Massachusetts sendo responsável pelo crescimento da mão de obra nas três últimas décadas. Os brasileiros, com as maiores taxas de participação no mercado de trabalho (83,7%) são importante parte desta força de trabalho. Os outros imigrantes assim como os nativos tem taxas menores, 68 e 66,6 por cento respectivamente. A participação tanto dos homens quanto das mulheres brasileiras superam em grande medida estas dos homens e mulheres imigrantes e nativos: 90,7 por cento dos homens brasileiros participam no mercado de trabalho comparado a 68 por cento para os outros imigrantes e 66,6 por cento para a população nativa. Quanto as mulheres, embora as brasileiras tenham participação menor (75%) do que os brasileiros, elas se fazem presente neste mercado em maior números do que as mulheres imigrantes (60,1%) e as nativas (61,9%).

Quando a participação na força de trabalho é avaliada em relação a proficiência na língua inglesa, os brasileiros tem maior grau de participação do que os outros imigrantes independentemente da sua proficiência.

As taxas de desemprego da população brasileira residente em Massachusetts são mais baixas do que estas dos brasileiros residindo fora do estado (3,5% comparado a 3,8%). Elas são também menores do que estas dos outros imigrantes (4,3%) e da população nativa (4%) residente no estado. O mesmo ocorre quando os homens são comparados: 3,3 por cento dos brasileiros residentes no estado estão desempregados comparado com 4,4 por cento para os outros imigrantes e 4,8 por cento para os trabalhadores nativos. No entanto, quando as mulheres são comparadas as brasileiras tem taxa de desemprego (3,8%) menor do que esta das mulheres imigrantes (4,2%) mas maior do que esta das mulheres nativas (3,3%).

Emprego por Características Demográficas

 
Os brasileiros residentes em Massachusetts tem uma proporção maior da sua população empregada (79,8%) quando comparada a taxa de emprego entre os brasileiros a nível nacional (72%) assim como aos outros imigrantes (63,6%) e os nativos (62,5%) residentes no estado. No entanto, quando a comparação se faz entre os naturalizados e não-naturalizados, os primeiros tem uma taxa inferior aos últimos, um padrão que é o inverso ao deste observado para a população brasileira a nível nacional.

Assim como ocorre ao nível nacional, os imigrantes brasileiros chegados antes de 1980 tem uma taxa menor de emprego (65,6%) do que estes que chegaram entre 1980 e 1989 (78,5%); entre 1990 a 1999 (79,9%); e entre 2000 e 2007 (80,8%). O mesmo padrão ocorre no caso dos outros imigrantes residentes no estado: 50,8 por cento durante o primeiro período; 70,7 por cento entre 1980 e 1989; 70,4 por cento entre 1990 e 1999; decrescendo entre 2000 e 2007 para 63,1 por cento.

Compatível ainda com os brasileiros no resto do país, a grande maioria dos brasileiros de Massachusetts estão empregados independentemente dos seus níveis de proficiência em inglês, variando de 75,2 por cento para os que falam somente inglês a 81,9 por cento para aqueles que não falam inglês. Para os outros imigrantes esta relação se inverte de 61,6 por cento para aqueles que falam somente inglês e 45,8 por cento para aqueles que não falam a língua. Esta diferença pode ser explicada talvez pela maior abundancia de oferta de empregos em mercados que exigem baixa qualificação e a recusa de alguns brasileiros com certa fluência e qualificação, mas sem documentos, ocuparem estas posições.

Outro aspecto importante é o emprego por grau de instrução. Aqui novamente há uma inversão quando os trabalhadores brasileiros de Massachusetts são comparados ao restante dos brasileiros residindo fora do estado. Enquanto que a nível nacional, os brasileiros com diploma universitário ou mais avançado tem uma taxa superior de emprego, em Massachusetts aqueles com mestrado e/ou doutorado tem uma menor taxa (78,4%) quando comparados com aqueles com um nível de educação menor que a escola secundária (81,8%); a escola secundária completa (81%); e bacharelato (86,8%).

Por fim, assim como o resto dos brasileiros, os brasileiros inquilinos em Massachusetts tem uma taxa maior de emprego (83,7%) do que estes que são proprietários (71,3%). Estas taxas são maiores do que as taxas para o conjunto dos brasileiros (75% para os inquilinos e 67% para os proprietários).

Categoria de Trabalhador

Os brasileiros residentes em Massachusetts tem uma taxa menor de trabalho autônomo (12,3%) do que esta dos outros brasileiros residentes no país (13%). Esta taxa é muito maior do que a taxa dos outros imigrantes (6%)[14] e dos nativos (6,8%).[15] As mulheres brasileiras residentes no estado tem taxas mais altas (19,7%)[16] quando comparadas com a população dos brasileiros[17], dos imigrantes,[18][19] e dos nativos tanto homens[20] quanto mulheres.[21]

A maioria dos brasileiros (86%) trabalham em empresas privadas comparados a 87,2 por cento dos outros imigrantes e 79,1 por cento dos nativos. Enquanto 93 por cento dos homens brasileiros trabalham em empresas privadas somente 76,8 por cento das mulheres brasileiras o fazem.

Assim como ao nível nacional, a participação dos brasileiros no setor governamental é muito pequena (1,5%) com somente 0,8 por cento dos homens e 2,8 por cento das mulheres empregados neste setor. Esta participação é também diminuta comparada a taxa dos outros imigrantes (6,7%) e principalmente a esta da dos nativos (13,9%). O mesmo acontece quando o corte se dá por gênero com tanto os homens imigrantes quanto os nativos apresentando taxas maiores de emprego no setor público do que esta da dos brasileiros (5,2% e 12,6% respectivamente). As mulheres imigrantes tanto quanto as mulheres nativas apresentam também taxas mais altas do que esta das brasileiras (8,3% e 15,7% respectivamente).

Emprego por Categoria de Ocupação

A maioria dos trabalhadores brasileiros residentes no estado ocupam posições relativas aos serviços (46%) seguido de ocupações de construção, extração, manutenção e reparação (19,6%), produção, transporte e transporte de materiais (12,8%) e vendas e trabalho de escritório (12,3%). Com menor expressão encontram-se as ocupações de gerência, e ocupações profissionais (9,1%) seguidas por último por ocupações ligadas a agricultura, pesca, e silvicultura (0,2%). Esta distribuição é diferente da desta dos outros imigrantes[22] e a dos nativos.[23] Tanto os primeiros quanto os segundos estão concentrados em ocupações relativas a gerência, e ocupações profissionais (35% e 42,8% respectivamente). A seguir, os outros imigrantes ocupam posições relativas a vendas e trabalho de escritório (16,9%) e produção, transporte e transporte de materiais (14,6%); enquanto que os nativos concentram-se nas ocupações relativas a vendas e trabalho de escritório (26,4%) e serviços (14,3%).

A distribuição entre os homens e mulheres brasileiros também varia. Os homens estão mais concentrados em ocupações de serviço (37,1%) e construção, extração, manutenção e reparação (32,1%) enquanto que as mulheres ocupam principalmente posições relativas aos serviços (59,4%) e vendas e trabalho de escritório (21,3%). Enquanto 10,4 por cento das mulheres brasileiras tem ocupações gerenciais e profissionais, somente 8,3 por cento dos homens brasileiros tem este tipo de ocupação.

Emprego por Tipo de Indústria

As quatro indústrias que concentram a maioria dos brasileiros residentes em Massachusetts são: artes, entretenimento e lazer, serviços de alojamento e alimentação (25,1%), construção (19%), serviços profissionais, científicos e de gestão e serviços de gestão administrativa e de resíduos (14,4%) e, outros serviços (11,9%). Esta distribuição é um pouco diferente da desta dos imigrantes brasileiros a nível nacional onde a indústria de maior concentração é a construção com artes, entretenimento e lazer, serviços de alojamento e alimentação ocupando a segunda posição. A terceira e quarta posições também se invertem.

Esta distribuição difere também das quatro mais populares indústrias entre os outros imigrantes[24] e os nativos.[25] Entre os primeiros, as quatro mais populares indústrias são: (1) serviços educacionais, de saúde e assistência social (11.7%), (2) manufactura (14,6%), (3) serviços profissionais, científicos e de gestão e serviços de gestão administrativa e de resíduos (13,7%) e, (4) artes, entretenimento e lazer, serviços de alojamento e alimentação (23,6%%). Para os segundos, esta distribuição acompanha a ordem a seguir: (1) serviços educacionais, de saúde e assistência social (25,7%), (2) serviços profissionais, científicos e de gestão e serviços de gestão administrativa e de resíduos (12%), (3) comércio varejista (11,3%), (4) manufatura (9,4%).

Por fim, a distribuição do emprego brasileiro por indústria também varia entre homens e as mulheres. Os homens tem uma tendência maior ao emprego nas indústrias da construção (30,7%) enquanto as mulheres estão empregadas principalmente nas indústrias relacionadas as artes, entretenimento e lazer, serviços de alojamento e alimentação. A seguir, os homens concentram-se nas indústrias relacionadas as artes, entretenimento e lazer, serviços de alojamento e alimentação (25,2%); serviços profissionais, científicos e de gestão e serviços de gestão administrativa e de resíduos (12%); e manufatura (8,2%), enquanto que as mulheres aglomeram-se nas indústrias relacionadas aos outros serviços (20,9%); serviços profissionais, científicos e de gestão e serviços de gestão administrativa e de resíduos (18,95); e serviços educacionais, de saúde e assistência social (14,7%).

Trabalho Autônomo e Empreendedorismo

Como referido anteriormente, os brasileiros residentes em Massachusetts têm uma taxa menor de trabalho por conta própria (12,3%) do que os outros brasileiros residentes no país (13%). No entanto, esta taxa é muito maior do que a taxa de auto-emprego dos outros imigrantes (6%) e dos nativos (6,8%). As mulheres brasileiras residentes no estado tem taxa mais alta (19,7%) quando compradas com a população dos outros brasileiros, dos imigrantes, e dos nativos tanto homens quanto mulheres.

Massachusetts concentra cerca de 28 por cento de todas as 3,700 empresas brasileiras no país seguido pela Nova Jersey (27%) e a Flórida (21%).

Estas empresas, na sua maioria, concentram-se nos ramos do comércio varejista (retail trade), hospedagem e serviços de alimentação (accomodations and food services), e outros serviços (other services).

Rendimento Médio

Os brasileiros residentes em Massachusetts, com tempo integral com 16 anos ou mais de idade, em 2007, tiveram uma remuneração média de $28.130 dólares o que é uma remuneração mais baixa do que a média nacional para os outros brasileiros ($31.571 dólares). Ela é também muito menor do que esta da dos outros imigrantes e esta da população nativa residente no estado ($37.867 dólares e $50.595 dólares respectivamente).

Quando comparada por gênero, a renda dos homens brasileiros é maior ($31.152 dólares) do que esta das mulheres brasileiras ($23.950 dólares). A renda das mulheres brasileiras é menor ainda do que esta da dos homens imigrantes ($42.356 dólares) e dos nativos ($55.896 dólares) assim como desta das mulheres imigrantes e nativas ($32.904 dólares e $43.161 dólares respectivamente).

A Renda Pessoal por Características Demográficas

Em 2007, a renda média pessoal para os brasileiros ($22.720 dólares) foi menor do que esta dos demais brasileiros residentes nos Estados Unidos ($24.286 dólares). Ela é também menor do que estas dos outros imigrantes e dos nativos residentes no estado ($25.298 dólares e $30.525 dólares respectivamente). Os homens brasileiros tiveram uma renda superior ($26.310 dólares) a renda média dos brasileiros como um todo ($22.720 dólares) e esta das mulheres brasileiras residentes em Massachusetts ($16.970 dólares) mas inferior a esta dos homens imigrantes e nativos ($31.042 dólares e $40.355 dólares respectivamente). A renda das mulheres brasileiras é a mais baixa renda de todos os grupos com as mulheres imigrantes ganhando um pouco mais ($19.907 dólares) e as mulheres nativas ganhando 27 por cento mais do que as brasileiras ($23.282 dólares).

Os brasileiros naturalizados tiveram uma renda inferior ($25.966 dólares) a esta dos imigrantes naturalizados ($27.827 dólares) mas superior a esta dos não-naturalizados brasileiros ($21.747 dólares) e dos imigrantes não-naturalizados ($23.369 dólares).

Os brasileiros chegados antes de 1980 apresentam uma renda superior ($36.216 dólares) a esta dos brasileiros chegados entre 1980 a 1989 ($25.868 dólares); os chegados entre 1990 e 1999 ($25.966 dólares); e estes chegados entre 2000 e 2007 ($21.097 dólares) indicando uma relação direta entre tempo de residência e renda. A renda dos brasileiros chegados antes de 1980 é a maior renda não só entre os brasileiros mas também entre todos os outros imigrantes que tem renda maior entre estes chegados entre 1980 e 1989 ($30.294 dólares).

Os brasileiros que falam somente inglês tiveram uma renda menor ($22.040 dólares) do que esta daqueles que não falam inglês ($22.764 dólares) enquanto que aqueles que falam inglês muito bem tiveram renda maior ($25.298 dólares). Quando comparados aos outros imigrantes, os brasileiros ganham menos entre aqueles que falam somente inglês ($31.042 dólares comparado a $22.040 dólares respectivamente) assim como aqueles que falam inglês muito bem ($33.112 dólares comparado a $25.298 dólares respectivamente) e aqueles que falam bem ($24.834 dólares comparado a $22.764 dólares). No entanto, eles tem uma renda superior a esta dos outros imigrantes que falam mas não bem ($21.638 dólares comparado a $17.591 dólares) e aqueles que não falam inglês ($22.764 comparado a $12.446 dólares). Estes últimos, brasileiros que não falam inglês, tem renda superior a esta da dos brasileiros que não falam bem e igual a estes que falam bem.

Por fim, seguindo o padrão nacional, os brasileiros assim como os outros imigrantes e os nativos proprietários das suas casas tiveram uma renda maior do que esta da dos inquilinos. Os proprietários brasileiros tiveram uma renda de $25.868 dólares enquanto os outros imigrantes tiveram renda de $32.457 dólares e os nativos $36.785 dólares. Os brasileiros locatários tiveram renda superior ($21.857 dólares) a esta da dos outros locatários imigrantes ($20.556 dólares) e inferior a deste dos nativos ($22.262 dólares).

Renda Domiciliar, Renda Familiar e Nível de Pobreza

Em 2007, os domicílios brasileiros tiveram renda superior ($55.353 dólares) a este dos domicílios chefiados por outros imigrantes ($54.134 dólares) e inferior a desta dos domicílios chefiados por nativos ($63.319 dólares). A renda familiar brasileira é no entanto, a menor dos três grupos. As famílias brasileiras receberam em 2007 a menor renda média ($51.705 dólares) comparada a estas das famílias dos outros imigrantes ($61.175 dólares) e das dos nativos ($80.824 dólares).

Os brasileiros, tanto as famílias (6,6%) quanto os indivíduos (9,9%), tem um nível de pobreza menor do que este dos outros imigrantes (11% e 13% respectivamente) e maior do que este dos nativos (6,4% e 9,6% respectivamente). 

Condição em Relação a Propriedade Domiciliar e as Características da Habitação

 

Seguindo a mesma tendência que a população brasileira a nível nacional, os brasileiros residentes em Massachusetts tem uma proporção menor de proprietários do que os outros imigrantes e a população nativa: apenas 29,1 por cento dos brasileiros são proprietários comparados a 50,5 por cento dos outros imigrantes e 67,6 por cento dos nativos. Este índice é também mais baixo do que este da população brasileira como um todo (39%). Os brasileiros proprietários tem custos altíssimos de despesas mensais com moradia, isto é custos que excedem 30 por cento da renda domiciliar, do que estes dos outros imigrantes e dos nativos. Quase 69 por cento dos brasileiros tem custos desta magnitude comparado com 43,6 por cento dos proprietários imigrantes e 33,8 por cento dos nativos. Os brasileiros locatários no entanto, tem uma porcentagem menor de domicílios em tais condições (45,9%) comparado a 47,9 por cento e 47,3 por cento para os outros imigrantes e nativos respectivamente.

Os brasileiros tem ainda uma alta porcentagem de seus membros vivendo em condições de habitação superlotadas (crowded housing conditions), ou seja moram em unidades habitacionais com 1,01 ou mais ocupantes por compartimentos. Cerca de 7,3 por cento dos domicílios brasileiros vivem em tais condições enquanto este número para os outros imigrantes é de 4,9 por cento e 0,7 por cento para os nativos.

Contribuição Econômica

 

Os brasileiros contribuem para a economia de seu país de origem assim como para estas dos países receptores através da sua capacidade empreendedora, do seu trabalho, dos seus gastos enquanto consumidores, das suas remessas e investimentos. Há também uma forma de contribuição menos estudada e divulgada que é o “subsídio” à economia dos países receptores resultante do fato que estes não arcam com os custos da produção e reprodução da força de trabalho imigrante. 

Contribuição Econômica dos Empresários Imigrantes Brasileiros

 
Os imigrantes brasileiros são donos de mais de 3.792 pequenas e médias empresas com cerca de 28 por cento destas localizadas em Massachusetts. A maioria destas empresas estão concentradas no comércio varejista, acomodação e serviços alimentícios, e outros serviços.

Estas empresas registram receitas anuais de $272 milhões de dólares e contribuem $179 milhões de dólares para o produto regional bruto. Elas empregam 2.756 pessoas diretamente além de criarem 1.756 empregos indiretos. Elas contribuem ainda $12,8 milhões de dólares em impostos estaduais e federais.

 Contribuição Econômica dos Trabalhadores e Consumidores Imigrantes Brasileiros

 O impacto econômico medido tanto pela contribuição dos trabalhadores brasileiros para o produto bruto regional quanto pelos gastos com o consumo da população brasileira residente no estado, demonstra a importância dos brasileiros para a economia de Massachusetts.

Coletivamente, eles contribuem $1 bilhão para o produto bruto regional,[8] mais de $1 bilhão em gastos com consumo e $295 milhões em impostos estaduais e federais. Estas contribuições, implicam na criação de mais de 9.500 empregos diretos para a economia do estado. 

Contribuição Econômica do “Subsídio” dos Imigrantes Brasileiros às Economias dos Países Receptores

 
Em geral, as discussões sobre a contribuição dos imigrantes para as economias dos países receptores são circunscritas aos aspectos relacionados acima. No entanto, esta discussão deve ser ampliada para que se introduza um fato fundamental a respeito do trabalhador imigrante: ele vem de fora, de outros países. Isto significa dizer que as discussões focam na produção, naquilo que o imigrante produz. É igualmente importante considerar também a reprodução da força de trabalho, levando-se em consideração os custos associados a criação desta força de trabalho – os custos incorridos antes desta se tornar produtiva. Esta análise implica ainda a inclusão dos custos associados a fase pós-produtiva, ou seja, a aposentadoria.[9]

Ao considerar os ciclos de produção e reprodução da força de trabalho, o trabalho imigrante ganha outra dimensão, ele representa uma transferência de recursos das sociedades de origem para estas de destino. Por exemplo, os investimentos feitos pelas sociedades dos países de origem na educação da mão de obra que se torna emigrante representa um subsídio direto público ou privado dependendo do tipo de educação. Assim, os países de origem arcam com os custos de criação da mão de obra, enquanto os países de destino recebem os benefícios da sua produção.

Para ilustrar este fenômeno de forma concreta, podemos utilizar o relatório de autoria do economista Alan Clayton-Mathews, publicado pelo Immigrant Learning Center de Malden, Massachusetts, intitulado “Massachusetts Immigrants by the Numbers.” Segundo os dados deste relatório que são os dados oficiais do censo americano, existem 218.418 imigrantes com idade acima de 25 anos residindo em Massachusetts. Desta população, 56.352 (25,8%) tem diploma do ensino médio, 7645 (3,5%) tem diploma de dois anos de curso superior, 42.810 (19,6%) tem diploma de bacharelato, 34.728 (15,9%) tem mestrado e 10.702 (4,9%) tem doutorado. Considerando o custo médio da educação pública em Massachusetts para cada um desses níveis, estes imigrantes “trazem” com eles cerca de $31 bilhões de dólares em investimentos educacionais.[10]
A aposentadoria da força de trabalho é a outra ponta da reprodução desta. Aqui, o relatório mostra que os imigrantes de Massachusetts quando comparados a população nativa tem metade da probabilidade de receber qualquer tipo de pensão, públicas ou privadas, o que significa, segundo o mesmo relatório, que “… os imigrantes são financiadores líquidos do sistema de segurança social … [e] são mais propensos a trabalhar e a contribuir para o programa durante um período de tempo mais longo do que os nativos e menos prováveis a utilizar o programa do que estes.” Um artigo anterior do New York Times citando o relatório anual de 2008 do Social Security corrobora este ponto. O artigo credita os imigrantes indocumentados como contribuindo para fechar cerca de 15 por cento do déficit projetado para o sistema de segurança social americano.[11]

Contribuição Econômica das Transferências e Investimentos dos Brasileiros

 xxxxxxxxx

 

O Impacto do 11 de Setembro e da Crise Econômica Americana

 

Os eventos ocorridos em 11 de Setembro de 2001 mudaram consideravelmente a política imigratória dos Estados Unidos sendo esta incorporada ao Department of Homeland Security (DHS) e tratada desde então como questão de segurança nacional. O fluxo de entrada clandestino oriundo do Brasil que conheceu seu pico no ano 2000, quando o DHS registrou a detenção de mais de 54.000 brasileiros diminuiu drasticamente a partir de 2005, quando intensificou-se a militarização da fronteira Americana. Neste ano, 31.000 brasileiros foram detidos tentando a travessia e, em 2008, apenas 977 foram presos (DHS, 2009).

A recente crise econômica, a intensificação de ações punitivas contra imigrantes indocumentados e seus empregadores, além do controle mais efetivo das fronteiras referido acima, tem impactado a vida dos imigrantes negativamente. No entanto, aparte de casos individuais de pessoas voltando para o Brasil, a imensa maioria dos imigrantes brasileiros estão achando formas de manterem-se no país. Estas decisões resultam de uma série de considerações que tem a ver com o custo do retorno para o Brasil, o custo de uma eventual volta para os Estados Unidos, dívidas assumidas, a interrupção de processos legais imigratórios em andamento, as condições familiares vigentes incluindo filhos nascidos nos Estados Unidos, ou simplesmente a crença de que a crise nos Estados Unidos é menos severa do que a situação econômica reinante nas regiões de onde procedem no Brasil.

Altos níveis de migração criam ansiedade grande no seio da população americana. Divisões profundas, diferenças genuínas de opinião, e manipulações para ganho político ajudam a entender porque as diversas propostas de reforma imigratória tem encontrado barreiras intransponíveis.

A comissão independente estabelecida em 2006 para estudar a questão da imigração (“Task Force on Immigration and America’s Future”) co-presidida por Spencer Abraham e Lee H. Hamilton, concluiu que o nível de imigração necessária para sustentar a economia americana é de aproximadamente 1,5 milhão de pessoas/ano (o nível tem sido de 1,8 milhões). Esta comissão reconheceu que a imigração é crítica para a manutenção da vitalidade da economia americana dado o envelhecimento da força de trabalho americana. São poucos os trabalhadores nativos entrando no mercado de trabalho ao mesmo tempo que mais de 10 milhões de trabalhadores qualificados deixarão este mercado até 2015. A comissão também reconheceu que a geração “Baby Boom” acaba de completar 62 anos de idade e começa a fazer uso dos benefícios sociais (Social Security) provocando o crescimento da proporção entre idosos e estes em idade de trabalho de 240 por 1.000 para 411 por 1.000 – um gap que será necessariamente preenchido por imigrantes. Por fim, a comissão ressaltou que as experiências de reformas do passado foram ineficazes: 

  • A legislação de 1952 – “Immigration and Nationality Act” – que impôs sanções sobre aquelas pessoas que ajudassem ou abrigassem imigrantes não autorizados não funcionou e terminou isentando o emprego destes imigrantes da categoria de “abrigo de imigrantes indocumentados;”
  • A reforma de 1986 com a passagem do “Immigration Reform and Control Act (IRCA),” deveria, supostamente, corrigir as falhas da legislação de 1952. Os principais elementos desta reforma – maior controle das fronteiras, sanções aos empregadores, e legalização – provaram ser bastante ineficazes no controle do fluxo migratório não autorizado;
  • O Homeland Security Act de 2002 repete estes mesmos princípios mas novamente o controle da imigração não autorizada se mostra ineficaz.

 A comissão conclui que os “Estados Unidos não tem a capacidade de compelir a saída de uma porcentagem significativa dos milhões de imigrantes indocumentados, muitos dos quais vivem e trabalham nos Estados Unidos há anos e tem filhos que são cidadãos americanos.” Para a comissão, “os benefícios da imigração avançam significantemente os interesses nacionais dos Estados Unidos no Século XXI. No entanto, o aproveitamento destes benefícios no longo prazo requer o re-pensar das políticas e do sistema de manejo da imigração.”

É claro para a maior parte dos observadores que o controle do fluxo migratório clandestino nos Estados Unidos não passa somente por políticas de segurança e patrulhamento das fronteiras, mas também por uma série de reformas legislativas e econômicas, complicando assim, o jogo político neste campo.

Os fatores citados acima levaram alguns observadores a interpretar o retorno dos brasileiros como um processo de “êxodo” que a imprensa americana repetiu ad nauseam. A estória do “êxodo” apresenta no entanto várias falhas na sua lógica.[12] As razões citadas como causa do “êxodo” dos brasileiros incluem:

  •  A recessão econômica nos Estados Unidos torna difícil o emprego para os imigrantes;
  • A inflação nos Estados Unidos faz com que a vida dos imigrantes se torne mais cara reduzindo seu nível de vida e de remessas;
  • A depreciação do dólar em relação ao real reduz ainda mais o valor destas remessas;
  • A atuação agressiva das autoridades americanas dificulta a procura de emprego aumentando as dificuldades econômicas dos imigrantes;
  • O crescimento da economia brasileira aumenta a atração dos brasileiros imigrantes pela volta.

 Embora todos os aspectos citados sejam reais, eles não obedecem a linearidade implícita no argumento. Por exemplo, a recessão da economia dos Estados Unidos, não implica que, em termos comparativos, a economia brasileira apresente maiores oportunidades para os trabalhadores imigrantes brasileiros, particularmente nas regiões de origem destes – o crescimento da economia brasileira não implica necessariamente num crescimento da economia destas regiões. Empregos com boa remuneração, remuneração compatível com a que os imigrantes brasileiros comandam nos Estados Unidos, continuam escassos nestas regiões mesmo que a economia nacional esteja num período de boom.

A inflação americana, bastante moderada, não implica o retorno ao Brasil, porque mesmo considerando uma depreciação no valor aquisitivo do dólar, os salários pagos no setor informal americano excedem o salário mínimo no Brasil por muito, principalmente este pago a trabalhadores não qualificados nas regiões de origem de parte significativa dos brasileiros que vivem nos Estados Unidos. Por outro lado, o efeito imediato da depreciação do dólar é o aumento da carga de trabalho dos brasileiros imigrantes de forma a manter o seu nível de vida e de remessas anteriores e não a volta.

Por fim, o clima criado pela atuação agressiva das autoridades americanas aumenta a probabilidade de volta dos brasileiros imigrantes mas essa decisão não é tão fácil quanto parece pois envolve uma série de fatores já referidos anteriormente, além dos custos e riscos de uma eventual volta que esta própria política agressiva cria. 
 O clima econômico nos Estados Unidos juntamente com a atitude agressiva das autoridades americanas tem forçado alguns brasileiros a retornar. No entanto, não há indício de “êxodo.” Segundo dados do American Community Survey (ACS), a população imigrante brasileira quase dobrou em Massachusetts entre 2000 e 2011 (80%). Segundo a mesma fonte, entre 2000 e o ano de maior estoque, 2005, a população brasileira no estado aumentou 131 por cento. No entanto, nos últimos anos esta população vem diminuindo com o estoque registrando em 2011 seu menor número desde 2005 (65.952). Quando comparado a 2005, o estoque de brasileiros no estado em 2011 diminuiu cerca de 29 por cento.[1] No entanto, no mesmo período aumentou de 328.510 para 320.861 indicando talvez um deslocamento interno no país, de um estado para outro, mais plausível do que um “êxodo” de Massachusetts para o Brasil.

 A crise atual tem duas faces como mostrado anteriormente e ilustrado no artigo do Milford Daily News relatando a história de um trabalhador brasileiro da construção civil em Massachusetts. Ela, por um lado, cria pressões que reforça a volta, por outro, ela aumenta o custo desta.

Referências Bibliográficas



Ministério das Relações Exteriores – MRE. 2008. Brasileiros no Mundo – Estimativas. Subsecretaria Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior – SGEB; Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior – DCB; Divisão de Assistência Consular – DAC; http://www.digaai.org/wp/pdfs/estimativas_mundo.pdf

El Planeta. 2008. http://www.digaai.org/wp/pdfs/el_planeta.pdf

Marcelli, Enrico and Louisa Holmes. 2009. (In)visible (Im)Migrants: The Health and Socioeconomic Integration of Brazilians in Metropolitan Boston. San Diego State University.

Lima, Álvaro. Brasileiros na América. http://www.digaai.org/wp/pdfs/livro_pop_bra_us.pdf

Lima, Álvaro, Eugenia Garcia-Zanello, and Manuel Orozco, 2009. Brazilians in the U.S.: A look at Migrants and Transnationalism – LINK

Lima, Álvaro and Eduardo Siqueira. 2007. Brazilians in the U.S. and Massachusetts: A Demographic and Economic Profile. http://www.digaai.org/wp/pdfs/pop_bra_mass.pdf

Lima, Álvaro. 2007. Brasileiros Imigrantes em Boston. http://www.digaai.org/wp/pdfs/brazilian_profile.pdf

Lima, Álvaro. 2007. Brazilian Immigrants in Boston.

Lima, Alvaro e Nicholas S. Petschek. 2009. “Trabalhadores Imigrantes: Contribuintes ou meros Receptores?” (artigo não publicado).

Meillassoux, Claude. 1981. Maidens, Meal and Money. University of Cambridge. Cambridge.

U.S. Census Bureau. 2000. http://factfinder.census.gov/servlet/DTTable?_bm=y&-geo_id=01000US&-ds_name=DEC_2000_SF3_U&-_lang=en&-mt_name=DEC_2000_SF3_U_PCT019&-format=&-CONTEXT=dt

U.S. Census Bureau. 2000. U.S. 2000 Decennial Census. http://factfinder.census.gov/servlet/DTTable?_bm=y&-geo_id=01000US&-ds_name=DEC_2000_SF3_U&-_lang=en&-mt_name=DEC_2000_SF3_U_PCT019&-format=&-CONTEXT=dt

U.S. Census Bureau. 2007. American Community Survey (ACS) – 2005-2007. http://factfinder.census.gov/servlet/DTTable?_bm=y&-geo_id=01000US&-ds_name=ACS_2007_3YR_G00_&-_lang=en&-mt_name=ACS_2007_3YR_G2000_B05006&-format=&-CONTEXT=dt

U.S. Department of Commerce. 1997. Regional Multipliers – A User Handbook for the Regional Input-Output Modeling System (RIMS II).

 

REFERÊNCIAS
1

American Community Survey (ACS) 2005-2009.

2

Segundo o mesmo estudo, neste ano, 2002, o estado americano com a maior concentração de brasileiros era a Flórida com 193.000 pessoas.

3

As regiões a seguir foram definidas utilizando as áreas geográficas definidas (statistical geographic areas) pelo Bureau do Censo americano como PUMAs (Public Use Microdata Areas). PUMAs são usados para a tabulação e disseminação de dados dos censos deceniais e do American Community Survey (ACS) Public Use Microdata Sample (PUMS) data. As PUMAS cobrem todo os Estados Unidos, Porto Rico, e as áreas das ilhas que contem uma populacão de 100,000 pessoas ou mais. Assim, os PUMAs para cada região são:

  • Boston e Regiao da Costa Norte: 00700, 00800, 00900, 01000, 01100, 01200, 01300, 02700, 02800, 02900, 03000, 03100, 03200, 03301, 03302, 03303, 03304, 03305, 03400, 03700,03800;
  • Região Metropolitana Oeste (Metro West): 00300, 00400, 00500, 00600, 01400, 01500, 02100, 02200, 02300, 02400, 02500, 02600, 03500, e 03600;
  • Região da Costa Sul (South Shore) e Cape Cod & Ilhas: 03900, 04100, 04100, 04200, 04300, 04400, 04500, 04600, 04700, 04800.

Para visualizar estas áreas ver mapa em documento a seguir[1]

4 Todos os dados citados dizem respeito a média do período 2005-2007 utilizando como fonte o American Community Survey (ACS) a não ser se especificados em contrário.
5 Os “baby boomers” são pessoas nascidas durante o período da explosão demográfica após a II Guerra Mundial.
6 Os imigrantes contribuíram de forma substantiva para o crescimento da população da região da Nova Inglaterra entre 1980 e 2000. Embora sendo somente u10 por cento da população da região, os imigrantes representaram mais de um quarto do crescimento populacional deste 1980. Esta participação foi determinante no crescimento da população das cidades da região. Sem imigração, a população das 50 maiores cidades da região teria decrescido de 50.000 pessoas entre 1980 e 2000. Em vez disto, elas, juntas, registraram um crescimento de mais de 200.000 pessoas.
7 Segundo pesquisa do Professor Enrico Marcelli (2009), 71 por cento dos brasileiros adultos e 16 por cento dos seus filhos residentes na região metropolitana de Boston (BCQ-MSA) são indocumentados.
8 Cerca de metade do produto regional bruto pode ser atribuído a contribuição direta dos novos trabalhadores. Regional Multipliers – A User HAndbook for the Regional Input-Output Modeling Systems (RIMS II), 1997, U.S. Department of Commerce.
9 O antropólogo francês Claude Meillassoux, em sua obra “Maidens, Meal and Money,” enfatiza a importância de abordar a questão da imigração tanto do ponto de vista da produção quanto da reprodução da força de trabalho.
10 Lima, Alvaro e Nicholas S. Petschek. “Trabalhadores Imigrantes: Contribuintes ou Meros Receptores?. 2009 (artigo não publicado).
11 Além disto, poucos imigrantes são elegíveis para os benefícios relacionados a aposentadoria, seguro-desemprego, seguros de saúde e de incapacitação física, aumentando ainda mais as suas contribuições.
12 É preciso focar na lógica do argumento pois ele é apresentado sem suporte numérico, ou, quando estes são apresentados, não revelam fontes, ou estas, quando muito, são anedóticas.

 

Eleições Presidenciais Brasileiras no Exterior (1989 – 2022)

A participação dos emigrantes no processo político dos seus países de origem, seja pelo exercício do voto ou pela capacidade de concorrer a cargos eletivos, é expressão do aumento significativo da migração internacional e das crescentes atividades transnacionais destes emigrantes.
O livro Ausente & Presente: O Voto…

Visualizing the Brazilian Diaspora in the U.S.

This project was developed in partnership with Boston University’s Spark Lab. The Spark Lab is a technology incubator and experimental learning lab for student-led computational and data driven projects at Boston University.
As part of the CS 506 class, students Junhe Chen, Haoyu Zhang, and Hui Li, under…

Brasileiros Mundo Afora: Quem e Quanto Somos, Porque Emigramos, Onde Vivemos, Porque Retornamos e Quanto Contribuímos

Historicamente, o Brasil pode ser considerado um país receptor de população. Ao longo da sua história acolheu imigrantes de vários países do mundo. De 1822 até 1949 o país recebeu cerca de cinco milhões de imigrantes, sobretudo portugueses, italianos e espanhóis além de japoneses, alemães, poloneses e sírio–libaneses. Pode-se identificar esse fluxo em três grandes correntes …

HEMEROTECA

HEMEROTECA

HEMEROTECA

A imprensa étnica tem um papel fundamental no processo de integração econômica e social dos imigrantes nas novas sociedades ao ajudá-los a perseguir seus sonhos, recriar as redes  sociais  desarticuladas durante o processo migratório ao mesmo tempo que ajudam as comunidades imigrantes a preservar suas culturas e línguas nativas.

A Hemeroteca do Instituto Diáspora Brasil (IDB) é um projeto iniciado em parceria com o Institute for Quantitative Social Science (IQSS) da Universidade de Harvard onde estão depositadas versões em pdf de alguns exemplares. Outra parte do acervo em papel está sendo digitalizada em parceria com a Biblioteca de Boston e a Northeast University. Por fim, temos links para jornais e revistas armazenadas as flipbooks no site do Issuu.

Uma das principais funções da nossa hemeroteca é preservar momentos históricos importantes da emigração  brasileira de forma que historiadores, pesquisadores, jornalistas, entre outros profissionais que necessitam deste tipo de informação possa encontrá-los em um só lugar.

O Novo Mundo

Em 1870 José Carlos Rodrigues funda O Novo Mundo, que, segundo George C. A. Boehrer,1 atingiu uma tiragem de oito mil exemplares, número este, segundo confirmação de Charles A. Gauld, “muito significativo para aquele tempo.“2 Além de notícias de interesse geral para os brasileiros, o jornal abrangia temas relativos à ciência, comércio, invenções, religião, literatura e o progresso geral na América do Norte. O jornal, assim como seu editor, atribuiu aos Estados Unidos o papel de exemplo de progresso a ser seguido pelo Brasil. No edital publicado no primeiro número, José Carlos Rodrigues escreve:

“Depois da guerra intestina dos Estados Unidos, o Brasil e a América do Sul tem procurado estudar profundamente as coisas deste país. O Novo Mundo propõe-se a concorrer para este estudo, não dando notícias dos Estados Unidos, mas expondo as principais manifestações do seu progresso e discutindo sobre as causas e tendências deste progresso.”

O Novo Mundo não foi, no entanto, o primeiro periódico impresso no exterior direcionado para o Brasil. Este ineditismo coube ao Correio Brasiliense, produzido em Londres, de propriedade de Hipólito José da Costa Furtado de Mendonça. Produzido mensalmente, o Correio Brasiliense circulou de junho de 1808 a dezembro de 1822.3,3a Tanto o Correio Brasiliense quanto O Novo Mundo, nasceram em momentos políticos singulares. O primeiro enfrentando a censura imposta pelas autoridades coloniais, e o segundo esta imposta pelo regime imperial brasileiro. Assim, O Novo Mundo nasce numa década de intensas lutas que culminaram com a abolição da escravatura, em 1888, e a proclamação da República, no ano seguinte.

Brasileiros na Califórnia

Segundo o Censo americano de 2000, existiam na Califórnia cerca de 22.931 brasileiros pondo este estado como o estado com a terceira maior concentração de brasilerios nos Estados Unidos. Ainda segundo o Censo de 2000, 13.000 brasileiros viviam na região da grande Los Angeles e 9.000 na região de São Francisco…

Brasileiros na Espanha

Entre a segunda metade do século XIX e começo do século XX, houve uma grande emigração de espanhóis para a América Latina sendo o Brasil o terceiro país de maior destino destes. Este processo se inverte na década de 80 com o Brasil enviando um número crescente de seus cidadãos pra aquele país.

Brasileiros no Paraguai

A grande migração brasileira de “fronteira agrícola,” para o Paraguai está ligada aos incentivos oferecidos pelo governo daquele país seguindo a sua política de desenvolvimento agrícola durante o governo Stroessner (1954-1989). Estas políticas incluíram a criação de mecanismos de atração via a outorga de extensas …

Brasileiros na Bolívia

Segundo o Ministério das Relações Exteriores cerca de 50.100 brasileiros viviam na Bolívia em 2010. A base de dados do IMILA (Investigação de Migração Internacional da América Latina) indica que a população brasileira imigrante na Bolívia era de 8.492 pessoas em 1976, ou 14,62 por cento da população imigrante do país.

Brasileiros no México

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil estima a população brasileira residente no México em 15.000 pessoas.

Entre seus colaboradores, o Novo Mundo contou com a participação do poeta maranhense Joaquim de Sousa Andrade, o Sousândrade, como secretário e redator a partir de 1875. Nesse mesmo ano, O Novo Mundo passou a ser uma corporação com Sousândrade ocupando também o cargo de Vice-Presidente. Segundo Gabriela Campos,4 Sousândrade serviu como contraponto ao entusiasmo acrítico de José Rodrigues em relação aos Estados Unidos e suas instituições. Há quem veja no seu poema “O Inferno de Wall Street,” um dos treze cantos da sua obra máxima o Guesa, uma crítica ao capitalismo liberal americano, à sua riqueza excessiva, à corrupcão e à hipocrisia de algumas práticas religiosas.5

Sousândrade nasceu em Guimarães em 9 de Julho de 1832. Era filho de comerciantes de algodão, produto de exportação que rendeu ao Maranhão e a várias das sua famílias riqueza significante.Esta situação lhe proporcionou a vida entre o Brasil, a Europa e os Estados Unidos. De 1853 a 1857, graduou-se em Letras na Sorbonne (Paris), além de ter cursado também em Paris, Engenharia de Minas. Em 1870, aos 38 anos, estabeleceu residência nos Estados Unidos onde começa a colaborar com o periódico O Novo Mundo.6

No final do século XIX, volta para São Luís para lecionar Grego no Liceu Maranhense. Republicano convicto, comemora com entusiamo a Proclamação da República e, em 1890, foi eleito Presidente da Intendência Municipal de São Luís. Participou ativamente da política maranhense realizando a reforma do ensino, fundando escolas mistas, além de idealizar a bandeira do estado com sua cores representando as diferentes raças e etnias que construíram a sua história.

Foi candidato a senador em 1890, mas desistiu antes da eleição. No mesmo ano foi presidente da Comissão de preparação do projeto da Constituição maranhense. A despeito de ser considerado louco, Sousândrade, no final da sua vida, foi ignorado por todos, morrendo sozinho e na miséria em 21 de Abril de 1902 na residência dos seus antepassados, a Quinta Vitória no bairro dos Remédios.

Após anos de esquecimento, a obra de Sousândrade tomou importância quando da publicação da “Revisão de Sousândrade” pelos irmãos Augusto e Haroldo de Campos. Segundo Augusto de Campos, “… no quadro do Romantismo brasileiro, mais ou menos à altura da denominada segunda geracão romântica, passou clandestino um terremoto, Joaquim de Sousa Andrade, ou Sousândrade, como o poeta preferia que o chamassem, agitando assim, já na bizarria do nome, aglutinando e acentuando na exdrúxula, uma bandeira de guerra.”7

Sousândrade pode ser considerado um dos escritores visionários do século XIX e, por isso, além do seu tempo. Sua obra é ousada e original, desde a escolha dos temas sociais, nacionalistas e nostálgicos, assim como o uso de palavras estrangeiras e neologismos. Revolucionária para a sua época, a sua obra pode ser considerada como precusora do Simbolismo e do Modernismo antecipando inclusive o uso de certas técnicas da poesia contemporânea (Augusto e Haroldo de Campos). Em 1877, ele mesmo escreveu: “Ouvi dizer já por duas vezes que o “Guesa Errante” será lido 50 anos depois; entristeci – decepção de quem escreve 50 anos antes.” (Sousândrade, 1877).

Quando O Novo Mundo deixou de circular em 1879 devido ao aumento dos impostos sobre a entrada de impressos no Brasil,1 cento e oito números haviam sido publicados. Click Aqui para acessar os 108 números do jornal O Novo Mundo.

Referências:

1. Boehrer, G. C. A. José Carlos Rodrigues and O Novo Mundo, 1870-1879. Jornal of Inter-American Studies. Miami, n.1, 1967. p. 127-144.

2. Guald, C. A. José Carlos Rodrigues, O Patriarca da Imprensa Carioca. Revista de História. São Paulo, n. 16, 1953. p. 427-438.

3. Martins, A. L. Revistas em Revista: Imprensa e Práticas Culturais em Tempos de República, São Paulo (1890-1922). São Paulo: Edusp, 2008.

3a. Sodré, N. W. História da Imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.

4. Campos, G. V. de. O Literário e o Não-literário nos Textos e Imagens do Periódico Ilustrado O Novo Mundo (Nova Iorque, 1870-1879). Dissertação (Mestrado em teoria Literária) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.

5. Ibid.

6. Asciutti, Mônica Maria Rinaldi. Um Lugar para o Periódico O Novo Mundo (Nova Iorque, 1870-1879).

7. Campos, A; Campos H. ReVisão de Sousândrade. São Paulo: Perspectiva, 2002.

A MÍDIA DIASPÓRICA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA:

O levantamento sobre a mídia brasileira emigrante, realizadO pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, registrou 216 veículos midiáticos de vários tipos,1 incluindo a existência da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-I). Além destes veículos, a comunidade brasileira dá sustento a quatro das maiores redes de televisão nacionais com transmissão diária via cabo ou satélite – a TV Globo Internacional, a TV Record Internacional, a Band Internacional e a televisão pública TV Brasil Internacional.

Esse número, no entanto, subestima muito o universo da mídia brasileira. Uma pesquisa informal, publicada no número 23 de O Jornal Brasileiro, em 13 de março de 2010, aponta, por exemplo, que somente em Massachusetts existem 114 programas de rádio brasileiros ativos, na sua maioria ligada a igrejas, sem contar os programas transmitidos via Internet. Segundo o mesmo artigo, três emissoras de rádio detêm a maior parte do mercado brasileiro em Massachusetts: 650 (fechada em 2020), 1230 e 1360, todas AM.

Mais recentemente, os brasileiros têm utilizado a web como meio de comunicação. Embora não haja números relativos à quantidade de websites voltados para a comunidade brasileira, estima-se que estes alcancem a casa dos milhares. Os sítios de relacionamento são um dos meios mais utilizados pelos brasileiros, existindo centenas de grupos espalhados pelo Facebook, Instagram, alem do Whatsapp e LinkedIn.

Cada vez mais a mídia imigrante brasileira desempenha um papel fundamental na produção e difusão de informações de utilidade pública e modela percepções sobre a comunidade brasileira, seus avanços, problemas e perspectivas futuras.

 

A MÍDIA DIASPÓRICA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

Cada vez mais a mídia imigrante brasileira desempenha um papel fundamental na produção e difusão de informações de utilidade pública e modela percepções sobre a comunidade brasileira, seus avanços, problemas e perspectivas futuras.

 Fundado em setembro de 1969, na chamada ‘Tri-State Area’ (os estados de New York, New Jersey e Connecticut), o Brasil News foi o primeiro jornal com foco na vida dos imigrantes brasileiros na América.2  Este feito pioneiro e histórico foi obra dos jornalistas Al Sousa e Abraão Udler. O Brazil News, completa 55 anos neste ano de 2024.3

O MERCADO DA MÍDIA BRASILEIRA NOS ESTADOS UNIDOS:

Em 2009, a ABI-Internacional realizou uma pesquisa4 focada nos hábitos de consumo midiático dos brasileiros residentes nos Estados Unidos, abarcando mais de mil entrevistados. Como resultado, destaca-se que:

  1. A mídia impressa segue tendo um forte elo com a comunidade brasileira, com 44% dos respondentes apontando esses veículos como os principais meios de informação sobre a comunidade brasileira, seguidos da televisão (33%), internet (21%), e dos programas de rádios e outras fontes, representando somente 1% cada;

2. Quanto ao conteúdo de maior interesse, são mencionadas em primeiro lugar as notícias relativas às questões migratórias (31%), seguidas pela temática dos esportes (28%), arte e cultura (24%), economia e negócios (65%), política (3%), colunas sociais (2%) e assuntos diversos (1%);

3. Quando perguntados sobre o que mais falta aos veículos de comunicação brasileiros, 59% dos entrevistados afirmaram sentir falta de uma maior quantidade de conteúdo local (59%) e da cobertura de artes e cultura (28%). Outros 14% prefeririam ter mais acesso à cobertura de eventos sociais5; seguido de cobertura fotográfica (11%), esportes (6%), utilidade pública (4%), política (3%) e economia (1%).

A maioria dos entrevistados (73%) reside nos Estados Unidos há mais de cinco anos; dentre estes, 42% vivem no país há mais de dez anos e 61% deles pretendem continuar vivendo no país por dez anos ou mais, representando, assim, um mercado estável.6  Apesar de 36% dos entrevistados declararem que vieram para os Estados Unidos para fazer seus “pés de meia,” 38% deles alegaram razões ligadas à qualidade de vida, incluindo a segurança, fator que somado a melhores oportunidades profissionais (17%), mostra que 55% dos brasileiros tinham como motivo para emigrar não só o aspecto financeiro, mas as questões de estabilidade social, característica que explica o porquê do aumento contínuo da imigração mesmo depois do país começar a crescer.7

No que diz respeito às características relativas à idade, origem, e ocupação, a maioria dos entrevistados estão entre as faixas etárias de 26 a 35 anos (35%), seguidos pela faixa etária entre 14 e 25 anos (25%); 36 a 50 (22%); e acima de 50 anos (18%). Esta distribuição mostra um mercado formado na sua maioria por um leitor jovem, isto é, um leitor entre 14 e 35 anos (60%).

Quanto às origens, a maioria dos leitores são oriundos da região sul e sudeste brasileiro, tendo os provenientes de Minas Gerais a maior proporção (37%), seguidos por aqueles oriundos de São Paulo (18%), Rio de Janeiro (14%), Goiás (11%), Paraná (7%), Espírito Santo (3%), Ceará (2%), Bahia, Pernambuco, Rondônia, Paraíba, Rio Grande do Sul e Santa Catarina com 1% cada, restando 2% para os demais Estados.

Por fim, no que diz respeito às suas ocupações, os imigrantes brasileiros estão concentrados majoritariamente no setor terciário ou de serviços, como pode ser visto no gráfico ao lado. Os estudantes e os empresários representam 8% e 4% dos leitores, respectivamente.

BENDIXEN & ASSOCIATES. Ethnic Media in America: The Giant Hidden in Plain Sight. 2005. (Pesquisa feita para a “New California Media – NCM” em parceria com o Center for American Progress Leadership Conference on Civil Rights Education Fund).

BENDIXEN & ASSOCIATES. Ethnic Media in America: The Giant Hidden in Plain Sight. 2005. (Pesquisa de Opinião Pública dos “Asian American, Hispanic, African American, Arab American and Native American Adults”).

FIRMEZA, George Torquato. Brasileiros no Exterior. Fundação Alexandre de Gusmão, 2007. 

REFERÊNCIAS:

1. FIrmeza, 2007

2. https://sistemas.mre.gov.br/kitweb/datafiles/BRMundo/pt-br/file/Carlos_Borges.pdf

3. https://leccufrj.wordpress.com/2009/11/03/primeiro-jornal-comunitario-brasileiro-nos-eua-completa-40-anos/

4. A pesquisa foi realizada durante os meses de setembro a dezembro de 2009 com mais de mil entrevistados em 11 estados norte-americanos.

5. Fato interessante, dado que somente 2% dos entrevistados preferem esse tipo de conteúdo.

6. Este aspecto se contrapõe à tese de que os brasileiros residentes nos Estados Unidos estão sempre prontos para a volta.

7.  A identificação com o “modo de vida americano” pode também ser entendido como “qualidade de vida”, pois várias pesquisas revelam que o “modo de vida americano” refere-se, muitas vezes, a processos de estabilidade social, respeito às leis, etc.

HEMEROTECA

CANADÁ :

Eleições Presidenciais Brasileiras no Exterior (1989 – 2022)

A participação dos emigrantes no processo político dos seus países de origem, seja pelo exercício do voto ou pela capacidade de concorrer a cargos eletivos, é expressão do aumento significativo da migração internacional e das crescentes atividades transnacionais destes emigrantes.
O livro Ausente & Presente: O Voto…

Visualizing the Brazilian Diaspora in the U.S.

This project was developed in partnership with Boston University’s Spark Lab. The Spark Lab is a technology incubator and experimental learning lab for student-led computational and data driven projects at Boston University.
As part of the CS 506 class, students Junhe Chen, Haoyu Zhang, and Hui Li, under…

Brasileiros Mundo Afora: Quem e Quanto Somos, Porque Emigramos, Onde Vivemos, Porque Retornamos e Quanto Contribuímos

Historicamente, o Brasil pode ser considerado um país receptor de população. Ao longo da sua história acolheu imigrantes de vários países do mundo. De 1822 até 1949 o país recebeu cerca de cinco milhões de imigrantes, sobretudo portugueses, italianos e espanhóis além de japoneses, alemães, poloneses e sírio–libaneses. Pode-se identificar esse fluxo em três grandes correntes …

Brasileiros em Portugal: De Volta Às Raízes Lusitanas

Brasileiros em Portugal: De Volta Às Raízes Lusitanas

Brasileiros em Portugal

Alanni B. de Castro é conselheira, pesquisadora associada e curadora da página “Brasileiros em Portugal.” Mestre em Administração pela PUC-Minas com pós-graduação em Agente de Desenvolvimento em Coops. pela Universidade Newton Paiva e em Gestão de Projetos pela Fundação Dom Cabral. Alanni é responsável pelas ações do SEBRAE-MG para o desenvolvimento econômico.

Introdução

Ao longo de todo o século XX, o Brasil foi destino de cerca de um milhão e duzentos mil emigrantes portugueses. No entanto, no início do século XXI, o fluxo migratório inverte-se e Portugal passa a acolher um número significante de brasileiros. Segundo Carlos Vianna, Ex-presidente da Casa do Brasil. a emigração brasileira para Portugal se dá em parte por condicionantes específicas definidas por ele como:

 

  • a obtenção da nacionalidade portuguesa por um reduzido, porém significativo, número de imigrantes através de laços de parentesco;
  • os significativos investimentos economicos de empresas brasileiras em Portugal, nomeadamente nos primeiros anos da década de 90; 
  • a procura de profissionais brasileiros ou a conquista de “nichos” de mercado de trabalho ou de serviços por parte de alguns setores profissionais específicos (dentistas, informáticos, publicitários, e outros);
  • a idéia – parcialmente incorreta e ilusória – que Portugal seria uma espécie de “porta de entrada” para a Europa e que ofereceria maiores “facilidades” para os brasileiros.

Por outro lado, a crise brasileira dos anos 1980-1990 criaram as condições para que jovens brasileiros deixassem o país com destino a Portugal. Aliado a estes fatores, a entrada de  Portugal para a então Comunidade Econômica Europeia (CEE) em 1986 injetou milhões de euros na economia portuguesa gerando um ciclo de crescimento que demandava crescente mão-de-obra, atraindo assim, um crescente número de imigrantes. Deve-se destacar por fim, a formação e densificação de redes migratórias que conferiram sustentabilidade a este processo de manutenção dos fluxos migratórios brasileiros (Fonseca, 2005).

O fluxo migratório brasileiro para Portugal deu-se em duas etapas distintas. A primeira entre os anos 1980 e meados dos anos 1990 que era constituída, na sua maioria, por homens brasileiros de classe média alta, com elevado nível de educação. Entre eles encontravam-se médicos, dentistas, publicitários, e analistas de sistemas que na sua maioria buscavam melhores condições economicas e sociais que aquelas encontradas no Brasil (Padilha, 2006; Peixoto e Figueiredo, 2006; Fernandes, 2008). Assim, as sucessivas crises economicas, o sentimento de insegurança nos grandes e médios centros urbanos brasileiros, a inconstância dos mercados financeiros, as altas taxas de inflação foram fatores decisivos para que muitos brasileiros de classe média e média alta migrassem (Bógus, 2007).

A segunda etapa deste processo que teve lugar entre o final dos anos 1990 e princípios do século XXI foi formada por pessoas de classe média baixa (Peixoto, 2006) ocupada na sua maioria em trabalhos informais, serviços domésticos, comércio, e restaurantes.

Os brasileiros residentes em Portugal, na sua maioria, são oriundos dos estados de São Paulo, Minas Gerais e o Rio de Janeiro. Mais recentemente, deu-se uma crescente chegada de mineiros e paranaenses. Há uma hipótese que este fluxo seja um “desvio” para a Europa de antigos fluxos dos estados de Minas Gerais e Paraná que tinham como destino os Estados Unidos (Bógus, 2007).

Quantos Somos e Onde Vivemos

A população brasileira em Portugal é estimada pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) em 137.600 pessoas concentradas na sua maioria na região de Lisboa e do Vale do Tejo (51%), seguida da região Centra (20%), da região Norte (22%), da região do Algarve (6%), e do Alentejo (1%). 

De acordo com os dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), em 2010, os brasileiros imigrantes em Portugal, em situação regular, totalizavam 116.220 indivíduos representando 25 por cento da população estrangeira residente no país – a maior comunidade entre estes. Aliás, deve-se ressaltar que os imigrantes brasileiros passaram a constituir a maior comunidade de imigrantes em Portugal desde 2007 quando já representavam 15 por cento dos imigrantes (INE, 2007 e 2009). Entre 1986 e 2003, o número de brasileiros vivendo em Portugal cresceu quase nove vezes.

Este crescimento súbito não se deu por um aumento do fluxo migratório mas por causa de uma série de processos de regularização extraordinários promovidos pelo governo português após a aprovação do Decreto #6 de 2004, também conhecido como o “Acordo Lula.”

Quem Somos e o que Fazemos

Idade, Gênero, e Estado Civil

A maioria dos brasileiros residentes em Portugal (76%) estão na faixa etária entre 25 e 32 anos de idade. Menos de 15 por cento deles estão entre 18 e 24 anos com somente 2 por cento com mais de 65 anos de idade. As mulheres correspondem a 52 por cento da população brasileira com permissão de residência (SEF,2009).

Deve-se ressaltar ainda a contribuição dos brasileiros para a demografia portuguesa tanto no aspecto de atenuação dos efeitos do envelhecimento da população nativa tanto quanto no decréscimo dos níveis de fecundidade.  A taxa de natalidade entre os brasileiros tem sido crescente e relativamente elevada. Entre 2001 e 2004, o número de nascimentos de mães brasileiras aumentou quase 2,6 vezes passando de 711 para 1909, acompanhando assim o crescimento da população brasileira no país e a sua estrutura demográfica jovem. Assim, os brasileiros são um dos grupos de estrangeiros com taxas de natalidade mais elevadas (Valente Rosa et all, 2004).

Cidadania e Tempo de Residência

Segundo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), o número de imigrantes brasileiros legalizados em Portugal aumentou 37 por cento em 2008. Este aumento é resultado de um longo processo que tem início em 2001 com a regularização extraordinária seguida mais tarde (2003) pela a assinatura do acordo que ficou conhecido como “Acordo Lula,” que regulamentava a contratação recíproca de nacionais dos dois países e permitia a legalização dos trabalhadores brasileiros em Portugal resultando na regularização de cerca de 19.000 brasileiros. Além deste acordo, em 2004, o decreto normativo N. 6/2004, de 6 de abril, possibilitou a regulamentação dos trabalhadores estrangeiros não europeus em Portugal (Techio, 2006). Segundo dados da Casa do Brasil, em fevereiro de 2008, mais de quatro mil brasileiros estavam em processo de legalização utilizando a nova lei da imigração, Número 88, de 2007.

A imigração brasileira para Portugal é recente com 80 por cento dos brasileiros vivendo no país por menos de cinco anos. Destes, 19 por cento estão no país por menos de um ano e outros 25 por cento entre um e três anos. Somente uma minoria (4%), vive em Portugal por mais de dez anos. 

Grau de Escolaridade

Segundo dados do censo portugues de 1991 e 2001, os brasileiros tem um nível de educação, em média, superior a deste dos portugueses com 51 por cento deles tendo o segundo grau completo enquanto que somente 15 por cento da população portuguesa teria atingido este nível educacional (Peixoto, 2006).

Considerando apenas a população maior de 15 anos, em 1991, 26,6 por cento dos imigrantes brasileiros regulares concluíram o ensino primário e preparatório enquanto que 38 por cento possuiam o ensino secundário (unificado e complementar).

Brasileiros na Califórnia

Segundo o Censo americano de 2000, existiam na Califórnia cerca de 22.931 brasileiros pondo este estado como o estado com a terceira maior concentração de brasilerios nos Estados Unidos. Ainda segundo o Censo de 2000, 13.000 brasileiros viviam na região da grande Los Angeles e 9.000 na região de São Francisco…

Brasileiros na Espanha

Entre a segunda metade do século XIX e começo do século XX, houve uma grande emigração de espanhóis para a América Latina sendo o Brasil o terceiro país de maior destino destes. Este processo se inverte na década de 80 com o Brasil enviando um número crescente de seus cidadãos pra aquele país.

Brasileiros no Paraguai

A grande migração brasileira de “fronteira agrícola,” para o Paraguai está ligada aos incentivos oferecidos pelo governo daquele país seguindo a sua política de desenvolvimento agrícola durante o governo Stroessner (1954-1989). Estas políticas incluíram a criação de mecanismos de atração via a outorga de extensas …

Brasileiros na Bolívia

Segundo o Ministério das Relações Exteriores cerca de 50.100 brasileiros viviam na Bolívia em 2010. A base de dados do IMILA (Investigação de Migração Internacional da América Latina) indica que a população brasileira imigrante na Bolívia era de 8.492 pessoas em 1976, ou 14,62 por cento da população imigrante do país.

Brasileiros no México

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil estima a população brasileira residente no México em 15.000 pessoas.

A porcentagem de bacharéis (13,2%) e de licenciados (5,2%) é também bastante alta. Em 2001, 27 por cento dos brasileiros regulares indicaram que tinham o ensino básico de primeiro e segundo ciclo completo enquanto que outros 51 por cento tinham completado o ensino básico de terceiro ciclo e o secundário. O número de bacharéis (10,4%) é superior a este de 1991 enquanto que o número de licenciados era de apenas 4 por cento.

Estes dados mostram que o nível educacional das duas “vagas’ da imigração brasileira não é muito diferente pondo em dúvida a tese de que a “segunda vaga” seria menos educada que a primeira. No entanto, deve-se atentar para o fato de que estes censos incluem somente os brasileiros em situação regular com a maioria dos imigrantes da “segunda vaga” encontrado-se em situação irregular.

Por fim, o nível educacional quando visto pelo angulo do gênero, não apresenta grande variações.

Renda Domiciliar, Familiar e Nível de Pobreza

A renda domiciliar da maioria (76%) dos imigrantes brasileiros em Portugal é de menos de €20.000 euros com 51 por cento deles ganhando €10.000 euros ou menos.

O aumento da mão de obra imigrante em Portugal se dá após a democratização do país e a entrada deste na então Comunidade Econômica Européia em 1986. Este primeiros fluxos migratórios eram formados principalmente por portugueses retornados da ex-colônias, imigrantes vindos dos países de língua oficial portuguesa (PALOP) e brasileiros. Este período é conhecido como a primeira vaga da imigração brasileira. Em meados dos anos noventa, tem-se o que é chamado de segunda vaga que é caracterizada pelo fluxo de brasileiros além dos imigrantes vindo do leste europeu – principalmente Ucrânia e Romênia

Os brasileiros imigrantes da primeira vaga (anos 80 e 90), ocuparam principalmente postos de direção e gerência ou tornaram-se profissionais liberais, dentistas e arquitetos (Baganha e Góis, 1999; Padilha, 2005). Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística – INE, 28.4 por cento dos brasileiros vivendo legalmente no país em 1991 eram profissionais liberais, seguidos por estudantes (27.3%); técnicos, escriturários e bancários (16%); e professores (10.3%); com somente 5.3 por cento ocupado na construção civil.

O mesmo já não aconteceu com estes da segunda vaga. Com baixa qualificação, estes novos imigrantes passaram a ocupar principalmente postos de trabalho mais precários (França, 2010) como pedreiros, marceneiros, e empregados de restaurantes, hotéis e lojas (Bógus, 2007). A pesquisa da Casa do Brasil entitulada “A Segunda Vaga de Imigração Brasileira para Portugal (1998-2003)” mostra que houve um aumento significativo no número de brasileiros trabalhando em restaurantes e hotéis (43% dos entrevistados) e na construção civil (28% dos entrevistados).

Segundo ainda a mesma pesquisa, os imigrantes desta segunda vaga, são na sua maioria jovens homens em situação ilegal no país e apontavam o desemprego (80,3%) e os baixos salários (77,1%) como as principais causas para deixarem o Brasil. (Casa do Brasil, 2003).

Assim, a inserção brasileira no mercado de trabalho português apresenta um “caracter dual” com um segmento da população brasileira imigrante ocupando segmentos qualificados e de alta remuneração do mercado enquanto outros ocupam segmentos de baixa qualificação e remuneração, elevada instabilidade além de segregação de genêro e étnicas. (Peixoto e Figueiredo, 2007).

Dados dos censos portugueses de 1991 e 2001 apontam para o fato de que há variações ocupacionais significantes entre homens e mulheres brasileiros. Enquanto que em 1991 as mulheres ocupavam em número relativamente maior as ocupações administrativas do comércio e serviços e atividades intelectuais e científicas, e em número menor as ocupações técnicas de nível intemediário, em 2001, os operários qualificados e semiqualificados são em maior proporção homens, enquanto que as posições admnistrativas do comércio e serviços são predominantemente preenchidas por mulheres. As ocupações técnicas continuam a serem predominantemente ocupações masculinas enquanto que as ocupações intelectuais e científicas continuam a serem preenchidas por mulheres(João Peixoto e Alexandra Figueiredo, 2007).

Por fim, quando comparados a outros grupos de imigrantes, os brasileiros tendem a mostrar um declínio menos acentuado entre o último emprego no Brasil e o primeiro emprego em Portugal.(Carneiro, Roberto et all, 2007).

O Retorno

Em 2007, a maioria (69%) dos candidatos ao Programa de Retorno Voluntário da Organização Internacional para as Migrações eram brasileiros do sexo masculino (67%) e sem agregado familiar (75%), embora 34 por cento fossem casados (OIM, 2007). Este programa existe desde 1997 e desde 2004, os brasileiros são a principal nacionalidade a fazer uso deste numa progressão importante: 20 por cento (2002), 29 por cento (2003), 33 por cento (2004), 37 por cento (2005), 51 por cento (2006) até atingir os 69 por cento dos aplicantes em 2007 (Coelho, Christiane).

A causas mais citadas para o retorno em 2007 eram o desemprego (43% dos casos), problemas de regularização (12% dos casos) e questões ligadas a integração (10% casos)(OIM, 2007).

 

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OS AUTORES:

Alanni de Lacerda Barbosa de Castro cresceu em Codisburgo, no interior de Minas Gerais. Administradora de empresas e mestre em Administração pela PUC Minas, possui também especializações em cooperativismo e gestão de projeto.

Alvaro Eduardo de Castro e Lima, nascido em São Luís do Maranhão é Diretor de Pesquisa no Boston Planning & Development Agency (BPDA). Economista de formação com mestrado na New School for Social Research em Nova York.

IMPRENSA: Brazilian Times

 

Referências Bibliográficas

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Casa do Brasil (2007), Jornal Sabiá. Lisboa: Casa do Brasil. Ano XIV, Dezembro, 76, 8.

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Eleições Presidenciais Brasileiras no Exterior (1989 – 2022)

A participação dos emigrantes no processo político dos seus países de origem, seja pelo exercício do voto ou pela capacidade de concorrer a cargos eletivos, é expressão do aumento significativo da migração internacional e das crescentes atividades transnacionais destes emigrantes.
O livro Ausente & Presente: O Voto…

Visualizing the Brazilian Diaspora in the U.S.

This project was developed in partnership with Boston University’s Spark Lab. The Spark Lab is a technology incubator and experimental learning lab for student-led computational and data driven projects at Boston University.
As part of the CS 506 class, students Junhe Chen, Haoyu Zhang, and Hui Li, under…

Brasileiros Mundo Afora: Quem e Quanto Somos, Porque Emigramos, Onde Vivemos, Porque Retornamos e Quanto Contribuímos

Historicamente, o Brasil pode ser considerado um país receptor de população. Ao longo da sua história acolheu imigrantes de vários países do mundo. De 1822 até 1949 o país recebeu cerca de cinco milhões de imigrantes, sobretudo portugueses, italianos e espanhóis além de japoneses, alemães, poloneses e sírio–libaneses. Pode-se identificar esse fluxo em três grandes correntes …

Brasileiros na Europa

BRASILEIROS NA EUROPA

“Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore magna aliqua. Ut enim ad minim veniam, quis nostrud exercitation ullamco laboris nisi ut aliquip ex ea commodo consequat. Duis aute irure dolor in reprehenderit in voluptate velit esse cillum dolore eu fugiat nulla pariatur. Excepteur sint occaecat cupidatat non proident, sunt in culpa qui officia deserunt mollit anim id est laborum.”

INTRODUÇÃO

Maria Stella Ferreira sugere a seguinte periodização do processo de imigração europeia para o Brasil: 

(a) 1820-1876: pequeno número de imigrantes (cerca de 6.000 por ano), predominância de portugueses (45,73%), com números significativos de alemães (12,97%); 

(b) 1877-1903: grande número de imigrantes (cerca de 71 mil por ano), predomínio de italianos (58,49%);

 () 1904-1930: grande número de imigrantes (cerca de 79 mil por ano), predomínio dos portugueses (36,97%);

(d) 1931-1963: diminuição do número de imigrantes (cerca de 33,5 mil por ano), predomínio dos portugueses.

A influência de ideais raciais pseudo- científicas dominantes entre as elites brasileiras levou, após da abolição da escravidão, levou o governo brasileiro a acreditar que a identidade nacional seria possível somente na base da imigração européia, perpetuando assim, a dominação da população branca. Assim, a população negra livre foi substituída pela mão de obra européia. 

Um momento de intenso fluxo para fora da Europa, aconteceu depois da Primeira Guerra Mundial, como consequência dos re-agrupamentos territoriais, das expulsões maciças de populações e das perseguições ideológicas, étnicas e políticas. 

Passados mis de vinte anos desde o fim da Primeira Guerra, dá-se a Segunda Guerra Mundial que fez com que verva de oito milhões de pessoas se vissem forçadas a bandonar a Alemanha. 

A partir da metade do século passado, o crescimento econômico fez com que a Europa passasse a ser destino para imigrantes de todo o mundo. Inicialmente, eles eram oriundos de um número reduzido de países da própria Europa, como foi o caso dos portugueses e espanhóis. Esse volume passou a ser reforçado por magrebianos do norte da África, além de trabalhadores convidados por programas especiais de recrutamento de mão-de-obra (guest worker programs), como os turcos na Alemanha. Mais recentemente, a diversidade dos países de origem, assim como o número de imigrantes, aumentou significativamente. Países como Portugal, Espanha, Itália e Grécia passaram de “exportadores” de mão-de-obra para “importadores” em larga escala (Fernandes, 2008). Hoje, por exemplo, vários países europeus, grandes e pequenos, têm um estoque de imigrantes maior que 10% das suas populações totais – Luxemburgo (37,4%), Áustria (15,1%), Suécia (12,4%), Alemanha (12,3%), Espanha (11,1%) e França (10,7%). 

Houve mudanças também na origem dos fluxos migratórios, incluindo agora imigrantes dos países do Leste Europeu e de diversos países da América Latina, entre eles o Brasil. A emigração brasileira para a Europa está relacionada, em parte, a fatores históricos e culturais decorrentes do próprio processo migratório brasileiro, que até pouco tempo recebia migrantes provenientes de Portugal, Espanha, Itália e Alemanha.

Os emigrantes brasileiros passam a percorrer o caminho inverso que imigrantes portugueses, espanhóis, alemães e italianos percorreram no passado. Aliado aos fatores históricos, duas outras razões atraem os brasileiros para a Europa: o crescimento da economia com a formação da União Européia e o fato de que muitos brasileiros decendentes de europeus têm dupla nacionalidade.

QUANTOS SOMOS E ONDE VIVEMOS

A emigração brasileira para a Europa intensificou-se nos últimos 20 anos. O primeiro fluxo importante, por razões históricas e culturais, diz respeito à entrada de brasileiros em Portugal. Esse fluxo consolidou-se durante a década de 1990 e manteve-se relativamente estável até o final da década de 2000.

No último levantamento do Ministério das Relações Exteriores do Brasil em 2022, constatou-se que mais de 4,6 milhões de brasileiros viviam no exterior com quase 1,5 milhão vivendo na Europa. Ou seja, mais de 32% dos brasileiros que estão no exterior vivem na Europa, uma população menor somente do que a população brasileira residente nos Estados Unidos, 2,1 milhão ou 45% dos brasileiros emigrados.

A maior concentração de brasileiros é nos Estados Unidos, onde vivem 1,9 milhão de brasileiros  (42% do total). Portugal é o segundo país com mais brasileiros (360 mil ou 7,8% do total), seguido por Paraguai (254 mil ou 5,4%), Reino Unido (220 mil ou 4,8) e Japão (206.990 ou 4,5%).  

Segundo a mesma fonte, Portugal tinha o maior contingente de emigrantes brasileiros na Europa, com 360.000 (24%), seguido do Reino Unido com 220.000 brasileiros (15%), a Espanha, com 165.000  (11%), e a Alemanha, com 160.000 (10,7%). Estes quatro países juntos, representam cerca de 61% da população brasileira residindo na Europa.

Mapa: Maiores Comunidades Brasileiras na Europa Por Países

Os países com menor número de brasileiros na Europa são a Moldávia (12), o Vaticano (15), a Geórgia (28), a Armênia (30) e Belarus (40). 

As cidades de Lisboa com 250.000 (17%), Londres com 190.000 (13%), Madri com 90.000 (6%), Milão com 87.000 (5,8%), Dublin com 80.000 (5,4%), Porto com 80.000 (5,4%), Amsterdã com 76.500 (5,1%), Barcelona com 75.000 (5%), Roma  com 70.000 (4,7%), Berlim com 60.000 (4%) e Paris com 60.000 (4%) são as cidades com maior concentração de brasileiros na Europa. Juntas, estas onze cidades representam 75% da população brasileria residente na Europa.

Mapa: Maiores Comunidades Brasileiras na Europa Por Cidades

Brasileiros na Califórnia

Segundo o Censo americano de 2000, existiam na Califórnia cerca de 22.931 brasileiros pondo este estado como o estado com a terceira maior concentração de brasilerios nos Estados Unidos. Ainda segundo o Censo de 2000, 13.000 brasileiros viviam na região da grande Los Angeles e 9.000 na região de São Francisco…

Brasileiros na Espanha

Entre a segunda metade do século XIX e começo do século XX, houve uma grande emigração de espanhóis para a América Latina sendo o Brasil o terceiro país de maior destino destes. Este processo se inverte na década de 80 com o Brasil enviando um número crescente de seus cidadãos pra aquele país.

Brasileiros no Paraguai

A grande migração brasileira de “fronteira agrícola,” para o Paraguai está ligada aos incentivos oferecidos pelo governo daquele país seguindo a sua política de desenvolvimento agrícola durante o governo Stroessner (1954-1989). Estas políticas incluíram a criação de mecanismos de atração via a outorga de extensas …

Brasileiros na Bolívia

Segundo o Ministério das Relações Exteriores cerca de 50.100 brasileiros viviam na Bolívia em 2010. A base de dados do IMILA (Investigação de Migração Internacional da América Latina) indica que a população brasileira imigrante na Bolívia era de 8.492 pessoas em 1976, ou 14,62 por cento da população imigrante do país.

Brasileiros no México

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil estima a população brasileira residente no México em 15.000 pessoas.

A maioria dos brasileiros que emigram para a Europa tem um perfil similar ao dos brasileiros que emigram para os Estados Unidos, A diferença está na composição de gênero. Mais mulheres emigram para a Europa do que para os Estados Unidos (PATARRA, 2005). Por muito tempo, quem deixava o Brasil para a Europa era, na grande maioria, pessoas solteiras em busca de oportunidades. Atualmente, famílias inteiras, profissionais com alta qualificação e acadêmicos são a grande parte dos imigrantes brasileiros na Europa. 

Segundo publicação da ETIAS Europa, fatores como a violência, instabilidade política, crise econômica e baixa qualidade de vida estão entre as principais motivações para os brasileiros saírem do país. Do lado dos fatores de atração, a língua em comum no caso de Portugal, oportunidade de trabalho e a busca por uma melhor qualidade de vida tornam atrativas as cidades européias.  

Por fim, a criação do “Espaço Schengen,” possibilitou a capacidade de circulação em 29 paises tornando a Europa ainda mais atrativa para os imigrantes. No entanto, as legislações internas de cada país em relação a obtenção de nacionalidade, permissão de residência, entre outros aspectos ligados a direitos migratórios ficaram circunscritos aos países membros. Estes aspectos em conjunto com a militarização das fronteiras da União Européia via a criação da Agência Européia para o Controle de Fronteira (FRONTEX) e a crescente onda de racismo, xenofobia e nativismo têm tornado a migração para a Europa e a vida dos imigrantes residentes na União Européia cada vez mais difícil e arriscada. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BÓGUS, Lúcia Maria Machado. Migrantes brasileiros na Europa Ocidental: uma abordagem preliminar. Emigração e imigração internacionais no Brasil contemporâneo. São Paulo: FNUAP, p. 111-121, 1995.

BÓGUS, Lucia Maria Machado. Do Brasil para a Europa – Imigrantes Brasileiros na Península Itálica neste Final de Século. Anais do X Encontro de Estudos Populacionais, Caxambu, 1996, p.893-916.

Carvalho, Flávio e Flávio Souza. 2008. “Qual Migração Brasil – Espanha?” Texto enviado ao Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios – CSEM em Julho de 2008.

CARVALHO, Flávio; SOUZA, Flávio. Qual migração Brasil-Espanha. Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios (CSEM).  2008. Disponível em: http://www.csem.or.br/artigos_port_artigos08.html.

COMMISSION OF THE EUROPEAN COMMUNITIES (COM).  Policy Plan on legal Migration. Brussels, 2005.

EUROSTAT. Statistics Explained. Migrations and migrant population statistics. March 2024.

FERNANDES, Duval Magalhães; RIGOTTI, José Irineu Rangel. Os brasileiros na Europa: notas introdutórias. SEMINÁRIO “BRASILEIROS NO MUNDO”, Palácio do Itamaraty, Rio de Janeiro. Anais, 2008. 

LEVY, Stella Ferreira. (2003). O Papel da Migração Internacional na Evolução da População Brasileira (1872-1972).

MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, Secretaria de Comunidades Brasileiras e Assuntos Consulares e Jurídicos. Comunidades Brasileiras no Exterior – Ano-base 2022. Agosto de 2023. 

PATARRA, Neide Lopes. Migrações internacionais de e para o Brasil contemporâneo: volumes, fluxos, significados e políticas. São Paulo em perspectiva, v. 19, n. 3, p. 23-33, 2005.

Eleições Presidenciais Brasileiras no Exterior (1989 – 2022)

A participação dos emigrantes no processo político dos seus países de origem, seja pelo exercício do voto ou pela capacidade de concorrer a cargos eletivos, é expressão do aumento significativo da migração internacional e das crescentes atividades transnacionais destes emigrantes.
O livro Ausente & Presente: O Voto…

Visualizing the Brazilian Diaspora in the U.S.

This project was developed in partnership with Boston University’s Spark Lab. The Spark Lab is a technology incubator and experimental learning lab for student-led computational and data driven projects at Boston University.
As part of the CS 506 class, students Junhe Chen, Haoyu Zhang, and Hui Li, under…

Brasileiros Mundo Afora: Quem e Quanto Somos, Porque Emigramos, Onde Vivemos, Porque Retornamos e Quanto Contribuímos

Historicamente, o Brasil pode ser considerado um país receptor de população. Ao longo da sua história acolheu imigrantes de vários países do mundo. De 1822 até 1949 o país recebeu cerca de cinco milhões de imigrantes, sobretudo portugueses, italianos e espanhóis além de japoneses, alemães, poloneses e sírio–libaneses. Pode-se identificar esse fluxo em três grandes correntes …

Brasileiros na América do Norte

BRASILEIROS NA AMÉRICA DO NORTE

Alvaro Lima é Diretor de Pesquisas Econômicas e Sociais da Prefeitura de Boston. Foi Diretor de Pesquisas e Managing Director da Initiative for a Competitive Inner City (ICIC), uma organização fundada pelo Professor Michael Porter da Universidade de Harvard.  Foi ainda Diretor de Desenvolvimento Econômico da Urban Edge, corporação dedicada ao desenvolvimento econômico comunitário. Anteriormente, trabalhou como Chefe do Departamento Econômico do Ministério da Indústria e Energia em Moçambique. No Brasil, exerceu o cargo de Coordenador Regional de Projetos de Desenvolvimento no Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES). Alvaro possui Mestrado em Economia pela New School for Social Research.

INTRODUÇÃO

Segundo dados do Ministério das Relações Externas do Brasil, em 2022, a América do Norte era residência de cerca de 2 milhões de brasileiros. Os Estados Unidos têm a maior concentração de imigrantes brasileiros na América do Norte – 1,9 milhões de brasileiros – representando cerca de 42% dos imigrantes brasileiros e 91% da população brasileira no continente. No entanto, de acordo com o American Community Survey (ACS), pesquisa realizada pelo U.S. Census Bureau, o número de brasileiros residindo no país em 2021 é de 750.839 brasileiros. O Canadá e o México seguem à distância, com 7% e 2%, respectivamente.

Embora a imigração brasileira nos Estados Unidos ainda esteja concentrada nos estados de Massachusetts, Flórida, Nova Jersey, Nova York e Califórnia, ela tem conhecido uma grande dispersão na última década, fato este que não se dá, pelo menos com a mesma intensidade, no Canadá e muito menos no México. A maioria dos brasileiros que emigram para o Canadá mora em Toronto e aqueles residentes no México concentram-se na região metropolitana da Cidade do México.

 

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Segundo a antropóloga Maxine Margolis (2009), os primeiros imigrantes brasileiros nos Estados Unidos vieram da cidade mineira de Governador Valadares. Tal ligação com Valadares, segundo a autora, começa durante a segunda guerra mundial, quando o Brasil passou a ser um dos maiores produtores de mica – na época, material crítico usado para isolamento em equipamentos militares. A mica era minerada nos arredores da cidade de Governador Valadares por empresas americanas. Após o final da guerra, a indústria entrou em crise, entretanto os vínculos entre Valadares e os Estados Unidos continuaram: engenheiros e demais profissionais estadunidenses, no retorno para seu país, “levaram” consigo alguns dos empregados brasileiros. A experiência com os estadunidenses em Valadares e as histórias sobre a vida nos Estados Unidos contada por esses brasileiros pioneiros inspiraram outros, anos depois, a empreenderem a viagem àquele país.

As relações econômicas entre o Brasil e o Canadá tiveram início na década de 1950 com a instalação da empresa canadense “Brazilian Traction Light and Power” no Brasil, posteriormente conhecida como “Light.” A Light, atual Brascan, dominou os setores de fornecimento de energia e telefonia, tornando-se a maior empresa privada da América Latina. Há registros que indicam que por quase um século a empresa recrutou seus administradores e engenheiros em Toronto. Conta-se também que alguns desses técnicos casaram-se com brasileiras, eventualmente retornando com suas esposas e filhos para Toronto e dando origem ao primeiro fluxo de brasileiros no Canadá.

 

Mapa: Maiores Comunidades Brasileiras na América do Norte por Cidades

O fluxo de emigração ao Canadá conhece um aumento nas décadas de 1960 e 1970, quando famílias de europeus refugiados de guerra e residentes no Brasil começam a reunificar suas famílias em outros países. Por esse motivo, 40% dos brasileiros que emigraram para o Canadá durante esse período não eram brasileiros natos. Até 1980, a comunidade brasileira era formada em sua maioria por empresários e trabalhadores de empresas transnacionais. Com a chegada da crise registrada nessa década no Brasil, o fluxo de emigração muda sua composição, passando a ser formado em grande parte por brasileiros natos que emigravam por razões econômicas.

A comunidade brasileira no México data de 1895 quando o Censo Nacional do Mexico contou 91 residentes brasileiros.  Com o golpe civil-militar de 1964 no Brasil, cerca de cem brasileiros foram admitidos como refugiados politicos. Hoje, o México conta com uma população brasileira de 45.000 pessoas, na sua maioria, residentes da Cidade do México.

 

Brasileiros na Califórnia

Segundo o Censo americano de 2000, existiam na Califórnia cerca de 22.931 brasileiros pondo este estado como o estado com a terceira maior concentração de brasilerios nos Estados Unidos. Ainda segundo o Censo de 2000, 13.000 brasileiros viviam na região da grande Los Angeles e 9.000 na região de São Francisco…

Brasileiros na Espanha

Entre a segunda metade do século XIX e começo do século XX, houve uma grande emigração de espanhóis para a América Latina sendo o Brasil o terceiro país de maior destino destes. Este processo se inverte na década de 80 com o Brasil enviando um número crescente de seus cidadãos pra aquele país.

Brasileiros no Paraguai

A grande migração brasileira de “fronteira agrícola,” para o Paraguai está ligada aos incentivos oferecidos pelo governo daquele país seguindo a sua política de desenvolvimento agrícola durante o governo Stroessner (1954-1989). Estas políticas incluíram a criação de mecanismos de atração via a outorga de extensas …

Brasileiros na Bolívia

Segundo o Ministério das Relações Exteriores cerca de 50.100 brasileiros viviam na Bolívia em 2010. A base de dados do IMILA (Investigação de Migração Internacional da América Latina) indica que a população brasileira imigrante na Bolívia era de 8.492 pessoas em 1976, ou 14,62 por cento da população imigrante do país.

Brasileiros no México

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil estima a população brasileira residente no México em 15.000 pessoas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

INEGI, Instituto Nacional de Estatística e Geografia. Censo de Poblacion y Vivienda.

MARGOLIS, Maxine, Little Brazil: an ethnography of Brazilian immigrants in New York City. Princeton University Press, 1994.

Ministério das Relações Externas do Brasil (MRE), Comunidade Brasileira no Exterior, Estatísticas 2022.

Eleições Presidenciais Brasileiras no Exterior (1989 – 2022)

A participação dos emigrantes no processo político dos seus países de origem, seja pelo exercício do voto ou pela capacidade de concorrer a cargos eletivos, é expressão do aumento significativo da migração internacional e das crescentes atividades transnacionais destes emigrantes.
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Brasileiros Mundo Afora: Quem e Quanto Somos, Porque Emigramos, Onde Vivemos, Porque Retornamos e Quanto Contribuímos

Historicamente, o Brasil pode ser considerado um país receptor de população. Ao longo da sua história acolheu imigrantes de vários países do mundo. De 1822 até 1949 o país recebeu cerca de cinco milhões de imigrantes, sobretudo portugueses, italianos e espanhóis além de japoneses, alemães, poloneses e sírio–libaneses. Pode-se identificar esse fluxo em três grandes correntes …

Brasileiros na América Latina e Caribe

BRASILEIROS NA AMÉRICA LATINA E CARIBE

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INTRODUÇÃO

A última grande leva de imigrantes europeus para a América Latina aconteceu logo após a Segunda Guerra Mundial, tendo como países de destino o Brasil, a Argentina e a Venezuela (LATTES & LATTES, 1996). As crises econômicas da década de 1970, as convulsões sociais e a adoção de regimes ditatoriais em vários países latino-americanos fomentaram novos movimentos migratórios, dessa vez de latino-americanos para fora da América Latina. O crescimento do número de brasileiros em países da América Latina indica, principalmente a partir de 1980, uma nova situação do Brasil no contexto regional.

As migrações para os países vizinhos da América do Sul se relacionam em grande  

 

medida com movimentações ligadas ao uso da terra. No caso paraguaio, o elemento de atração inicial foi a oferta de glebas de alta qualidade, que gerou um núcleo de exploração agrícola moderno, que em seu turno, incentivou a importador de mão de obra brasileira.

A entrada de brasileiros na Bolívia, tem sido numericamente inferior. No norte, ao longo da fronteira com o Acre e Rondônia, é comum a transumância em razão da exploração de recursos naturais da floresta (castanha-do-Pará e látex), ou pequenas propriedades agrícolas. Na região oriental da Media Luna, predominam os proprietários que se dedicam a agropecuária comercial com o cultivo da soja e a criação de gado de corte as principais atividades.

Na Guiana Francesa (Département d’ Outremer) e no Suriname, os brasileiros estão envolvidos na mineração ilegal do ouro de aluvião, o que gera reações locais e problemas bilaterais entre o governo Francês e entre os governos brasileiro e Paramaribo. 

Segundo estimativas do Ministério das Relações Externas do Brasil, em 2022, 655.507 brasileiros viviam na América Latina. com a grande maioria residindo na América do Sul (98,7%) e os outros 1,3% residindo na América Central e Caribe. O Paraguai é o país com a maior população de brasileiros (254.000), seguido da Guiana Francesa (91.500) e a Argentina (90.320) na América do Sul.

Mapa: Maiores Comunidades Brasileiras na América do Sul por Países

 

Ciudad del Este no Paraguai tem a maior concentração de brasileiros (100.000), seguida da cidade de Caiena na Guiana Francesa (89.000) e Buenos Aires na Argentina (80.000). 

 

Mapa: Maiores Comunidades Brasileiras na América do Sul por Cidades 

 

Na América Central e Caribe, o Panamá (3.500), seguido da Costa Rica (1.800),e a República Dominicana (900) são os países com maior número de brasileiros.

Mapa: Maiores Comunidades Brasileiras na América Central e Caribe Por Países

A Cidade do Panamá (3.500), seguida por São José (1.800) e Snao Domingos na República Dominicana, são as cidades com maior população de brasileiros imigrantes.

 

Mapa: Maiores Comunidades Brasileiras na América Central e Caribe Por Cidades

 

Brasileiros na Califórnia

Segundo o Censo americano de 2000, existiam na Califórnia cerca de 22.931 brasileiros pondo este estado como o estado com a terceira maior concentração de brasilerios nos Estados Unidos. Ainda segundo o Censo de 2000, 13.000 brasileiros viviam na região da grande Los Angeles e 9.000 na região de São Francisco…

Brasileiros na Espanha

Entre a segunda metade do século XIX e começo do século XX, houve uma grande emigração de espanhóis para a América Latina sendo o Brasil o terceiro país de maior destino destes. Este processo se inverte na década de 80 com o Brasil enviando um número crescente de seus cidadãos pra aquele país.

Brasileiros no Paraguai

A grande migração brasileira de “fronteira agrícola,” para o Paraguai está ligada aos incentivos oferecidos pelo governo daquele país seguindo a sua política de desenvolvimento agrícola durante o governo Stroessner (1954-1989). Estas políticas incluíram a criação de mecanismos de atração via a outorga de extensas …

Brasileiros na Bolívia

Segundo o Ministério das Relações Exteriores cerca de 50.100 brasileiros viviam na Bolívia em 2010. A base de dados do IMILA (Investigação de Migração Internacional da América Latina) indica que a população brasileira imigrante na Bolívia era de 8.492 pessoas em 1976, ou 14,62 por cento da população imigrante do país.

Brasileiros no México

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil estima a população brasileira residente no México em 15.000 pessoas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LATTES, Alfredo; LATTES, Z. International migration in Latin America: patterns, determinants and policies. Migrações internacionais: herança XX, agenda XXI, São Paulo, FNUAP, 1996.

Ministério das Relações Exteriores – MRE. Secretaria de Comunidades Brasileiras e Assuntos Consulares e Jurídicos. Comunidades Brasileiras no Exterior – Ano-base 2022.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego, 2009. Perfil Migratório do Brasil. Disponível em: http://www.digaai.org/wp/pdfs/Brazil_Profile2009.pdf.

Eleições Presidenciais Brasileiras no Exterior (1989 – 2022)

A participação dos emigrantes no processo político dos seus países de origem, seja pelo exercício do voto ou pela capacidade de concorrer a cargos eletivos, é expressão do aumento significativo da migração internacional e das crescentes atividades transnacionais destes emigrantes.
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Historicamente, o Brasil pode ser considerado um país receptor de população. Ao longo da sua história acolheu imigrantes de vários países do mundo. De 1822 até 1949 o país recebeu cerca de cinco milhões de imigrantes, sobretudo portugueses, italianos e espanhóis além de japoneses, alemães, poloneses e sírio–libaneses. Pode-se identificar esse fluxo em três grandes correntes …

Brasileiros na África

BRASILEIROS NA ÁFRICA

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População Brasileira na Africa – 2009

INTRODUÇÃO

As populações de brasileiros na África são bastante pequenas e concentradas em poucos países. Angola, com uma população de 30 mil brasileiros, representa 81,4% da população brasileira do continente.

Brasileiros no Japão

A emigração de brasileiros para o Japão está ligada ao fluxo migratório de japoneses para o Brasil no início do século XX. Impulsionado pelo próprio governo japonês e pela demanda de mão de obra para a cafeicultura em expansão no oeste paulista, cerca de 190.000 japoneses emigraram para o Brasil …

Brasileiros na América Central

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

Eleições Presidenciais Brasileiras no Exterior (1989 – 2022)

A participação dos emigrantes no processo político dos seus países de origem, seja pelo exercício do voto ou pela capacidade de concorrer a cargos eletivos, é expressão do aumento significativo da migração internacional e das crescentes atividades transnacionais destes emigrantes.
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Brasileiros Mundo Afora: Quem e Quanto Somos, Porque Emigramos, Onde Vivemos, Porque Retornamos e Quanto Contribuímos

Historicamente, o Brasil pode ser considerado um país receptor de população. Ao longo da sua história acolheu imigrantes de vários países do mundo. De 1822 até 1949 o país recebeu cerca de cinco milhões de imigrantes, sobretudo portugueses, italianos e espanhóis além de japoneses, alemães, poloneses e sírio–libaneses. Pode-se identificar esse fluxo em três grandes correntes …

Brasileiros na Ásia

BRASILEIROS NA ÁSIA

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INTRODUÇÃO

“Para boa parte dos brasileiros, a Ásia configura uma unidade de denominação – Ásia, asiáticos – porém, observando-se objetivamente, percebe-se que essa unidade, corresponde, de fato à mera denominação” (CERVO 2008:273). São várias as formas de denominar a Ásia, por cortes geográficos ou políticos. Podemos denominar de Nordeste Asiático a região que inclui China, Japão e Coréia do Sul; Sudeste Asiático, a região que engloba os dez países membros da ASEAN (Malásia, Tailândia, Indonésia, Cingapura, Filipinas, Brunei, Myanmar, Vietnã, Laos e Camboja); e Leste Asiático a região que inclui os países do Nordeste e Sudeste Asiáticos (TERADA 2003: 253)

 

A migração japonesa para o Brasil é a mais antiga e a mais importante. Ela começa no século XX, em 1908, e hoje, com 1,5 milhão de  nikkeis (日系), termo usado para denominar os japoneses e seus descendentes, representam a maior comunidade japonesa fora do Japão.

A imigração chinesa para o Brasil teve início em 1812 quando Dom João VI trouxe de Macau, duzentos chineses para introduzir o cultivo do chá no Brasil. Depois, em 1882, a Companhia de Comércio e Imigração Chinesa foi fundada, trazendo mais de mil chineses para trabalhar em uma mina em São João Del Rei. Em 1990, um grupo de 107 pessoas de origem chinesa desembarcaram em São Paulo. Mais recentemente, nos anos 1990, a imigração chinesa tem aumentado oriunda principalmente da costa sul e do sudoeste da China (CEÁSIA – UFPE). Hoje, a China é uma das principais potências econômicas do mundo e o maior parceiro comercial do Brasil.

A imigração coreana para o Brasil teve início em 1963. Atualmente estima-se em cerca de 50 mil coreanos e descendentes vivendo no Brasil.  Cerca de 92% habitam o estado de São Paulo. Destes, 90% residem e trabalham na capital paulista.

 

Na Ásia, o Japão, com 206.990 mil brasileiros, é o país com quase a totalidade da população brasileira residente neste continente (222.053), constituindo-se ainda na terceira maior comunidade imigrante no país. No final da década de 1980, filhos e netos dos japoneses chegados ao Brasil no início do século XX emigraram para o Japão em busca de trabalho. Esse fluxo migratório é bastante singular porque a grande maioria desses brasileiros possuem status migratório regular e são, via de regra, migrantes trabalhadores contratados por empresas japonesas.

Por serem descendentes (filhos ou netos) dos japoneses que há um século atrás vieram para o Brasil, esses emigrantes são provenientes das mesmas regiões de destino de seus pais ou avós (Paraná e São Paulo). no Japão, os imigrantes brasileiros ficaram conhecidos como dekasseguis

Depois do Japão, as populações brasileiras estão espalhadas pela China (5.940), Singapura (2.000), Taiwan (1.700), Coréia do Sul (1.420), Indonésia (900), Índia (800), Tailândia (500), Filipinas (490) e Malásia (420). 

MAPA: Maiores Comunidades Brasileiras na Ásia por País

As cidades japonesas de Nagóia (120.340), Tóquio (55.760), Hamamatsu (30.890) somam 206.990 ou 93,2% da população da região asiática. Estas cidades são seguidas pela cidade chinesa do Cantão (3.000), Singapura (2.000), Taipé (1.700), Seul (1.420), Hong Kong (1.200), Xangai (940) e Jacarta (900). 

 MAPA: Maiores Comunidades Brasileiras na Ásia por Cidades

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 BIBLIOGRAFIA:

Ministério das Relações Exteriores (MRE), Secretaria de Comunidades Brasileiras e Assuntos Consulares e Jurídicos, (2023). Comunidades Brasileiras no Exterior, Ano-base 2022. 

Universidade Federal de Pernambuco, Coordenadoria de Estudos de Ásia (CEÁSIA), (2023). Chineses no Brasil e Brasileiros na China | Ciclo 3.

 

Brasileiros nos Estados Unidos

A imigração brasileira para os Estados Unidos é parte da longa história dos processos migratórios para este país. O fluxo migratório brasileiro para os Estados unidos é o principal fluxo de saída do Brasil e formou-se de início, com a saída de brasileiros da região sudeste do brasil…

Brasileiros no Oriente Médio

As populações de brasileiros no Oriente Médio são bastante pequenas e concentradas em poucos países. Israel, com 20.000 brasileiros e o Líbano com 5.000 representam respectivamente (62,7%) e (15,7%) da população brasileira do Oriente Médio. …

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DE CARVALHO, Daniela. Migrants and identity in Japan and Brazil: the Nikkeijin. Routledge, 2003.

SASAKI, Elisa Massae. Um olhar sobre o movimento dekassegui de brasileiros ao Japão no balanço do centenário da Imigração Japonesa ao Brasil. Simpósio de Avaliação do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, p. 26-7, 2009.

Eleições Presidenciais Brasileiras no Exterior (1989 – 2022)

A participação dos emigrantes no processo político dos seus países de origem, seja pelo exercício do voto ou pela capacidade de concorrer a cargos eletivos, é expressão do aumento significativo da migração internacional e das crescentes atividades transnacionais destes emigrantes.
O livro Ausente & Presente: O Voto…

Visualizing the Brazilian Diaspora in the U.S.

This project was developed in partnership with Boston University’s Spark Lab. The Spark Lab is a technology incubator and experimental learning lab for student-led computational and data driven projects at Boston University.
As part of the CS 506 class, students Junhe Chen, Haoyu Zhang, and Hui Li, under…

Brasileiros Mundo Afora: Quem e Quanto Somos, Porque Emigramos, Onde Vivemos, Porque Retornamos e Quanto Contribuímos

Historicamente, o Brasil pode ser considerado um país receptor de população. Ao longo da sua história acolheu imigrantes de vários países do mundo. De 1822 até 1949 o país recebeu cerca de cinco milhões de imigrantes, sobretudo portugueses, italianos e espanhóis além de japoneses, alemães, poloneses e sírio–libaneses. Pode-se identificar esse fluxo em três grandes correntes …

Brasileiros na América do Sul

BRASILEIROS NA AMÉRICA DO SUL

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INTRODUÇÃO

 

Brasileiros na Califórnia

Segundo o Censo americano de 2000, existiam na Califórnia cerca de 22.931 brasileiros pondo este estado como o estado com a terceira maior concentração de brasilerios nos Estados Unidos. Ainda segundo o Censo de 2000, 13.000 brasileiros viviam na região da grande Los Angeles e 9.000 na região de São Francisco…

Brasileiros na Espanha

Entre a segunda metade do século XIX e começo do século XX, houve uma grande emigração de espanhóis para a América Latina sendo o Brasil o terceiro país de maior destino destes. Este processo se inverte na década de 80 com o Brasil enviando um número crescente de seus cidadãos pra aquele país.

Brasileiros no Paraguai

A grande migração brasileira de “fronteira agrícola,” para o Paraguai está ligada aos incentivos oferecidos pelo governo daquele país seguindo a sua política de desenvolvimento agrícola durante o governo Stroessner (1954-1989). Estas políticas incluíram a criação de mecanismos de atração via a outorga de extensas …

Brasileiros na Bolívia

Segundo o Ministério das Relações Exteriores cerca de 50.100 brasileiros viviam na Bolívia em 2010. A base de dados do IMILA (Investigação de Migração Internacional da América Latina) indica que a população brasileira imigrante na Bolívia era de 8.492 pessoas em 1976, ou 14,62 por cento da população imigrante do país.

Brasileiros no México

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil estima a população brasileira residente no México em 15.000 pessoas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

Eleições Presidenciais Brasileiras no Exterior (1989 – 2022)

A participação dos emigrantes no processo político dos seus países de origem, seja pelo exercício do voto ou pela capacidade de concorrer a cargos eletivos, é expressão do aumento significativo da migração internacional e das crescentes atividades transnacionais destes emigrantes.
O livro Ausente & Presente: O Voto…

Visualizing the Brazilian Diaspora in the U.S.

This project was developed in partnership with Boston University’s Spark Lab. The Spark Lab is a technology incubator and experimental learning lab for student-led computational and data driven projects at Boston University.
As part of the CS 506 class, students Junhe Chen, Haoyu Zhang, and Hui Li, under…

Brasileiros Mundo Afora: Quem e Quanto Somos, Porque Emigramos, Onde Vivemos, Porque Retornamos e Quanto Contribuímos

Historicamente, o Brasil pode ser considerado um país receptor de população. Ao longo da sua história acolheu imigrantes de vários países do mundo. De 1822 até 1949 o país recebeu cerca de cinco milhões de imigrantes, sobretudo portugueses, italianos e espanhóis além de japoneses, alemães, poloneses e sírio–libaneses. Pode-se identificar esse fluxo em três grandes correntes …