O Novo Mundo – Precursor da Imprensa Diaspórica Brasileira Nos Estados Unidos?

O Novo Mundo – Precursor da Imprensa Diaspórica Brasileira Nos Estados Unidos?


O
Novo Mundo foi publicado em Nova York entre 1870 e 1879 para distribuição no Brasil. Publicado em língua portuguesa, o jornal foi fundado por José Carlos Rodrigues, que também era o seu editor-redator. Orfão de mãe, foi criado por uma tia proprietária de grande fazenda de café em Cantagalo. O pai, também rico fazendeiro de café, mandou-o à capital do país para estudar no Colégio Pedro II e depois para São Paulo, onde se
formou em direito. Logo que terminou o curso, em 1864, veio para o Rio onde praticou a advocacia por um curto período. Em 1866 foi chamado para o cargo de oficial de O Novo Mundogabinete por um ex-professor seu que tinha sido nomeado para o Ministério das Finanças. Sua carreira, no entanto, foi interrompida de forma abrupta por um processo criminal descrito em suas biografias como a falsificação de uma ordem de pagamento. Assim, em 1866, José Carlos Rodrigues abandona sua vida no Brasil e emigra para os Estados Unidos, voltando ao Brasil somente vinte anos depois quando da prescrição do processo de estelionato.

Em 1870 José Carlos Rodrigues funda O Novo Mundo, que, segundo George C. A. Boehrer,1 atingiu uma tiragem de oito mil exemplares, número este, segundo confirmação de Charles A. Gauld, “muito significativo para aquele tempo.2 Além de notícias de interesse geral para os brasileiros, o jornal abrangia temas relativos à ciência, comércio, invenções, religião, literatura e o progresso geral na América do Norte. O jornal, assim como seu editor, atribuiu aos Estados Unidos o papel de exemplo de progresso a ser seguido pelo Brasil. No edital publicado no primeiro número, José Carlos Rodrigues escreve:

“Depois da guerra intestina dos Estados Unidos, o Brasil e a América do Sul tem procurado estudar profundamente as coisas deste país. O Novo Mundo propõe-se a concorrer para este estudo, não dando notícias dos Estados Unidos, mas expondo as principais manifestações do seu progresso e discutindo sobre as causas e tendências deste progresso.”

O Novo Mundo não foi, no entanto, o primeiro periódico impresso no exterior direcionado para o Brasil. Este ineditismo coube ao Correio Brasiliense, produzido em Londres, de propriedade de Hipólito José da Costa Furtado de Mendonça. Produzido mensalmente, o Correio Brasiliense circulou de junho de 1808 a dezembro de 1822.3,3a Tanto o Correio Brasiliense quanto O Novo Mundo, nasceram em momentos políticos singulares. O primeiro enfrentando a censura imposta pelas autoridades coloniais, e o segundo esta imposta pelo regime imperial brasileiro. Assim, O Novo Mundo nasce numa década de intensas lutas que culminaram com a abolição da escravatura, em 1888, e a proclamação da República, no ano seguinte.

Souza Andrade2Entre seus colaboradores, o Novo Mundo contou com a participação do poeta maranhense Joaquim de Sousa Andrade, o Sousândrade, como secretário e redator a partir de 1875. Nesse mesmo ano, O Novo Mundo passou a ser uma corporação com Sousândrade ocupando também o cargo de Vice-Presidente. Segundo Gabriela Campos,4 Sousândrade serviu como contraponto ao entusiasmo acrítico de José Rodrigues em relação aos Estados Unidos e suas instituições. Há quem veja no seu poema “O Inferno de Wall Street,” um dos treze cantos da sua obra máxima o Guesa, uma crítica ao capitalismo liberal americano, à sua riqueza excessiva, à corrupcão e à hipocrisia de algumas práticas religiosas.5
Screen Shot 2015-11-29 at 6.29.08 AMSousândrade nasceu em Guimarães em 9 de Julho de 1832. Era filho de comerciantes de algodão, produto de exportação que rendeu ao Maranhão e a várias das sua famílias riqueza significante. Esta situação lhe proporcionou a vida entre o Brasil, a Europa e os Estados Unidos. De 1853 a 1857, graduou-se em Letras na Sorbonne (Paris), além de ter cursado também em Paris, Engenharia de Minas. Em 1870, aos 38 anos, estabeleceu residência nos Estados Unidos onde começa a colaborar com o periódico O Novo Mundo.6
No final do século XIX, volta para São Luís para lecionar Grego no Liceu Maranhense. Republicano convicto, comemora com entusiamo a Proclamação da República e, em 1890, foi eleito Presidente da Intendência Municipal de São Luís. Participou ativamente da política maranhense realizando a reforma do ensino, fundando escolas mistas, além de idealizar a bandeira do estado com sua cores representando as diferentes raças e etnias que construíram a sua história. Foi candidato a senador em 1890, mas desistiu antes da eleição. No mesmo ano foi presidente da Comissão de preparação do projeto da Constituição maranhense. A despeito de ser considerado louco, Sousândrade, no final da sua vida, foi ignorado por todos, morrendo sozinho e na miséria em 21 de Abril de 1902 na residência dos seus antepassados, a Quinta Vitória no bairro dos Remédios.
Screen Shot 2015-11-29 at 7.29.57 AMApós anos de esquecimento, a obra de Sousândrade tomou importância quando da publicação da “Revisão de Sousândrade” pelos irmãos Augusto e Haroldo de Campos. Segundo Augusto de Campos, “… no quadro do Romantismo brasileiro, mais ou menos à altura da denominada segunda geracão romântica, passou clandestino um terremoto, Joaquim de Sousa Andrade, ou Sousândrade, como o poeta preferia que o chamassem, agitando assim, já na bizarria do nome, aglutinando e acentuando na exdrúxula, uma bandeira de guerra.”7
Sousândrade pode ser considerado um dos escritores visionários do século XIX e, por isso, além do seu tempo. Sua obra é ousada e original, desde a escolha dos temas sociais, nacionalistas e nostálgicos, assim como o uso de palavras estrangeiras e neologismos. Revolucionária para a sua época, a sua obra pode ser considerada como precusora do Simbolismo e do Modernismo antecipando inclusive o uso de certas técnicas da poesia contemporânea (Augusto e Haroldo de Campos). Em 1877, ele mesmo escreveu: “Ouvi dizer já por duas vezes que o “Guesa Errante” será lido 50 anos depois; entristeci – decepção de quem escreve 50 anos antes.” (Sousândrade, 1877).
Quando O Novo Mundo deixou de circular em 1879 devido ao aumento dos impostos sobre a entrada de impressos no Brasil,1 cento e oito números haviam sido publicados. Esses 108 números do jornal O Novo Mundo podem se acessados no link abaixo:
https://drive.google.com/drive/u/0/folders/0B5dHeVu99FTlc0ZxTnVYQ2pxdUU
Referências:
1. Boehrer, G. C. A. José Carlos Rodrigues and O Novo Mundo, 1870-1879. Jornal of Inter-American Studies. Miami, n.1, 1967. p. 127-144.
2. Guald, C. A. José Carlos Rodrigues, O Patriarca da Imprensa Carioca. Revista de História. São Paulo, n. 16, 1953. p. 427-438.
3. Martins, A. L. Revistas em Revista: Imprensa e Práticas Culturais em Tempos de República, São Paulo (1890-1922). São Paulo: Edusp, 2008.
3a. Sodré, N. W. História da Imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.
4. Campos, G. V. de. O Literário e o Não-literário nos Textos e Imagens do Periódico Ilustrado O Novo Mundo (Nova Iorque, 1870-1879). Dissertação (Mestrado em teoria Literária) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.
5. Ibid.
6. Asciutti, Mônica Maria Rinaldi. Um Lugar para o Periódico O Novo Mundo (Nova Iorque, 1870-1879).
7. Campos, A; Campos H. ReVisão de Sousândrade. São Paulo: Perspectiva, 2002.
 

Imigrantes inovam no uso do celular nos EUA

Imigrantes inovam no uso do celular nos EUA

IMIGRANTES INOVAM NO USO DO CELULAR NOS EUA

Caiu mais um mito: o de que os imigrantes nos EUA não são fluentes em tecnologia e preferem usar somente planos pré-pagos de celular. O que acontece é justamente o contrário. Os imigrantes são mais hábeis no uso de celular do que o americano médio e a grande maioria é usuária dos planos ilimitados de telefonia.

Os imigrantes, na realidade, têm usos mais inovadores para o celular do que o americano médio, como a transmissão de eventos ao vivo e o pagamento de contas por meio do aparelho. Algumas dessas observações estão no estudo Digital Diaspora: How Immigrants Are Capitalizing on Today’s Technology, da Universidade da Pensilvânia.

A pesquisa é uma das primeiras a analisar o uso da tecnologia móvel entre os imigrantes em território americano, os quais já somam 40 milhões, mais de 12% da população nos EUA.

O motivo dos atuais imigrantes serem fluentes em tecnologia móvel é bem simples. A maioria vem de países onde há mais celular do que linha fixa de telefone.

Além disso, imigrantes, em geral, são usuários que gostam de correr riscos e de experimentar novos usos e tecnologias, reflexo, claro, da própria personalidade deles: normalmente pessoas com um nível de ousadia e de empreendedorismo acima da média da população dos seus países de origem.

Em outras palavras, o brasileiro que migra para os EUA é naturalmente mais ousado e aberto a experimentar novas tecnologias do que o brasileiro médio residente no Brasil.

Segundo o estudo, ao contrário do senso comum, grande parte dos imigrantes são usuários do celular e não do Skype para se comunicar com seus familiares e parentes em seus países de origem – 81% usa o celular para fazer chamadas internacionais, somente 19% utiliza o Skype e outros meios para tal fim.

 Um estudo anterior do Digaaí mostra que entre os brasileiros essas ligações duram em média mais que 30 minutos.

A atividade mais utilizada pelos imigrantes no celular é o envio de mensagens de texto, representando 95% (SMS nos EUA é barato, quase todas as operadoras oferecem o uso ilimitado do recurso), depois vêm o envio de email e a atualização de plataformas de rede social.

Entre os usos mais inovadores, está a transmissão ao vivo de eventos, algo do qual o americano médio ainda está bem distante. Um americano médio usa 3 vezes menos o recurso de videochat embutido no celular. Entre os imigrantes, a tecnologia de videochat é utilizada menos para conversar e mais para transmitir festas de casamentos, formaturas e enterros para parentes e amigos que ficaram em sua terra natal.
E é aí que vem outro dado interessante do estudo da Universidade da Pensilvânia. O imigrante usuário de celular é fiel a marcas americanas tradicionais de hardware, como a Apple (a maioria usa iPhone), no entanto, tem um comportamento mais instável em relação às operadoras americanas de telefonia, optando por aquelas que oferecem maiores opções e flexibilidade no uso de dados – 57% dos imigrantes são assinantes de planos ilimitados e 47% usa a tecnologia móvel para pagar contas.
Os efeitos do uso do celular entre os imigrantes ainda estão indefinidos. Mas duas coisas são certas. Primeiro: os imigrantes têm um uso qualitativo do celular bem maior que o do americano médio. E segundo: essa dinâmica de utilização de tecnologia móvel terá inevitavelmente repercussão nos países de origem dos imigrantes.

Para se ter uma ideia, a maioria dos imigrantes tem o costume de enviar seus iPhones e iPads usados para os parentes e amigos em sua terra natal, incentivando-os desse modo a adotar também a tecnologia móvel.

Será interessante acompanhar esses efeitos, pois é preciso lembrar que em todos os campos do conhecimento (não somente na utilização de tecnologia), os imigrantes mudam não somente o país que os abriga, mas também de onde vieram.

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