Brasileiros no Japão

Brasileiros no Japão

Angelo Ishi é conselheiro, pesquisador Associado e curador da página “Brasileiros no Japão.” Formado em Jornalismo na USP com mestrado em Ciências Sociais na Universidade de Niigata no Japão, e doutorado na Universidade de Tokyo. Ishi ocupa hoje a posição de professor titular da Faculdade de Sociologia da Musashi University, em Tóquio.

Introdução

A emigração de brasileiros para o Japão está ligada ao fluxo migratório de japoneses para o Brasil no início do século XX. Impulsionado pelo próprio governo japonês e pela demanda de mão de obra para a cafeicultura em expansão no oeste paulista, cerca de 190.000 japoneses emigraram para o Brasil entre o período que vai da chegada do navio Kasato Maru em junho de 1908 trazendo o primeiro contingente japonês até 1941. Com o advento do Estado Novo e seu projeto nacionalista, uma série de leis e medidas restritivas a emigração foram impostas principalmente para os nacionais de países do Eixo – Japão, Itália e Alemanha. Escolas foram fechadas, publicação de revistas e jornais destas comunidades vetadas, os imigrantes proibidos  de organizar atividades políticas e até mesmo de falar seu idioma. Durante este período, o Brasil rompeu relações diplomáticas com o Japão, abrigando a maior colônia japonesa do mundo.

Até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, os imigrantes japoneses no Brasil consideravam-se nihonjin, japoneses, pois mantinham a perspectiva de volta ao Japão.

Somente na década de 1950 o fluxo migratório japonês foi retomado. Deste período até 1988 o Brasil recebeu 53.555 imigrantes japoneses. Hoje, o Brasil é o país com a maior comunidade de origem japonesa no mundo, contando com cerca de 1,5 milhão de japoneses e seus descendentes que atualmente se encontram na terceira e/ou quarta geração (Sasaki, 2010). 

No final dos anos 1980 este fluxo reverte-se e intensifica-se nos anos 90 com a crise econômica e social no Brasil. Conhecida como a “década perdida,” os anos 80 foram marcados pela “instabilidade política, queda do desempenho econômico, elevação do custo de vida, crescente queda do poder aquisitivo, alta taxa inflacionária, aumento do desemprego, concentração da renda, e em consequência, a deteriorização das condições de vida de grande parte da população, em particular os extratos médios” (Oliveira, 1997; Kawamura, 1999). Essa crise fez com que um grande número de brasileiros de classe média buscasse emprego no exterior principalmente nos Estados Unidos, Paraguai, Japão e na Europa (Assis & Sasaki, 2000).

Enquanto no Brasil a década de 1980 foi caracterizada pela recessão econômica, o Japão experimentava um boom econômico. As pequenas e médias empresas sofriam  escassez de mão-de-obra que viria a ser provida pela mão-de-obra estrangeira. Além da questão demográfica, uma população idosa cada vez mais numerosa associada à baixa natalidade, os japoneses mais jovens recusavam-se a trabalhar nestas empresas pois não havia oportunidades de ascensão, preferindo as empresas maiores com maior perspectivas profissionais.

Com a reforma da Lei de Controle da Imigração promulgada em junho de 1990, os descendentes de japoneses oriundos da América do Sul, principalmente brasileiros e peruanos, formam o novo contigente de trabalhadores para estas pequenas empresas. Durante o período anterior à reforma de 1990, o Japão estava recebendo uma quantidade imensa de imigrantes “ilegais” oriundos do Paquistão, Bangladesh, China e Tailândia. A legislação de 1990 privilegiou então os imigrantes com ascendência japonesa de forma a não perturbar a homogeneidade étnica mítica do país (Sasaki, Elisa 2006). 

Assim, filhos (nissei) e netos (sansei) dos japoneses que emigraram para a América do Sul foram a terra de seus ancestrais em busca de trabalho. Vistos para a quarta geração de descendentes japoneses (yonsei-jin) foram concedidos somente para aqueles acompanhados por aqueles da terceira geração – os nikkeis. Segundo Kawamura (1995), a palavra nikkey refere-se aos descendentes de japoneses nascidos fora do Japão e compreende os nisseis (segunda geração), saseis (terceira geração), yonseis (quarta geração) e os mestiços que emigram para o Japão, em geral, eram oriundos das classes médias urbanas. Mesmo exercendo atividades no Japão menos condicente com as suas qualificações profissionais, eles eram muito diferentes dos seus ancestrais que em geral eram agricultores no Japão. Eles diferem também dos outros emigrantes brasileiros pois possuem status migratório regular, e contam, via de regra, com o apoio institucional do governo japonês.

No Japão, ficaram conhecidos como dekasseguis, o que significa literalmente “trabalhando distante de casa” expressão esta que designa qualquer pessoa que deixa sua terra natal para trabalhar temporariamente em outra região ou país. A palavra dekassegui (em japonês 出稼ぎ) é formada por dois ideogramas deru (出る- sair) e kassegu (稼< – trabalhar para ganhar dinheiro), sendo aplicado a qualquer pessoa que deixa sua terra natal para trabalhar temporariamente em outra região. Originalmente o termo era aplicado aos trabalhadores  sazonais, principalmente do norte  do Japão que procuravam trabalho mais ao sul (Beltrão, Kaizô Iwakami e Sonoe Sugahara, 2006).

Segundo Angelo Ishi, Professor da Faculdade de Sociologia da Universidade de Musashi em Tóquio, a história da migração dos nikkeijin brasileiros para o Japão pode ser dividida em quatro estágios. O primeiro, começa nos meados dos anos 1980 e ficou conhecido como o fenômeno do U-Turn quando poucos isseis, primeira geração de imigrantes, retornam ao Japão. Este período foi gradualmente substituído pela migração dekassegui, termo que refere-se aos nisseis e sanseis.

A década de 1990 conhece um aumento extraordinário do número de brasileiros no Japão e o começo do assentamento desta comunidade. Aqui, conforme compreensão de Ishi, a palavra dekassegui é substituída pela palavra decasségui de forma a desvincular a conotação negativa da ortografia original.

Os anos 2000s marcaram a sedimentação dos imigrantes brasileiros residentes no Japão, passando, conforme com o mesmo autor, de decasségui a imigrantes. O período onde uma grande porção dos decasséguis deixaram de lado a ilusão do retorno. O número de pessoas que obtiveram permanente vistos  aumentou de 2.644 em 1998 para 10.568 em 2003 e mais de cem mil nos anos seguintes.

A crise financeira global de 2008, criou desemprego massivo no Japão com efeitos nefastos para a comunidade brasileira.

More recente history

 Quantos Somos e Onde Vivemos

Hoje, 206.000 brasileiros vivem no Japão, segundo dados do Ministério da Justiça daquele país. Uma população maior do que a apontada no Censo japonês de 2020 quando os brasileiros somavam 180.014 pessoas mas, menor que a população anterior, antes da crise de 2008, que chegou a mais de 300.000. MRE No Brasil, esta comunidade é contabilizada pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) como o terceiro maior grupo vivendo fora do país e somando XXXX em 2020 (XXXXXXX).

Em Abril de 2009, o governo japonês introduziu um programa incentivando os brasileiros e outros imigrantes latino americanos a retornar para seus países de origem oferecendo US$3.000 dólares para passagens e US$2.000 dólares para cada dependente. Aqueles que optaram em participar do programa teriam que concordar em não voltar para o Japão no futuro.  Enquanto o número de brasileiros diminuiu, o número de imigrantes de outros países como a China, Filipinas e Vietnam, continuou a crescer dado outros esquemas de emprego como o sistema de estagiários.((De acordo com o Setor de Imigração do Ministério da Justiça do Japão, em 2007, as principais nacionalidades dos estrangeiros registrados no Japão eram: chineses com 606.889 (28,2%); coreanos com 593.489 (27,6%); brasileiros com 316.967 (14,7%); filipinos com 202.592 (9,4%) e peruanos com 59.696 (2,8%).))

 Em 2019, o governo japonês alterou outra vez a legislação migratória desta vez deixando de lado a velha distinção entre trabalho especializado ou de baixa especialização e o trabalho de alta qualificação constante no seu regime migratório. Incentivado pela Federação de Negócios do Japão (Keidanren), o objetivo era atrair cerca de 350.000 trabalhadores de qualificação média num período de cinco anos para cobrir o déficit laboral((Milly, Deborah J. (2022). Migration Information Source))

Por quase duas décadas, os brasileiros se mantiveram como a terceira maior comunidade imigrante no Japão depois dos chineses e sul coreanos. Nos últimos dez anos no entanto, foram ultrapassados pelos filipinos e depois pelos vietnamitas. Os vietnamitas somam hoje 500 mil, ou 16% do total dos 2,6 milhões de imigrantes residentes no país. De acordo com o Ministério de Justiça japonês, os vietnamitas hoje são o segundo maior grupo, atrás apenas dos chineses – 744 mil, ou 25,1% do total.((A população imigrante no Japão é muito pequena (2,2% em 2020) comparada com 13,3% nos Estados Unidos, 19% na Alemanha e 21% no Canadá.))

A população brasileira encontra-se concentrada principalmente, na região central do Japão destacando-se as Províncias de Shizuoka e Aichi. As cidades com maior número de brasileiros são Hamamatsu (Shizuoka), e Toyohashi, Toyota, Nagoya e Okazaki, todas na província de Aichi, onde predominam a indústria automobilística e as firmas subcontratadas. Além dessas cidades, os brasileiros vivem também na região central do país como Shizuoka, Kanagawa, Saitama e Gunma onde estão empregados em outros setores da economia como os setores de serviço e alimentícios. A concentração de brasileiros nessas regiões são, em parte, produto dos arranjos feitos pelos agentes de emprego. Para visão completa da população brasileira no Japão, segundo o Censo de 2020 visitar Estatísticas e Mapas.

 

América Central

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Brazilian Emigration to North America – Bibliography

Para Entender a Emigração Brasileira para a América do Norte Bibliografia Preparada por Maxine L. Margolis (atualizada por Marcio de Oliveira e Alvaro Lima)Albues, Teresa 1995  O Berro de Cordeiro em Nova York. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.  Allen, James P....

Brasileiros na Califórnia

Segundo o Censo americano de 2000, existiam na Califórnia cerca de 22.931 brasileiros pondo este estado como o estado com a terceira maior concentração de brasilerios nos Estados Unidos. Ainda segundo o Censo de 2000, 13.000 brasileiros viviam na região da grande Los Angeles e 9.000 na região de São Francisco…

Brasileiros no Oriente Médio

As populações de brasileiros no Oriente Médio são bastante pequenas e concentradas em poucos países. Israel, com 20.000 brasileiros e o Líbano com 5.000 representam respectivamente (62,7%) e (15,7%) da população brasileira do Oriente Médio.

Brasileiros nos Estados Unidos

A imigração brasileira para os Estados Unidos é parte da longa história dos processos migratórios para este país. O fluxo migratório brasileiro para os Estados unidos é o principal fluxo de saída do Brasil e formou-se de início, com a saída de brasileiros da região sudeste do brasil…

Idade, Gênero e Estado Civil

A estrutura etária da população brasileira no Japão sofreu alterações durante os últimos vinte anos. Enquanto em 1994, esta população concentrava-se majoritariamente nos grupos etários entre 20 e 34 anos (39%). Os dekasseguis na faixa etária de 35 a 39 anos representavam outros 17,2% (Associação Brasileira de Dekasseguis (ABD). Em 2020, a idade média dos brasileiros era de 35,9 anos comparada a dos japoneses (47.9).((Statiscs Bureau of Japan, Census 2020.))

Mudanças também ocorreram em relação a presença masculina que em 2002 predominava e hoje compõem somente 48,6% da população.

Ainda, segundo a mesma pesquisa da ABD, a maioria dos dekasseguis era casados, a composição diferente da de hoje onde somente 28,3% dos brasileiros são casados, enquanto 59,5% nunca casaram; 1,3% são viúvos e 6,3% são divorciados.((4,3% não responderam.))Essa composição é bastante similar a da população japonesa. Os brasileiros são casados 2% mais que os japoneses; nunca casaram 3,5% mais que os japoneses; divorciados a somente um pouco maior -1.1% – e como a população é mais jovem que a japonesa, estes teem menos viúvos que os japoneses.  

 

Motivos da Partida

As razões para a partida continuam as mesmas dos anos iniciais adicionada à questão da violência urbana e às constantes crises econômicas e políticas. Dados da pesquisa de 2004 da Associação Brasileira de dekasseguis (ABD), apontava como razões para a emigração a “fuga do desemprego” (25% dos homens e 27,7% das mulheres); a “insatisfação com a renda/salário” (47,5% dos homens e 49% das mulheres); “poupar para abrir um negócio no Brasil” (48,7% dos homens e 35,9% das mulheres); “sustentar a família” (29,5% dos homens e 23,3% das mulheres); “conhecer o Japão” (25,7% dos homens e 32,3% das mulheres); “pagar estudos” (25,6% dos homens e 27,1% das mulheres); e “pagar dívidas” (8,9% dos homens e 7,6% das mulheres).

Patarra e Baeninger (2006) argumentam que os emigrantes brasileiros que se dirigiram principalmente para os países do primeiro mundo, buscavam principalmente a mobilidade social, que se encontrava truncada no Brasil na década de 1980. Assim, os nipo-brasileiros, pertencentes à classe trabalhadora ou oriundos da classe média, tornam-se imigrantes, retornando ao país dos seus ancestrais, de forma a compensar as perdas significativas em seus padrões de vida. Trocam o trabalho que dá prestígio no Brasil pelo trabalho que remunera.

Inserção no Mercado de Trabalho e Educação

O Japão se defronta com um problema perene relacionado ao envelhecimento da sua população com a diminuição relativa da população em idade ativa, bem como a contínua queda da fecundidade que acentua essa tendência e leva a uma taxa de crescimento negativo da população e seu declínio. Além disso, o Japão possui uma das maiores expectativas de vida do mundo. Em 2008, para as mulheres era de 86,05 anos de vida ao nascer e para os homens de 79,29, a maior do mundo entre as mulheres e a quarta maior entre os homens (Suzuki, 2009). Essa dinâmica demográfica leva a uma queda acentuada da população ativa o que implica dificuldades no preenchimento dos postos de trabalho, principalmente aqueles não qualificados (Sasaki, 2000).

Embora a economia japonesa tenha experimentado falta de mão de obra nos anos prósperos de 1960, tanto governo japonês quanto as grandes corporações optaram pela automação para não depender de mão-de-obra estrangeira. A partir dos anos 70, outra tentativa de suprimento de mão-de-obra foi feita pela incorporação cada vez maior das mulheres no mercado de trabalho em posições de baixo salário e tempo parcial nos setores manufatureiros e de serviços (Roberts, 1994).

Durante os anos 1980/1990, a escassez de mão-de-obra para abastecer as pequenas e médias empresas japonesas criou um dilema para o governo japonês – como manter a homogeneidade étnica e cultural (imaginada ou não) tão caras aos japoneses frente a demanda crescente de mão-de-obra para postos de trabalho não qualificados (Yamanaka, 1996). Para resolver estas questões econômicas e laborais, a resposta encontrada foi o recrutamento de mão-de-obra entre a diáspora japonesa.

Como referido anteriormente, com a reforma da lei de imigração de 1990, o Japão passou a conceder visto de permanência para os descendentes de japoneses estimulando assim, o fluxo migratório dos brasileiros nikkeis e seus cônjuges. No entanto, estes vistos eram emitidos com duração de 6 meses a 3 anos com possibilidade de renovação. Além disto, estes vistos estavam atrelados a contratos de trabalho com períodos fixos, podendo os empregadores eliminá-los quando dos seus términos.

A partir da metade da década de 1990, como decorrência da prolongada recessão econômica, os trabalhadores japoneses voltaram a ocupar os empregos que vinham sendo ocupados pelos estrangeiros sendo estes empurrados para segmentos ainda mais desfavoráveis do mercado de trabalho com relações empregatícias de caráter predominantemente contingêncial (Tanno, 2007).

As ocupações mais comuns  entre os brasileiros neste período inicial eram ligadas ao setor manufatureiro, seguida de ocupações em serviços de escritório e no setor de serviços em geral. Na sua maioria, os brasileiros exerciam trabalhos considerados indesejáveis para os japoneses nativos que exigiam pouca qualificação denominados pelos trabalhadores imigrantes como os trabalhos 5K: pesado (kisui), perigoso (kiken), sujo (kitanai), exigente (kibshii) e indesejável (kirai).((Kawamura, 1999)).

A estrutura do mercado de trabalho japonesa é marcadamente dual, dividida entre os setores primários e secundários caracterizados pela disparidade salarial, benefícios, oportunidades de treinamento e estabilidade empregatícia entre as empresas mães (empresas contratantes), de grande porte, e as subcontratadas, de pequeno e médio portes (Genda, 2006; Kosugi, 2003; Hara e Seiyama, 2006) Assim, or recursos humanos destinados as primeira são na sua maioria oriundos das universidades e, formados por japoneses nativos formando um sistema de emprego vitalício denominado keiretsu (Tanno, 2007). Como resultado, os trabalhadores das pequenas e médias empresas não podem ser transferidos para as empresas mães (Tanno, 2007). Os brasileiros, na sua grande maioria, eram empregados por sub-contratantes e enviados para empresas do setor secundário como trabalhadores temporários.

Dados da Universidade de Sofia, na cidade de Toyota sugeriam que neste período inicial, 71% dos brasileiros estavam empregados no setor de autopeças e o restante distribuído em pequenas fábricas de produtos eletrônicos, carburadores para máquinas diversas, produtos de cerâmica, restaurantes, etc. Cerca de 84% estavam empregados em empresas com menos de 300 empregados ou de capital inferior a 100 milhões de ienes, consideradas pequenas e médias empresas pela lei japonesa (Tanno, 2007).

A crise de 2008….

Hoje, segundo o Censo japonês de 2020, os brasileiros representam 0.2% da força de trabalho japonesa com 112.474 brasileiros participando da força de trabalho ativa. Na sua maioria (96%) estão entre os 15 e 64 anos de idade. Os desempregados somavam 9%. Aqueles em idade de trabalho mas não engajados no mercado de trabalho contavam 19.407 pessoas. Outros 6.444 atendiam escola e 8.753 faziam trabalhos domésticos. 17.130 não responderam sobre seu status laboral.

Assim como no começo da emigração brasileira para o Japão, os emigrados de hoje, são predominantemente de classe média no Brasil refletido na alta parcela de pessoas com educação XXXX entre estes (Tsuda, 2003; Kajita et al., 2005 e XXXXX, 2020).

A Migração Circular e o Retorno 

A diferença entre os trabalhadores residentes no Japão, os migrantes repetitivos e os retornados é sutil. Um trabalhador brasileiro que hoje reside no Japão, pode no futuro voltar ao Brasil. Aqueles que voltam ao Brasil podem voltar a tentar a vida no Japão seja pela dificuldade de readaptação ao cotidiano brasileiro seja pela falta de emprego nas suas regiões de retorno ou seja porque a aplicação das poupanças não rendem o esperado (Corrêa Costa, 2007).

Segundo o Censo brasileiro de 2000, cerca de 20 mil brasileiros, residentes em 31 de Julho no Brasil, declararam ter estado no Japão cinco anos antes. FUSCO Para uma visão dos brasileiros retornados por local de saída e chegada, visitar Estatísticas e Mapas.

O retorno se configura como momento difícil não só pelos problemas de readaptação mas também porque as “habilidades” adquiridas não são necessariamente adequadas as necessidades do mercado brasileiro pelo fato de estes desempenharem no Japão ocupações de de baixa qualificação. Na realidade, segundo Arowolo (2000), a emigração desqualifica estes trabalhadores. 

Segundo Mori (2000), existem pelo menos quatro tipos de migrantes repetitivos:

a) Isseis: o primeiro grupo, no início da migração para o Japão, foi constituído pelos migrantes japoneses, isseis, que imigraram para o Brasil antes ou após a Segunda Guerra Mundial;

b) Nisseis e Sanseis: este grupo, diferentemente do primeiro, foi composto, em sua maioria, por jovens solteiros ou casados, muitas vezes com cônjuges de origem não-japonesa. O vaivém entre os dois países se deu por razões várias incluindo o fracasso nos empreendimentos no Brasil com recursos adquiridos no Japão, dificuldade de adaptação no Japão e readaptação no Brasil. Este movimento de vaivém foi denominado por Mori de “profissionalização decasségui.”

c) Empreendedores: este grupo é de tamanho bastante pequeno. São trabalhadores dekasseguis que obtiveram muito sucesso e empreenderam também com sucesso nos dois países;

d) Regresso Temporário: este último grupo é composto por nisseis e sanseis de meia-idade, que geralmente deixam os filhos ou dependentes idosos no Brasil, ou que mantêm algum negócio familiar no Brasil voltando temporariamente ao país. 

Referências Bibliográficas:

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Beltrão, K.I and Sugahara, Sonoe (2009). Reintegração? trabalhadores que retornaram ao Brasil Após Trabalharem no Japão. Mimeo.

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Transnacionalismo

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Remessas Sociais

REMESSAS SOCIAIS (Social Remittances)

Introdução

As remessas são, in geral, entendidads somente como remessas monetárias. No entanto, elas podem também ter natureza social-cultural. Peggy Levitt em seu artigo Social Remittances: Migration-driven Local-development Forms of Cultural Diffusion (1998) e subsequente livro The Transnational Villagers (2001), cunhou o termo “remessas sociais” (social remittances) para realçar o fato de que os imigrantes, além de dinheiro, “remetem” idéias, práticas sociais e normas, comportamentos, atitudes políticas, práticas artísticas, etc.

Mais tarde, no artigo Social Remittances Revisited (2011), ela revisita o conceito de “social remittances” incluindo algumas observações: (a) as experiências passadas das pessoas antes da migração afetam o que estas “remitem” para suas sociedades de origem (Levitt e Lamba-Nieves 2011); (b) as remessas sociais, assim como as remesas monetárias, podem se dar individual ou coletivamente (ibid.); (c) estas remessas circulam continuamente entre paises de origem e destino (ibid.); (d) o contexto legal que os imigrantes encontram nos países de destino, impactam direta e indiretamente as formas de remessas sociais que estes são capazes  de eniviar (Lacrix, et al, 2016).

Segundo Levitt, estes fluxos de remessas sociais ocorrem quando os imigrantes voltam ou visitam suas comunidades de origem, quando não-migrantes destas localidades visitam imigrantes nos seus países de destino ou quando estes trocam cartas, vídeos, e-mails, blogs ou se comunicam por Skype, WhatApp ou telefone.

Este processo é um processo contínuo em que as idéias ou práticas sociais que os imigrantes trazem ou continuam recebendo dos seus países de origem, influenciam as suas experiências nos países de destino. Por outro lado, as experiências vividas nos países de destino moldam suas relações com as suas comunidades de origem quando estas idéias e práticas são remetidas.  Algumas destas idéias e comportamentos sociais são aceitas, rejeitadas, re-elaboradas e remetidas de volta onde são transformadas uma vez mais.

Este processo contínuo de remessas sociais afeta relações familiares, papéis de gênero, identidade de classe e raça, bem como tem ainda impacto importante na participação política, econômica e religiosa destes imigrantes, suas famílias, amigos e comunidades como um todo. Vale ressaltar no entanto, que nem todas estas idéias ou comportamento são positivas. Residentes de países da América Central, por exemplo, sofrem quando membros de gangues centro americanas operando nos Estados Unidos são deportados, aumentando a insegurança nos seus países de origem.

Por fim, estas trocas introduzem uma “cultura de migração” alimentada pelo acesso ao consumo provido pelos emigrados, noções de terras de liberdades, riquezas a fazer via a migração, entre outras idéias que circulam no vai e vem migratório,

Para entender como as remessas sociais se movem, e como estas tem uma relação simbiótica com as remessas monetárias, é preciso abordá-las dentro de uma ótica transnacional (Khagram and Levitt, 2007). Assim, criamos uma visão mais holística e integrada das trocas transnacionais:

 

Economistas, por muito tempo, deram importância somente às remessas monetárias. Assim, uma literatura importante surgiu sobre os drivers e as consequências das remessas financeiras aos níveis micro e macro, resumidos por Rapoport e Docquier (2006). A contribuição pioneira de Spielberg (2009) da relação entre a democracia e a educação no estrangeiro chamou a atenção de economistas para a questão das remessas sociais.

Mais recentemente, algumas publicações abordaram a questão das transferências sociais focando indiretamente na contribuição dos imigrantes internacionais para o avanço tecnológico em seus países de origem. De forma similar, Bahar and Rapoport (2018), utilizam dados da imigração bilateral e comércio internacional de mais de 100 países (período 1990-2012) para estudar o impacto e difusão do conhecimento pelos imigrantes internacionais.

Agrawal et al. (2011) utilizando dados de registros de patentes avaliam a probalidade de inovadores com laços com imigrantes co-étnicos impactar o conhecimento nos países de origem do migrante.

América Central

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Brazilian Emigration to North America – Bibliography

Para Entender a Emigração Brasileira para a América do Norte Bibliografia Preparada por Maxine L. Margolis (atualizada por Marcio de Oliveira e Alvaro Lima)Albues, Teresa 1995  O Berro de Cordeiro em Nova York. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.  Allen, James P....

Brasileiros na Califórnia

Segundo o Censo americano de 2000, existiam na Califórnia cerca de 22.931 brasileiros pondo este estado como o estado com a terceira maior concentração de brasilerios nos Estados Unidos. Ainda segundo o Censo de 2000, 13.000 brasileiros viviam na região da grande Los Angeles e 9.000 na região de São Francisco…

Brasileiros no Oriente Médio

As populações de brasileiros no Oriente Médio são bastante pequenas e concentradas em poucos países. Israel, com 20.000 brasileiros e o Líbano com 5.000 representam respectivamente (62,7%) e (15,7%) da população brasileira do Oriente Médio.

Brasileiros nos Estados Unidos

A imigração brasileira para os Estados Unidos é parte da longa história dos processos migratórios para este país. O fluxo migratório brasileiro para os Estados unidos é o principal fluxo de saída do Brasil e formou-se de início, com a saída de brasileiros da região sudeste do brasil…

  

Por fim, Tuccio e Wahba (2018), mostram que na Jordânia as mulheres que vivem em família onde haviam imigrantes retornados, as normas de comportamentos de gênero eram diferentes destas correntes no país pois estes tinham sido expostos a normas e práticas mais liberais enquanto viviam no exterior.

Referências Bibliográficas

Bahar, D. e Rapoport, H. (2018). Migration, Knowledge Diffusion and Comparative Advantage of Nations, The Economist Journal, 128(612): F273-F-304.

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Bertoli, Simone and Marchetta, Francesca (2015). Bringing It All Home – Return Migration and Fertility Choices. World Development, 65, 27-40.

Bryceson, D. and Vuorela, U. (2002). The Transnational Family. New York: Berg.

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Graham, Pamela (1997). Reimagining the Nation and Defining the District: Dominican Migration and Transnational Politics, in Patricia Pessar (ed.), Caribbean Circuits: New Directions in the Study of caribbean Migration, Center for Migration Studies.

Guarnizo, L. E., Portes, A. and Haller, W. J. (2003). Assimilation and Transnationalism: Determinants of transnational Political Action Among Contemporary Immigrants, American Journal of Sociology. 108(6): 1211-48.

Jimémez, Luis F. (2008). De Paisano a Paisano: Mexican Migrants and the Transference of Political Attitudes to their Country of Origin. PhD Dissertation, University of Pittsburg.

Kapur, D. (2004). Ideas and Economic Reforms in India: The Role of International Migration and the Indian Diaspora, India Review, 3(4): 364-84.

Khagram, S. and Levitt P. (2007). The Transnational Studies Reader. New York and London: Routledge.

Lacroix, Thomas, Peggy Levitt and, Ilka Vari-Lavoisier. (2016). Social Remittances and the Changing Transnational Political Landscape, Comparative Migration Studies. 

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Levitt, P. (2001). The Transnational Villagers. Berkley: University of California Press.

Levitt, P. (2007). Good Needs No Passport, New York: The New Press.

Levitt, P. (2011). Social remittances Revisited. Journal of Ethnic and Migration Studies. Vol. 37, Nº 1. pp. 1-22.

Lima, Alvaro (2010). Transnationalism: A New Mode of Integration. The Mauricio Gastón Institute for Latino Community Development and Public Policy, University of Massachusetts, Boston.  

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Portes, A., Guarnizo, L. E. and Haller, W. J. (2002). Transnational Entrepreneurs: An Alternative Form of Immigration Economic Adaptation, American Sociological Review, 67(2): 278-98.

Suárez-Orosco, Marcelo M. (1999). Global Shifts: U. S. Immigration and the Cultural Impact of Demographic Change – An Address. http://www.bos.frb.org/economic/conf/conf46/conf46f.pdf.

Brasileiros no Canadá

Embora as relações entre Brasil e Canadá remontem a 1866 quando o Canadá inaugurou sua primeira missão comercial no território brasileiro, o primeiro registro de movimento migratório que se tem conhecimento ocorreu em 1902, quando um grupo de 48 brasileiros viajou em direção a …

Brasileiros no Japão

A emigração de brasileiros para o Japão está ligada ao fluxo migratório de japoneses para o Brasil no início do século XX. Impulsionado pelo próprio governo japonês e pela demanda de mão de obra para a cafeicultura em expansão no oeste paulista, cerca de 190.000 japoneses emigraram para o Brasil …

América Central

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Remessas Monetárias

REMESSAS MONETÁRIAS

Introdução


A globalização está acelerando a migração internacional. Impulsionada por uma série de fatores, tais como a crescente necessidade de mão de obra qualificada e não qualificada nos países desenvolvidos dado o baixo nível de fertilidade e o rápido envelhecimento da população; persistente pobreza, crescente desigualdade, conflitos armados, fazem da migração uma questão fundamental neste século.

Em 1965, apenas 75 milhões de pessoas viviam fora de seu país natal. Em 2020, segundo o World Migration Report (IOM, 2022), 281 milhões de pessoas viviam fora dos seus países de origem ou seja, 3,6% da população mundial.

  

À medida que mais pessoas saem dos seus países de origem, as remessas aumentam e se tornam fundamental para não somente para os imigrantes e suas famílias mas também para as economias dos seus países de origem – uma tendência que provavelmente aumentará, uma vez que a migração internacional deverá permanecer alta ao longo do século XXI.

As remessas são o movimento internacional de dinheiro como consequência do movimento internacional de trabalhadores, ou seja, as remessas internacionais são dinheiro que os migrantes enviam de volta para seus países de origem. Embora cada remessa seja pequena, as remessas são um componente importante do fluxo internacional de fundos devido ao grande número de remetentes e à frequência com que estes fazem estes envios. De acordo com o Banco Mundial (World Bank, 2022), como ilustrado a seguir, em 2021, as remessas alcançaram 773 bilhões de dólares americanos com cerca de 605 bilhões enviados para os países de baixa e média renda, ou seja, 78 porcento do total. A  região da Ásia do Sul recebeu mais remessas do que qualquer outra região de baixa e média renda, totalizando 147 bilhões de dólares americanos. O Leste Asiático e Pacífico com entradas de remessas no valor de 133 bilhões de dólares americanos vem a seguir.  

Segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), as remessas enviadas por canais informais, e por isso não contabilizadas nos dados acima. O economista do Banco Mundial, Dilip Ratha, avalia que os imigrantes enviam cerca de 10% a 20% do seu salário ao seu país de origem.

Para os países em desenvolvimento, os fluxos de remessas representam uma importante fonte de financiamento internacional – em muitos casos, maior do que a ajuda externa total e menor somente que o investimento estrangeiro direto. No entanto, se excluirmos a China, as remessas são a maior fonte de ganhos em divisas em países de baixa e média renda, de acordo com Migration and Remittances Brief 34, publicado pelo Grupo do Banco Mundial conforme ilustrado a seguir:

 Remessas (Remittances), Investimento Estrangeiro Direto (FDI) e Assistência Oficial para o Desenvolvimento (ODA) – Países de Renda Baixa e Média, Excluindo a China (1990 – 2022)

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Brazilian Emigration to North America – Bibliography

Para Entender a Emigração Brasileira para a América do Norte Bibliografia Preparada por Maxine L. Margolis (atualizada por Marcio de Oliveira e Alvaro Lima)Albues, Teresa 1995  O Berro de Cordeiro em Nova York. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.  Allen, James P....

Brasileiros na Califórnia

Segundo o Censo americano de 2000, existiam na Califórnia cerca de 22.931 brasileiros pondo este estado como o estado com a terceira maior concentração de brasilerios nos Estados Unidos. Ainda segundo o Censo de 2000, 13.000 brasileiros viviam na região da grande Los Angeles e 9.000 na região de São Francisco…

Brasileiros no Oriente Médio

As populações de brasileiros no Oriente Médio são bastante pequenas e concentradas em poucos países. Israel, com 20.000 brasileiros e o Líbano com 5.000 representam respectivamente (62,7%) e (15,7%) da população brasileira do Oriente Médio.

Brasileiros nos Estados Unidos

A imigração brasileira para os Estados Unidos é parte da longa história dos processos migratórios para este país. O fluxo migratório brasileiro para os Estados unidos é o principal fluxo de saída do Brasil e formou-se de início, com a saída de brasileiros da região sudeste do brasil…

Hoje, as remessas são iguais ou maiores que 25% do Produto Interno Bruto (PIB) de cinco países: Tonga, República do Quirguistão, Tadjiquistão, Haiti e Nepal.

Comparado com os fluxos de capital induzidos pelo lucro, as remessas são mais estáveis e menos cíclicas. O investimento estrangeiro direto (IED ou FDI em inglês) e o crédito bancário tendem a aumentar quando o país anfitrião está crescendo. As remessas, por outro lado, tendem a ser constantes e aumentam durante períodos de crise econômica ou desastres naturais. Ao contrário da ajuda externa, as remessas são direcionadas e vão diretamente para milhões de pessoas que delas precisam. No entanto, as remessas têm poder diminuto enquanto mecanismo de desenvolvimento econômico.

As restrições impostas durante a pandemia da COVID-19, o desemprego e a preocupação com a saúde, reduziram a mobilidade em geral e o  fluxo migratório em 27% o que impactou de forma significante as remessas dos imigrantes. Em 2020, as remessas recebidas sofreu uma redução de 1,5%. Nos dois anos posteriores, o montante global das remessas totalizaram $781 bilhões de dólares americanos em 2021 e $794 bilhões de dólares americanos em 2022.

Vários fatores influenciaram o crescimento das remessas. Primeiro, como apontado pelo Banco Mundial (Migration and Development – Brief 37, 2022) a determinação dos imigrantes em ajudar as suas famílias nos seus países de origem foi fundamental para este crescimento. Segundo, a abertura gradual de vários setores econômicos dos países de acolhimento aumentou o emprego e a renda restabelecendo esta capacidade de ajuda financeira. Finalmente, as taxas de câmbio favoreceram o euro, o yen e o dólar tornando mais valiosas as remessas nestas moedas.

 Alguns Fatores do Crescimento Excepcional das Remessas

O fator mais importante no aumento das remessas foi o desejo e determinação dos imigrantes em ajudarem suas famílias pela redução de seu consumo e suas poupanças. Outro fator importante foi os estímulos fiscais que os países receptores proveram para seus residentes, incluindo os imigrantes. A abertura gradual das fronteiras dos países de acolhimento aumentou o fluxo migratório, e com este, o pool de remetentes. Este número também se alargou com o aumento da média de permanência nos Estados Unidos (que é responsável por 50% de todos os imigrantes  mas que transferem 75% de todo o fluxo de remessas) aumento de uma média de 16 anos de permanência para 20 anos. Outros fatores, incluem a crescente demanda por mão de obra nos países desenvolvidos – os Estados Unidos em particular. As taxas taxas de câmbio em alguns países, o Brasil sendo um deles, favoreceram também os remetentes. Finalmente, com a necessidade do distanciamento social causado pela pandemia da COVID-19 e as inovações ocorridas nas tecnologias financeiras, a indústria de remessas criou novos tipos de serviços on-line tornando mais fácil a transferência de recursos financeiros (Orozco e Martin, 2022). A inflação teve impacto negativo reduzindo o poder aquisitivo dos imigrantes

As remessas ajudam principalmente a melhorar os padrões básicos de vida como habitação, saúde e educação. As remessas também ajudam a aliviar a pobreza, ao possibilitar a melhora da nutrição e o aumento da matrícula escolar. Pesquisas têm mostrado também que as remessas ajudam os recipientes a se tornarem mais resilientes em face de desastres naturais.

Por fim, ´´importante ressaltar, que raramente as remessas monetárias são usadas com propósitos produtivos, o que se deve, em larga medida, a inexistência de ambiente propício a esses investimentos. Canales (2005), chama atenção para este fato notando que “os impactos das reduzidas remessas produtivas seriam ainda limitados pelas mesmas condições de pobreza e marginalização que caracterizam as comunidades de origem.”

Custo das Transferências

Os custos das transferências continuam alto mesmo com a maior competição no mercado introduzida pelas empresas de transferência digital representando um custo médio de 6,5%, quase o dobro da taxa de 3% no ano 2030 recomendada pelas Nações Unidas (Sustenable Development Goal, Indicator 10.c). O gráfico a seguir ilustra o custo médio global e por regiões para enviar $200:

Existem três componentes nos custos da remessas. Primeiro, uma taxa de serviço é cobrada pelas empresas de remessas, em geral uma taxa fixa, o que resulta numa taxa desproporcional para as remessas de pequeno porte. Além desta taxa, é cobrado ainda o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que no Brasil atinge 0,38% o que é, segundo Dilip Ratha, economista chefe para o tema imigração e remessas do Banco Mundial, muito alto.  Este imposto não é cobrado na maioria dos países e as remessas deveriam ser desoneradas no Brasil pois o custo de transferência representa uma enorme perda para os imigrantes e suas famílias.

Alavancando o Poder das Remessas dos Imigrantes

As remessas tocam as vidas de mais de 500 milhões de pessoas ao redor do mundo. Estimativas conservadoras colocam o número de pessoas recebendo algum tipo de benefício econômico das remessas em 1 bilhão – quase 1/6 da população do planeta (Joint Conference on Remittances, Manila, Filipinas, 2005).

As remessas dos imigrantes são de importância crescente para as economias das regiões e cidades de origem. As remessas impactam estas regiões e cidades via o aumento do consumo local. Os domicílios de classe média e média baixa tem uma alta propensão a consumir gerando um impacto positivo na atividade macroeconômica. Por exemplo, Le Franc e Downes (2001), examinando dados referentes a Jamaica, concluíram que existe uma relação significativa entre os fluxos de remessas e a mudança nos níveis de consumo e pobreza. Manoel Orozco (2005) argumenta que para cada $1 dólar remetido, a renda aumenta $1,78 dólares, ilustrando um efeito multiplicador importante. Adelman e Taylor (1990), confirmam este fenômeno no seu estudo no México quando afirmam que para cada dólar recebido dos imigrantes mexicanos, o PIB cresce entre $2,39 e $3,17 dólares, dependendo se as remessas são recebidas no meio urbano ou rural.

Há ainda um importante aspecto a ressaltar: as remessas são uma das fontes menos voláteis de divisa. Enquanto os fluxos de capital tendem a aumentar em ciclos econômicos favoráveis e reduzir em momentos de crise, as remessas mostram uma impressionante estabilidade ao longo do tempo (Ratha, 2003).

A “economia” das remessas é um exemplo interessante  de um transnacionalismo na base da pirâmide.

 

Remessas dos Imigrantes Brasileiros – Mundo

Com cerca de 4 milhões de imigrantes, as remessas dos brasileiros assuem importância crescente para as regiões e ciaddes brasilerias de origem. Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em 2005, cerca de 1.3 milhões de brasileiros receberam, de maneira regular, dinheiro enviado por seus parentes residindo no exterior.

Em 2020 as remessas pessoais para o Brasil cresceu 0.4 bilhões de dólares americanos (+12,5%) somando 3.57 bilhões de dólares americanos. Como ilustrado no gráfico a seguir, as remessas no período 2001 a 2020 sofreram flutuações atingindo seu pique em 2008 (3.64 bilhões de dólares americanos) seguido de 2020. 

Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), embora as remessas brasileiras representem somente 1,1% do produto bruto brasileiro (BID, 2005), “o valor anual das remessas representou em 2004, 175%  da receita total recebida pelo Brasil com o turismo e 68% do valor das exportações de soja, o maior produto agrícola em termos de valor exportado.

Vale lembrar no entanto, que os valores sobre o volume de remessas são, em geral, divergentes. Enquanto dados dos bancos centrais dos países receptores indicam volumes mais conservadores, os organismos internacionais tendem a registrar volumes  maiores. 

Estes recursos têm origem, na sua maioria (50%), dos Estados Unidos, 31% oriundo da Europa, 17% do Japão e 2% são remetidos da América Latina (Bendixen & Associates, 2004) distribuição que se mantêm ao longo dos anos.. Segundo ainda Bendixen & Associates, os brasileiros remetentes têm uma renda anual de menos que $30,000 e uma educação básica de grau primário. Eles remitem uma média de 9,7 vezes ao ano num valor médio de $428. Os recipientes são na sua maioria mulheres (65%), 52% dos recipientes estão na faixa etária entre  18 e 35 anos. 33% dos são irmãos ou irmãs e as remessas são utilizadas para despesas diárias (46%), 14% para financiamento da educação de membros familiares, outros utilizam 11% dos recursos enviados para investimento em negócios e o restante é utilizado para poupança (4%), empréstimos imobiliários (8%), além de outras obrigações (17%).

A maior parte das remessas (61%), são enviadas via a rede bancária, seguido por empresas de remessas internacionais (29%), cooperativas de crédito (10%), correio postal e outras organizações conforme ilustrado a seguir:

Remessas dos Imigrantes Brasileiros – Estados Unidos

Embora os brasileiros residentes nos Estados Unidos tenham uma importante participação no fluxo de remessas para o Brasil, são pouco os estudos recentes sobre seus hábitos financeiros. Os perfis demográficos dos remetentes brasileiros residentes nos Estados Unidos são baseados em três pesquisas realizadas por Lima e Plastrik (2006), pela Synovate Brasil para o Banco do Brasil (2007) e pela mesma empresa para a Caixa Econômica Federal em 2008.

A primeira pesquisa é baseada numa amostra de 250 brasileiros remetentes residentes em Massachusetts.  O questionário foi administrado em português pela empresa Silvestre HMR&S. O questionário para este estudo incluiu perguntas constantes nas pesquisas de 2003 e 2006 dirigidas por Manuel Orozco do Inter-American Dialogue com populações latino americanas e caribenhas de forma a propiciar comparações entre os brasileiros remetentes e os remetentes destes grupos de imigrantes. As amostras de 2003  e 2006 incluíram nicaraguenses, dominicanos, bolivianos, mexicanos, salvadorenhos, guatemaltecos e jamaicanos.

Fonte dos Dados

O Banco Mundial (BM) é um dos maiores provedores de dados relativos às remessas. O Banco provê estimativas anuais dos fluxos de remessas globais e bilaterais, baseadas nas estatísticas da balança de pagamentos nacionais produzidas pelos Bancos Centrais e compiladas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Os dados disponibilizados cobrem os fluxos de entrada e saída de remessas de país a país. O Banco Mundial produz ainda comparativos das remessas com o Produto Interno Bruto (PIB) dos países receptores além de estimavas dos custos de transação. Em parceria com os países em que as remessas são de importância crucial, o Banco Mundial criou o International Working Group to Improve Data on Remittance Flows. 

 

Referências Bibliográficas

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Transnacionalismo

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Eleições Presidenciais Brasileiras no Exterior (1989 – 2022)

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Transnacionalismo

Imigração Transnacional

Hoje, a tecnologia, economia, demografia, política, e fatores culturais têm acelerado de forma crescente a imigração transnacional. Os imigrantes transnacionais, envolvem-se em atividades além-fronteiras, e através destas constroem “campos sociais” (social fields) relativamente estáveis, duráveis, e densamente interligados que atrelam países de origem e destino, através da circulação de idéias, informações, produtos, e dinheiro, além do movimento de pessoas. Em qualquer momento, estão firmemente assentados num lugar particular – Boston, por exemplo – mas suas vidas diárias estão vinculadas e dependentes de pessoas e recursos localizados em outros países. 

Estes imigrantes vivem uma vida transnacional, habitam um espaço social transnacional. Assim vivem muitos brasileiros, indianos, mexicanos, equatorianos, cabo-verdianos, entre vários outros imigrantes provenientes de países diversos. Pesquisas sociológicas mostram que uma crescente fração dos imigrantes – milhões de pessoas que vivem nos Estados Unidos e dezenas de milhões em todo o mundo – vivem vidas transnacionais.  Embora os imigrantes com maior padrão de vida sejam mais propensos a atividades transnacionais, é cada vez maior a proporção de imigrantes de baixa renda que vivem em espaços sociais transnacionais. Estes espaços englobam dezenas de milhões de não imigrantes que de uma forma ou outra estão dependentes destas ações transnacionais.  Por exemplo, muitos imigrantes transnacionais têm familiares no seu país de origem que dependem de remessas de dinheiro para a sua subsistência.

As experiências transnacionais variam de país a país. As condições sociais e econômicas e as regras de saída diferem de um país para outro. O Brasil, México, China, Filipinas, e Índia por exemplo, permitem a dupla nacionalidade o que não é permitido pela Coréia do Sul. Estas diferenças entre as nações certamente afetam a 

maneira como os imigrantes transnacionais vivem e como eles percebem sua propria condicao.

O transnacionalismo é uma tendência crescente na vida global. E, a medida que este cresce e se espalha, cria novas dinâmicas que desafiam o ideal de assimilação, frustra o pensamento político mesquinho de Estado-Nação homogêneo e mono-cultural, e reforça a horizontalidade da economia mundial.

 

Quem são os Imigrantes Transnacionais

Os perfis que surgem dos imigrantes transnacionais mostram o quanto eles são diferentes dos imigrantes de um século atrás. Naquela época, famílias imigrantes carregavam um álbum de fotos e um punhado de receitas culinárias para rememorar o velho país. Hoje, eles têm uma página no Facebook, se comunicam pelo WhatsApp ou Skype ou falam com seus familiares por telefone gastando centavos.  Checam as notícias dos seus países de origem pela televisão via satélite.  Vão para casa nas férias quando encontram preços bons no Travelocity ou no Expedia. Quando estão nos seus países de origem, podem visitar a clínica ou escola que ajudaram a construir via investimentos realizados por suas associações comunitárias.  Estas atividades realizadas com frequência e regularidade caracterizam a vida transnacional.

As remessas de dinheiro são talvez o comportamento transnacional mais bem documentado. Por exemplo, os imigrantes dos países em desenvolvimento morando nos Estados Unidos enviam cerca de US$ 150 bilhões para suas famílias, amigos, e comunidades de origem todos os anos.  Claro que os imigrantes de um século atrás enviavam dinheiro para seus dependentes, mas o que era uma gota, hoje é uma enxurrada, grande o suficiente para revigorar a economia de toda uma nação. As perspectivas de desenvolvimento de alguns países tornaram-se indissociavelmente ligadas às atividades econômicas das suas respectivas diásporas. Remessa de dinheiro é uma atividade regular de muitos imigrantes. Em 2007, uma pesquisa mostra que 83% dos brasileiros que enviaram dinheiro em Massachusetts o faziam todos os meses – às vezes duas vezes por mês – uma média de US$ 875 por mês (Lima & Plastrik).

A investigação revelou que as remessas são apenas a ponta do iceberg transnacional. Quase dois terços dos entrevistados afirmaram que telefonavam para casa duas ou mais vezes por semana, por cerca de meia hora a cada ligação. A grande maioria assiste programas de televisão ou rádio transmitidos  desde o Brasil.  Quase três em cada quatro enviam ou recebem e-mails de amigos e familiares que ficaram no Brasil. Quase metade compra alimentos e outros produtos brasileiros e um em cada cinco adquire vídeos, DVDs e CDs de música e filmes brasileiros. Mais de um quarto dos entrevistados tinham poupanças e cerca de 7% tinham financiamentos imobiliários no Brasil. Um terço envia dinheiro para a sua família no Brasil para cobrir empréstimos imobiliários e estudantis, pensões, e outros investimentos.

Outras pesquisas têm apontado tendências similares. Cerca de dois terços dos 

dominicanos imigrantes viajam para os seus países de origem uma ou duas vezes por ano.  Mais da metade dos mexicanos que enviam dinheiro dos Estados Unidos o fazem todos os meses; cerca de 30% têm conta poupança ou financiamento de imóveis no México. Em 2007 um estudo relatou que 72% dos latinos que vivem nos Estados Unidos enviam dinheiro, viajam para casa ou telefonam para parentes, e 27% possuem propriedades em seus países de origem.

A realidade transnacional está também gerando impactos na política, tanto aqui como lá. Mais do que nunca, os imigrantes residentes no exterior votam nas eleições de seus paises de origem, disputam cargos eletivos, contribuem para campanhas políticas, organizam comícios, participam em associações de ajuda as suas cidades de origem, sindicatos, e igrejas. Boston e Nova Iorque, onde os partidos políticos da República Dominicana teem comitês, são paradas obrigatórias para os candidatos dominicanos à Presidência da República. De acordo com algumas estimativas, os dominicanos arrecadam de 10 a 15 por cento dos fundos de campanha nos Estados Unidos e políticos dominicanos acreditam que a opinião dos imigrantes transnacionais influencia o pensamento dos dominicanos que ficaram no país.  A influência dos transnacionais afeta políticos americanos também. Quando Rudy Giuliani era prefeito de Nova York, viajava regularmente para Santo Domingo, capital da República Dominicana, em campanha eleitoral.

Transferências de idéias políticas, ideologias, e práticas de organização fluem nas duas direções. Enquanto noções de eleições livres e justas, liberdade de imprensa, e o direito à representação legal migram de um lado para o outro, trabalhadores migrantes transnacionais, especialmente do México e América Central, são a espinha dorsal da base sindical que permitiu organizar o Sindicato Internacional dos Trabalhadores do Setor de Serviços (SEIU). Mexicanos, brasileiros e haitianos transnacionais têm ajudado a revitalizar igrejas de varias denominações. Hoje, quase um quarto dos latinos nos Estados Unidos identificam-se como protestantes ou membros de outra denominação cristã, incluindo Testemunhas de Jeová e Mórmons. Uma pesquisa em 2006 relatava que os latinos católicos nos Estados Unidos – cerca de dois terços da população latina – tendem a acreditar muito mais do que os católicos americanos que as igrejas devem tratar de assuntos sociais e políticos e vêem a religião como um guia moral para o pensamento político.

O transnacionalismo também penetra o mundo do comércio.  O Conselho Americano de Competitividade relatou em 2007 que profissionais nascidos em outros países detém 25% das empresas de economia mista, 47% das empresas de capital privado e mais da metade de todos os novos empreendimentos no Vale do Silício.  Muitas dessas empresas não são pequenas lojas ou restaurante servindo o mercado étnico, mas empresas operando nos mercados nacional e internacional, principalmente estes dos seus países de origem. “Esta tendência,” relatou The Wall Street Journal no final de 2007, “representa a mais nova ligação do Vale do Silício com a Índia.” 

Enquanto isso, um número crescente de imigrantes possuem ou investem em empresas nos seus países de origem. Por exemplo, 39% das 289 empresas localizadas no parque industrial-científico de Hsinchu, próximo a Taipei, foram iniciadas por engenheiros taiwaneses educados nos Estados Unidos, com experiência no Vale do Silício.  Setenta dessas empresas possuem escritórios no Vale do Silício que se dedicam a contratar trabalhadores, adquirir tecnologia ou capital e explorar oportunidades de negócios. 

A Construmex, fundada em 2001 pela gigante empresa mexicana produtora de cimento CEMEX, ajudou mais de 8000 famílias mexicanas que vivem nos Estados Unidos a comprar ou construir suas casas no México.  Tendências semelhantes foram registradas na Colômbia, Equador e El Salvador. Desde meados da década de 1980, dominicanos que vivem no exterior têm representado 60% das vendas anuais de imóveis no seu país de origem. 

Principais Forças Propulsoras  do Transnacionalismo

O transnacionalismo não é rigorosamente um fenômeno novo. De 1870 a 1910, quase 80% dos imigrantes italianos nos Estados Unidos eram homens, a maioria dos quais deixou para trás esposas, filhos, e parentes que, eventualmente, vieram para os Estados Unidos. O mesmo aconteceu com os homens judeus. Muitas vezes eram pioneiros que posteriormente enviavam dinheiro para pagar a passagem de outros membros da família. Entre 1900 e 1906, o Correio de Nova York enviou 12,3 milhões de ordens de pagamento individuais para terras estrangeiras.  Mas o foco e a intensidade das atividades transnacionais cresceram dramaticamente. Na década de 1980, o fenômeno foi observado pela primeira vez por estudiosos, quando estava começando a ganhar escala.  Hoje em dia, pesquisas em ciências sociais sugerem que 15% de todos os imigrantes são transnacionais. Vários fatores tecnológicos, econômicos, demográficos, políticos, e culturais têm construído o caminho para o crescimento da imigração transnacional. Alguns são amplamente reconhecidos, outros não: 

 

Inovação na Comunicação e Transporte

Os avanços tecnológicos nesses setores têm reduzido o tempo, custo, e dificuldade de viajar, realizar ligações e transações internacionais. Os imigrantes podem manter contato mais frequentes e mais próximo com sua sociedade originária, o que lhes permite manter e expandir contatos pessoais, sociais e econômicos. Hoje, os imigrantes podem pegar um avião ou fazer uma chamada telefônica para saber como as coisas estão em casa com uma facilidade até então desconhecida. Maxine Margolis, professora de antropologia na Universidade da Flórida, ilustra esse ponto: “Quando perguntei a um brasileiro, proprietário de uma loja de móveis em Manhattan, morador de Nova York há muitos anos, como dizer ‘wine rack’ em Português, ele ficou envergonhado quando não pode lembrar a expressão. Tão rapidamente como consultar um dicionário, ele discou para o Brasil para perguntar a um amigo.”

A comunicação mais fácil e barata facilita o acesso a informações críticas. Quando o presidente paquistanês Pervez Musharraf fechou os jornais do país em novembro de 2007, Muhammad Chaudrey, um taxista paquistanes que mora na região de Detroit, enviou e-mails para a sua família em Lahore com reportagens americanas sobre os últimos acontecimentos em seu país. Em um esforço mais amplo de luta contra a censura, os imigrantes chineses nos Estados Unidos criaram uma estação de televisão via satélite, New Tang Dynasty Television. O canal transmite programas em chinês e inglês focados na promoção da democracia na China.

Silvia LeBlanc

Silvia LeBlanc, Boston, MA, Estados Unidos

Robson Lemos

Robson Lemos, Somerville, MA, Estados Unidos

Giovana Bongiolo

Giovana Borrasca Bongiolo, Boston, MA, Estados Unidos

Liberalização de Economias em Desenvolvimento e Crescimento do Mercado de Trabalho em Economias Desenvolvidas.

Nas nacoes em desenvolvimento, a industrializacao de setores economicos tradicionais cria grandes contingentes de sub-empregados. Essas economias estao cada vez mais ligadas as cadeias de abastecimento e distribuicao de empresas internacionais – as pontes economicas para a emigracao. Ao mesmo tempo, o declinio da industria manufatureira e o crescimento do setor de servicos nas economias ocidentais transformaram suas estruturas ocupacionais e de rendimentos. O crescimento da oferta de emprego de baixo salário e da proporção de trabalhos temporários e de meia jornada, assim como a expansão dos setores financeiro, de seguros, imobiliário, varejo e serviços estão criando oportunidades para imigrantes no topo e na base da pirâmide ocupacional. 

À medida que a globalização expande a classe média em muitos países não-ocidentais, mais mercados em potencial são criados para empresas dos países desenvolvidos. Alguns desses mercados são estimulados por atividades transnacionais. O Citigroup Inc., por exemplo, a maior entidade mundial de serviços financeiros, firmou recentemente uma parceria com uma empresa de telecomunicações da Malásia para oferecer serviços que permitem a trabalhadores estrangeiros naquele país enviar dinheiro usando seus telefones celulares.

O Aumento do Nível Educacional. 

O aumento considerável dos níveis de educação no mundo inteiro têm servido para expandir os mercados de trabalho além-fronteiras.  A medida em que os países em desenvolvimento expandem o número de pessoas com alto nível educacional, esses indivíduos ganham oportunidades de migrar para empregos e empresas em países desenvolvidos.  “A migração internacional de pessoas com formação universitária é algo que tem crescido dramaticamente ao longo do tempo,” afirma Elaine Fielding, pesquisadora da Universidade de Michigan. Mais de 53% dos imigrantes estrangeiros que vieram para a área de Detroit em 2004 e 2005 tinham, no mínimo, bacharelado.  Uma grande fonte de transnacionais altamente qualificados é o conjunto de estudantes estrangeiros em instituições americanas de ensino superior.

Mudanças nas Regras de Entrada e Saída para os Imigrantes.

Transformações políticas globais e novos regimes legais internacionais estão mudando as regras de entrada e saída que os Estados-nação estabelecem para a imigração. Descolonização, a queda do bloco comunista do leste europeu, a ascensão do regime dos Direitos Humanos forçaram nações a prestar atenção aos direitos individuais, independentemente de se tratar de cidadãos nacionais ou estrangeiros. Cada nação estabelece o contexto para saída de seus cidadãos e de entrada para migrantes. Essas condições legais, econômicas, sociais e políticas – incluindo direitos a cidadania e regras comerciais, padrões de inclusão social, discriminação e políticas externas – impedem ou facilitam o movimento além-fronteiras e as atividades transnacionais. Alguns países começaram a mudar as suas políticas para acomodar as realidades transnacionais. O México e as Filipinas, por exemplo, estão desenvolvendo políticas que definem sua população emigrante como parte integrante do seu Estado-nação. Alguns países promovem ativamente a “reincorporação transnacional” de seus emigrantes para maximizar seus investimentos e as remessas. Ao mesmo tempo, alguns países receptores tem expandido significativamente os direitos e prerrogativas dos imigrantes. A complexidade destas questões tem sido evidente no caso dos Estados Unidos, onde esforços para aprovar a reforma na lei federal de imigração até agora não obtiveram sucesso. O debate tem sido dominado pela ideologia anti-imigrante e preocupações de segurança, em detrimento de políticas efetivas e dos mais de 12 milhões de imigrantes que vivem em condições legais precárias.  

O Aumento da Hibridação Cultural.

A globalização da cultura e da identidade enfraquece tradicionais tensões entre o que é o próprio e o que é estrangeiro, e promove hibridação cultural, que engloba ambos. Fomentada pelo consumo global, produção e imigração, a hibridação cultural está competindo cada vez mais com culturas dominantes enraizadas em um único local e um conjunto de tradições. Nestor Garcia Canclini, um dos mais conhecidos e inovadores acadêmicos culturais da América Latina, assinala que cultura cada vez mais é feita de material a partir daqui e de lá: “Eu ligo minha televisão, feita no Japão, e o que eu vejo é um filme produzido em Hollywood, feito por um diretor polonês, com assistentes franceses, atores de dez nacionalidades diferentes, em cenas filmadas em quatro países que também investiram na produção.” Motivados, em certa medida, pela difusão mundial da cultura americana, a hibridação, em muitos países, evolui de forma complexa, com contradições e fluxos de idas e vindas. 

“Em vez de criar uma única e aborrecida aldeia global, as forças da globalização estão, na realidade, encorajando a proliferação da diversidade cultural,” afirma Michael Lynton, CEO e

Presidente da Sony Pictures Entertainment. Ele oferece a Sony como um caso: “o nosso estúdio tem trabalhado com diretores e atores na China, Índia, México, Espanha, e Rússia para fazer filmes que serão lançados em cada um desses mercados. “A empresa está produzindo séries originais de TV no Chile, Alemanha, Itália, Rússia e Espanha. Em vez de menos escolhas, há mais. E, ao invés de um mundo uniforme, americanizado, continua a haver um rico e vertiginoso leque de culturas.” Imigrantes transnacionais estão no centro desse processo – como “reinterpretadores criativos” de cultura e transportadores além das fronteiras de modelos híbridos. 

As nações que enviam imigrantes também sentem este impacto cultural transnacional. Nestor Canclini tem observado que, com 15% de todos os Equatorianos, e um décimo de todos os argentinos, colombianos, cubanos, mexicanos, e salvadorenhos vivendo fora dos seus países, a América Latina não está completa no interior das suas fronteiras; suas culturas são moldadas em Los Angeles, Nova York e Madri. Uma pesquisa recente estabeleceu a importância das “remessas sociais”, a transferência de significados sócio-culturais e as práticas que ocorre quando migrantes voltam a morar ou visitam as suas comunidades de origem; quando não-imigrantes os visitam no país receptor; ou através de trocas de cartas, vídeos, e-mails, e ligações telefônicas.  David Fitzgerald, um sociólogo da Universidade da Califórnia – Los Angeles, observa que os migrantes transnacionais desafiam os ideais de identidade e fronteiras de Estados-nação tanto no país onde moram como nos seus países de origem, com sua locomoção, por morarem num país onde não possuem cidadania, e por serem cidadãos de um país onde não moram e, alternativamente, por reivindicar adesão a vários países onde podem ser residentes, residentes em tempo parcial, ou ausentes.

A hibridação cultural, assim como outros aspectos do transnacionalismo, varia em freqüência e profundidade. Um dos fatores que molda os intercâmbios culturais é o contexto de saída e entrada. Por exemplo, enquanto colombianos e dominicanos vêm de países da América Latina e compartilham um idioma comum, seus contextos de saída e de acolhimento são muito diferentes, resultando em diferente padrões de incorporação na sociedade americana. Pesquisas com imigrantes colombianos, que são na sua maioria brancos ou mestiços, mostram que eles se sentem menos discriminados que os dominicanos. Por outro lado, pesquisas realizadas entre dominicanos nos Estados Unidos constatou que eles são geralmente considerados como negros e discriminados enquanto tal.

Quando um grupo de imigrantes encontra-se discriminado no país onde vive, seus integrantes geralmente se unem e adotam uma postura defensiva em relação ao país, de acordo com dados do Centro de Migração e Desenvolvimento da Universidade de Princeton. O grupo apela a símbolos de orgulho cultural trazidos de casa. Um bom exemplo disto é o grupo Guatemalteco Maia (Kanjobal), migrantes em Los Angeles. Eles lidam com elevados níveis de discriminação via a revitalização e o reforço de formas tradicionais de identidade étnica através de um processo de transnacionalismo reativo. Quando, por outro lado, não existe a discriminação, as iniciativas transnacionais se tornam mais individualizadas e assumem formas típicas da classe média, tais como o Lions e o Kiwanis Clubs, e outras associações de caridade.

Como as diferentes forças propulsoras do transnacionalismo operam com intensidades variada, juntamente com diferente condições de saída e entrada, o transnacionalismo não é monolítico. Todavia, as forcas econômicas, políticas e culturais que reforçam o transnacionalismo não vão desaparecer tão cedo. Estar aqui e lá veio para ficar.  

À medida que o fenômeno transnacional muda a natureza da imigração ele gera novas e espinhosas questões de política pública e cria novas oportunidades para inovadores sociais e empreendedores ao mesmo tempo em que molda um espaço social que desafia o pensamento convencional sobre os imigrantes e o estado-nação. Claro que ainda existem fronteiras e barreiras de todos os tipos em todos os lugares, e talvez existirão sempre. Mas, os imigrantes transnacionais começam de maneira constante a cruzar estas fronteiras, derrubar estas barreiras, e criar novas relações entre diversas culturas. Não estamos ainda totalmente conscientes de nossa experiência coletiva, ainda não somos intencionais nas nossas ações políticas enquanto transnacionais. Mas, acredito, este impacto é transformativo a uma escala ainda não claramente entendida.

Bibliografia:

Shiller, Glick, and Georges Fouron (2001). Georges Woke Up Laughing: Long-Distance Nationalism and the Search for home. Durham, NC: Duke University Press.

Guarnizo, Luis, Alejandro Portes, and William Haller (2003). Assimilation and Transnationalism: Determinants of Transnational Political Action among Contemporary Immigrants. American Journal of Sociology 108(6):121-48.

Levitt, Peggy, Josh DeWind, and Steven Vertovec, eds. (2003). International Migration Review 37(3).

Levitt, Peggy (2001). The Transnational Villagers. Berkeley and Los Angeles: University of California Press.

Levitt, Peggy and Nina Click Schiller (2004). Transnational Perspectives on Migration: Conceptualizing Simultaneity. International Migration Review.

Morawska, E. (2003). Immigrant Transnationalism and Assimilation: A Variety of Combinations and the Analytic Strategy It Suggest. In Toward Assimilation and Citizenship: Immigrants in Liberal Nation-States, Edited by C. Joppke and E. Morawska. Hampishire, UK: Palgrave Macmillan, pp. 133-176.

Portes, Alejandro,Luis Guarnizo, and Patricia Landolt (1999). Ethnic and Racial Studies – Special Volume on Transnational Migration 22(2).

Portes, Alejandro, William Haller, and Luis Guarnizo (2002). Transnational Entrepreneurs: The Emergence and Determinants of an Alternative Form of Immigrant Economic Adaptation. American Sociological Review 67(2): 278-298.

Smith, Michael Peter and Luis Guarnizo, eds. Transnationalism from Below: Comparative Urban and Community Research. Vol. 6 New Brunswick and London. 1998. Transaction Publishers.

 

Brasileiros no Canadá

Embora as relações entre Brasil e Canadá remontem a 1866 quando o Canadá inaugurou sua primeira missão comercial no território brasileiro, o primeiro registro de movimento migratório que se tem conhecimento ocorreu em 1902, quando um grupo de 48 brasileiros viajou em direção a …

Brasileiros no Japão

A emigração de brasileiros para o Japão está ligada ao fluxo migratório de japoneses para o Brasil no início do século XX. Impulsionado pelo próprio governo japonês e pela demanda de mão de obra para a cafeicultura em expansão no oeste paulista, cerca de 190.000 japoneses emigraram para o Brasil …

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Neoliberalismo e Trabalho Imigrante

Neoliberalismo e Trabalho Imigrante

Série de seis seminários sobre Neoliberalismo e o Trabalho Imigrante terá aula bônus disponível a partir do dia 17/01. As inscrições estão abertas até o dia 20 de janeiro. Quem se inscrever após o dia 17 terá acesso ao conteúdo bônus, que será gravado e ficará disponível no Youtube.

Os seminários têm como objetivo abordar a migração de um ponto de vista estrutural ligado aos movimentos do capital, além de possibilitar um entendimento maior sobre o fenômeno transnacional. Os cursos também irão proporcionar um panorama da diáspora brasileira e explorar as ligações entre migração e desenvolvimento.

Os professores Márcio Pochmann, presidente do Instituto Lula, e

 Luís Vitagliano em parceria com Mariana Dutra, coordenadora do Instituto Diáspora Brasil e Álvaro Lima, diretor de pesquisas da Prefeitura de Boston e fundador do Instituto Diáspora Brasil irão conduzir o projeto com convidados. 

Os palestrantes abordam teorias que analisam fenômenos econômicos e outros fatores que geram fluxo migratório. 

Com base nessas reflexões bastante contemporâneas, o Instituto Lula e o Instituto Diáspora Brasil propõem um seminário formativo. Apenas os inscritos terão acesso às apresentações. Posteriormente elas serão disponibilizadas no Youtube de forma gratuita. Quem pretende se aprofundar nessas questões, é hora de se inscrever, acompanhar os debates, fazer as leituras e participar dos chats de discussão. 

 

Como funciona o curso:

As aulas vão acontecer na plataforma Zoom todos os sábados às 12h, exceto a aula bônus do dia 17, que será em uma terça-feira às 13h. As inscrições encerram no dia 20 de janeiro. A aula bônus ficará gravada para ser assistida no momento que a pessoa inscrita no curso desejar. Para se inscrever.  

Programação

 

17 de janeiro: Peggy Levitt- Proteção Transnacional Social: Estabelecendo Uma Agenda

 

04 de fevereiro: Vinicius Kauê Ferreira – “Brain Drain” ou “Brain Circulation” 

 

25 de fevereiro: Alvaro Lima – Transnacionalismo: Um Novo Modelo de (Re)Integração das Populações Imigrantes

 

11 de março: Alex Guedes Brum – Políticas de Vinculação do Estado Brasileiro Para Suas Comunidades no Exterior

 

25 de março: Marcio Pochmann – Regimes de Acumulação e Fluxos Migratórios

 

08 de abril: Aviva Chomsky – How Immigration Became Illegal

 

22 de abril: Ricardo Antunes – Ilegalidade da força de trabalho migratória e expropriação do capital

  

Quando: De 17 de janeiro a 22 de abril de 2022

Onde: Plataforma Zoom

Valor: Gratuito 

Público: Pesquisadores, estudantes, lideranças comunitárias e demais interessados

Brasileiros no Canadá

Embora as relações entre Brasil e Canadá remontem a 1866 quando o Canadá inaugurou sua primeira missão comercial no território brasileiro, o primeiro registro de movimento migratório que se tem conhecimento ocorreu em 1902, quando um grupo de 48 brasileiros viajou em direção a …

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Peggy Levitt: Proteção Trasnnacional Social - Estabelecendo Uma Nova Agenda

 

A primeira aula do ciclo de seminários “Outro olhar sobre o Neoliberalismo e Trabalho Imigrante”, oferecido pelo Instituto Lula e Instituto Diáspora Brasil, abordou o fenômeno migratório do ponto de vista estrutural ligado ao movimento do capital. 

Ministrado pela professora e chefe do departamento de Sociologia do Wellesley College, Peggy Levitt, a aula também contou com a participação do presidente do Instituto Lula, Márcio Pochmann, e do professor Luís Vitagliano. Mariana Dutra, coordenadora do Instituto Diáspora Brasil, e Álvaro Lima, diretor de pesquisas da Prefeitura de Boston e fundador do Instituto Diáspora Brasil, também participaram do debate. 

Novo Contexto de Proteção Social

Hoje, o neoliberalismo e a austeridade mudaram a expectativa em relação ao Estado como um garantidor da proteção básica. Fundos reguladores internacionais, como o FMI, pedem que os países aumentem a austeridade e as medidas econômicas para reduzir os seus déficits. Tais medidas, explica Levitt, estimulam o declínio do estado de bem-estar social.

“Nossa tarefa é falar das responsabilidades e das injustiças sociais no mundo global. Quem vai ser emancipado e protegido pela questão transnacional e quem vai ficar para trás. E como podemos fazer para que as pessoas que ficaram para trás prosperem também”, reflete Levitt. 

O seminário “Proteção Transnacional Social: Estabelecendo uma Agenda”, ministrado por Peggy Levitt, busca oferecer uma visão mais ampla sobre proteção social transnacional e como ela afeta membros de uma família e comunidades. 

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Do Brain Drain às Redes Científicas Globais - Perspectivas Para a Século XXI

Este seminário irá discutir as possibilidades que pesquisadoras/es que migram oferecem para o desenvolvimento científico dos seus países de origem e de destino. Discutiremos também os desafios vividos por estudantes do programa Ciências Sem Fronteiras, perspectiva de desconstruir a “fuga de cérebros” e no lugar dela, construir uma agenda baseada na “circulação de cérebros”.

Vinicius Ferreira é Professor no Departamento de Antropologia e no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UERJ. Doutor e mestre em Antropologia Social pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris, França. Pesquisador Associado do Laboratoire d’Anthropologie Politique (LAP) da École des Hautes Études en Sciences Sociales. Desenvolve pesquisas sobre transformações do campo científico global, com ênfase nas circulações acadêmicas internacionais entre Norte e Sul. É editor-fundador da Revista Novos Debates da ABA, co-chair da Commission on Migration da IUAES e co-chair da Task Force on Precarity da WCAA.

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Alvaro Lima: Transnacionalismo - Um Novo Modelo de (re)integração das Populações Imigrantes

“Transnacionalismo: Um Novo Modelo de (Re)Integração das Populações Imigrantes” busca entender esta nova dinâmica em que os imigrantes envolvem-se em atividades além-fronteiras, e através destas constroem “campos sociais” (social fields) relativamente estáveis, duráveis, e densamente interligados que atrelam países de origem e destino, através da circulação de idéias, informações, produtos, e dinheiro, além do movimento de pessoas. Em qualquer momento, estão firmemente assentados num lugar particular – Boston, por exemplo – mas suas vidas diárias estão vinculadas e dependentes de pessoas e recursos localizados em outros países. 

Alvaro Lima é Diretor de Pesquisas da Prefeitura de Boston e Fundador do Instituto Diáspora Brasil . Recentemente, ele atuou como Senior Vice-presidente e Diretor de Pesquisas da Initiative for a Competitive Inner City (ICIC), uma organizacão fundada pelo Professor Michael Porter da Universidade de Harvard. Economista com Mestrado na New School for Social Research em Nova York, foi chefe do Departamento Econômico do Ministério da Indústria e Energia em Moçambique e Coordenador de Projetos de Desenvolvimento Regional do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico a Social (IPARDES) en seu país natal, Brasil.

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Alex Guedes Brum: Políticas de Vinculação do Estado Brasileiro

Doutor em História e Política pela Fundação Getulio Vargas e mestre em Estudos Estratégicos da Defesa e da Segurança pela Universidade Federal Fluminense, Alex é autor do livro “Brasileiros no exterior: o caso da Flórida” e pesquisa as políticas de Argentina, Brasil e México para os emigrantes e seus descendentes no exterior.

Aviva Chomsky: Como a Imigração Tornou-se Ilegal

Aviva Chomsky é professora e coordenadora do Centro de Estudos Latino Americanos da Salem University, EUA. Trabalha com o tema da imigração, trabalho indocumentado nos EUA, incorporando temas do colonialismo, desenvolvimento econômico, migração, raça e gênero. 

Entre 1976 and 1977, Chomsky trabalhou para o sindicato United Farm Workers. Em 1982, ela se formou em Espanhol e Português na University of California at Berkeley. Chomsky tem um mestrado e Ph.D. em história. 

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Ricardo Antunes - Ilegalidade da Força de Trabalho Migratória e Expropriação do Capital

Ricardo Antunes é Professor Titular de Sociologia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP. Antes, foi professor da FGV-SP e da UNESP. Publicou 13 livros no exterior, dentre eles: Farewell to work? (Brill, Holanda/Inglaterra (2022); Haymarket, EUA, 2022); Capitalismo virale (Castellvechi, Itália, 2021; Viraler Kapitalismus, Áustria, Konturen, 2022); Il Privilegio della Servitù (Punto Rosso, Itália, 2020); Politica della Caverna (Castelvecchi, Itália, 2019); The Meanings of Work (Holanda/Inglaterra, Brill/HM Book Series/FAPESP, 2013; EUA (Haymarket Books, 2013); Itália (Jaca Book, 2006 e Punto Rosso, 2017); Portugal (Almedina, 2013), Índia (Aakar Books, Delhi, 2015) e Argentina (Herramienta, 2013, 2a. edição), a partir da edição original publicada pela Boitempo; Addio al lavoro? (Trieste, 2019, nova edição revista, atualizada e ampliada; Edizioni Ca?Foscari, Veneza, 2015 e Biblioteca Franco Serrantinui, 2002), publicado também na Espanha, Argentina, Colômbia e Venezuela, a partir da edição original da Ed. Cortez.

Foi Professor convidado do Master sull? Immigrazione, Fenomeni Migratori e Trasformazioni Sociali da Universidade Ca?Foscari de Veneza/Itália e também Membro do Comitê Científico deste curso, desde 2009 até seu encerramento em 2021 Foi Visiting Professor na Universidade de Coimbra (2019); na Universidade Ca?Foscari de Veneza (2017), onde ministrou a “laurea magistrale” História da Sociologia Crítica; Visiting Professor da Universidade de Coimbra (2019) e Visiting Research Fellow na Universidade de SUSSEX, Inglaterra (1997/8). Ministrou cursos de pós-graduação e graduação e conferências em várias universidades na Europa (Itália, Espanha, França, Inglaterra, Portugal, Suíça); na América do Norte (EUA); América do Sul (Argentina, Uruguai, Chile, Venezuela, Equador, Colômbia, Guatemala, Costa Rica, Cuba) e na Ásia (China e Índia).

This presentation speaks to the large process of capital’s productive restructuring, triggered in the 1970s—a process with tendencies to both intellectualize labour power and increase the levels of the working class’ precariousness on a global scale.

The hypothesizes is that instead of work’s loss of centrality in contemporary capitalism, when the world of production is analyzed in its global dimension, including countries in the North and South, a substantial process of growing heterogeneity, complexity, and fragmentation is observed. The resulting configuration is a new morphology of the working class. Therefore, as new mechanisms are created to generate surplus labour, there is, simultaneously, an increment in casualization and unemployment, pushed by the ongoing corrosion of labour rights in countries all across the globe.

 

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Márcio Pochmann - Regimes de Acumulação e Fluxos Migratórios

Marcio Pochmann é Doutor em Ciências Econômicas e professor titular do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas e autor de mais de 60 livros sobre economia, trabalho, sociedade e políticas públicas. Além da atuação como pesquisador no Brasil e no exterior, acumulou experiências na gestão pública como secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da cidade de São Paulo e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em Brasília.

Pochmann foi pesquisador visitante em universidades da França, Itália e Inglaterra. Como consultor, trabalhou no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro Empresas (Sebrae), na Federação das Indústrias do estado de São Paulo (Fiesp) e em órgãos das Nações Unidas, incluindo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal).

 Em 2012, Pochmann concorreu à prefeitura de Campinas recebendo no primeiro turno 28,6% dos votos. Seu oponente, Jonas Donizette, foi eleito no segundo turno com 57,7% dos votos válidos. Pochmann concorreu novamente a prefeitura de Campinas obtendo desta feita 15% dos votos, ocupando o terceiro lugar da disputa, sendo superado por Donizette e Artur Orsi. Nas eleições estaduais de 2018, concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados não obtendo votação suficiente para ser eleito, alcançando 53.261 mil votos.

Em 2012, o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores nomeou Pochmann como presidente da Fundação Perseu Abramo, exercendo mandatos. Hoje, ocupa a posição de Presidente do Instituto Lula.

Foi agraciado com o Prêmio Jabuti em 2002.

 

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Brasileiros no Canadá

Embora as relações entre Brasil e Canadá remontem a 1866 quando o Canadá inaugurou sua primeira missão comercial no território brasileiro, o primeiro registro de movimento migratório que se tem conhecimento ocorreu em 1902, quando um grupo de 48 brasileiros viajou em direção a …

Brasileiros no Japão

A emigração de brasileiros para o Japão está ligada ao fluxo migratório de japoneses para o Brasil no início do século XX. Impulsionado pelo próprio governo japonês e pela demanda de mão de obra para a cafeicultura em expansão no oeste paulista, cerca de 190.000 japoneses emigraram para o Brasil …

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