Enquanto o Censo Britânico de 2001 enumerava apenas 8 mil brasileiros morando em Londres, estimativas não oficiais punham este número entre 15.000 e 50.000 (Cwerner, 2001). Hoje, organizações brasileiras baseadas em Londres estimam que…
Brasileiros na Europa
BRASILEIROS NA EUROPA
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INTRODUÇÃO
Maria Stella Ferreira sugere a seguinte periodização do processo de imigração europeia para o Brasil:
(a) 1820-1876: pequeno número de imigrantes (cerca de 6.000 por ano), predominância de portugueses (45,73%), com números significativos de alemães (12,97%);
(b) 1877-1903: grande número de imigrantes (cerca de 71 mil por ano), predomínio de italianos (58,49%);
() 1904-1930: grande número de imigrantes (cerca de 79 mil por ano), predomínio dos portugueses (36,97%);
(d) 1931-1963: diminuição do número de imigrantes (cerca de 33,5 mil por ano), predomínio dos portugueses.
A influência de ideais raciais pseudo- científicas dominantes entre as elites brasileiras levou, após da abolição da escravidão, levou o governo brasileiro a acreditar que a identidade nacional seria possível somente na base da imigração européia, perpetuando assim, a dominação da população branca. Assim, a população negra livre foi substituída pela mão de obra européia.
Um momento de intenso fluxo para fora da Europa, aconteceu depois da Primeira Guerra Mundial, como consequência dos re-agrupamentos territoriais, das expulsões maciças de populações e das perseguições ideológicas, étnicas e políticas.
Passados mis de vinte anos desde o fim da Primeira Guerra, dá-se a Segunda Guerra Mundial que fez com que verva de oito milhões de pessoas se vissem forçadas a bandonar a Alemanha.
A partir da metade do século passado, o crescimento econômico fez com que a Europa passasse a ser destino para imigrantes de todo o mundo. Inicialmente, eles eram oriundos de um número reduzido de países da própria Europa, como foi o caso dos portugueses e espanhóis. Esse volume passou a ser reforçado por magrebianos do norte da África, além de trabalhadores convidados por programas especiais de recrutamento de mão-de-obra (guest worker programs), como os turcos na Alemanha. Mais recentemente, a diversidade dos países de origem, assim como o número de imigrantes, aumentou significativamente. Países como Portugal, Espanha, Itália e Grécia passaram de “exportadores” de mão-de-obra para “importadores” em larga escala (Fernandes, 2008). Hoje, por exemplo, vários países europeus, grandes e pequenos, têm um estoque de imigrantes maior que 10% das suas populações totais – Luxemburgo (37,4%), Áustria (15,1%), Suécia (12,4%), Alemanha (12,3%), Espanha (11,1%) e França (10,7%).
Houve mudanças também na origem dos fluxos migratórios, incluindo agora imigrantes dos países do Leste Europeu e de diversos países da América Latina, entre eles o Brasil. A emigração brasileira para a Europa está relacionada, em parte, a fatores históricos e culturais decorrentes do próprio processo migratório brasileiro, que até pouco tempo recebia migrantes provenientes de Portugal, Espanha, Itália e Alemanha.
Os emigrantes brasileiros passam a percorrer o caminho inverso que imigrantes portugueses, espanhóis, alemães e italianos percorreram no passado. Aliado aos fatores históricos, duas outras razões atraem os brasileiros para a Europa: o crescimento da economia com a formação da União Européia e o fato de que muitos brasileiros decendentes de europeus têm dupla nacionalidade.
QUANTOS SOMOS E ONDE VIVEMOS
A emigração brasileira para a Europa intensificou-se nos últimos 20 anos. O primeiro fluxo importante, por razões históricas e culturais, diz respeito à entrada de brasileiros em Portugal. Esse fluxo consolidou-se durante a década de 1990 e manteve-se relativamente estável até o final da década de 2000.
No último levantamento do Ministério das Relações Exteriores do Brasil em 2022, constatou-se que mais de 4,6 milhões de brasileiros viviam no exterior com quase 1,5 milhão vivendo na Europa. Ou seja, mais de 32% dos brasileiros que estão no exterior vivem na Europa, uma população menor somente do que a população brasileira residente nos Estados Unidos, 2,1 milhão ou 45% dos brasileiros emigrados.
A maior concentração de brasileiros é nos Estados Unidos, onde vivem 1,9 milhão de brasileiros (42% do total). Portugal é o segundo país com mais brasileiros (360 mil ou 7,8% do total), seguido por Paraguai (254 mil ou 5,4%), Reino Unido (220 mil ou 4,8) e Japão (206.990 ou 4,5%).
Segundo a mesma fonte, Portugal tinha o maior contingente de emigrantes brasileiros na Europa, com 360.000 (24%), seguido do Reino Unido com 220.000 brasileiros (15%), a Espanha, com 165.000 (11%), e a Alemanha, com 160.000 (10,7%). Estes quatro países juntos, representam cerca de 61% da população brasileira residindo na Europa.
Mapa: Maiores Comunidades Brasileiras na Europa Por Países
Os países com menor número de brasileiros na Europa são a Moldávia (12), o Vaticano (15), a Geórgia (28), a Armênia (30) e Belarus (40).
As cidades de Lisboa com 250.000 (17%), Londres com 190.000 (13%), Madri com 90.000 (6%), Milão com 87.000 (5,8%), Dublin com 80.000 (5,4%), Porto com 80.000 (5,4%), Amsterdã com 76.500 (5,1%), Barcelona com 75.000 (5%), Roma com 70.000 (4,7%), Berlim com 60.000 (4%) e Paris com 60.000 (4%) são as cidades com maior concentração de brasileiros na Europa. Juntas, estas onze cidades representam 75% da população brasileria residente na Europa.
Mapa: Maiores Comunidades Brasileiras na Europa Por Cidades
Brasileiros em Londres
Brasileiros nos EUA e em Massachusetts
Este documento é patrocinado pelo Instituto Gaston e pelo Instituto Diaspora Brasil (IDB). Ele atualiza o relatório ‘Brasileiros nos EUA e em Massachusetts: Um Perfil Demográfico e Econômico’ publicado em 2007 por Álvaro Lima e Carlos Eduardo Siqueira.
As comunidades imigrantes…
Brasileiros na Itália
A imigração brasileira para a Itália tem raízes históricas. Na primeira metade do século XIX, o Brasil foi pressionado pelo Reino Unido para acabar com o tráfico de escravos criando uma crescente escarces de mão-de-obra nas zonas de expansão cafeeira. A primeira medida adotada pelos senhores do café …
Brasileiros no Canadá
Embora as relações entre Brasil e Canadá remontem a 1866 quando o Canadá inaugurou sua primeira missão comercial no território brasileiro, o primeiro registro de movimento migratório que se tem conhecimento ocorreu em 1902, quando um grupo de 48 brasileiros viajou em direção a …
Brasileiros no Japão
A emigração de brasileiros para o Japão está ligada ao fluxo migratório de japoneses para o Brasil no início do século XX. Impulsionado pelo próprio governo japonês e pela demanda de mão de obra para a cafeicultura em expansão no oeste paulista, cerca de 190.000 japoneses emigraram para o Brasil …
A maioria dos brasileiros que emigram para a Europa tem um perfil similar ao dos brasileiros que emigram para os Estados Unidos, A diferença está na composição de gênero. Mais mulheres emigram para a Europa do que para os Estados Unidos (PATARRA, 2005). Por muito tempo, quem deixava o Brasil para a Europa era, na grande maioria, pessoas solteiras em busca de oportunidades. Atualmente, famílias inteiras, profissionais com alta qualificação e acadêmicos são a grande parte dos imigrantes brasileiros na Europa.
Segundo publicação da ETIAS Europa, fatores como a violência, instabilidade política, crise econômica e baixa qualidade de vida estão entre as principais motivações para os brasileiros saírem do país. Do lado dos fatores de atração, a língua em comum no caso de Portugal, oportunidade de trabalho e a busca por uma melhor qualidade de vida tornam atrativas as cidades européias.
Por fim, a criação do “Espaço Schengen,” possibilitou a capacidade de circulação em 29 paises tornando a Europa ainda mais atrativa para os imigrantes. No entanto, as legislações internas de cada país em relação a obtenção de nacionalidade, permissão de residência, entre outros aspectos ligados a direitos migratórios ficaram circunscritos aos países membros. Estes aspectos em conjunto com a militarização das fronteiras da União Européia via a criação da Agência Européia para o Controle de Fronteira (FRONTEX) e a crescente onda de racismo, xenofobia e nativismo têm tornado a migração para a Europa e a vida dos imigrantes residentes na União Européia cada vez mais difícil e arriscada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÓGUS, Lúcia Maria Machado. Migrantes brasileiros na Europa Ocidental: uma abordagem preliminar. Emigração e imigração internacionais no Brasil contemporâneo. São Paulo: FNUAP, p. 111-121, 1995.
BÓGUS, Lucia Maria Machado. Do Brasil para a Europa – Imigrantes Brasileiros na Península Itálica neste Final de Século. Anais do X Encontro de Estudos Populacionais, Caxambu, 1996, p.893-916.
Carvalho, Flávio e Flávio Souza. 2008. “Qual Migração Brasil – Espanha?” Texto enviado ao Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios – CSEM em Julho de 2008.
CARVALHO, Flávio; SOUZA, Flávio. Qual migração Brasil-Espanha. Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios (CSEM). 2008. Disponível em: http://www.csem.or.br/artigos_port_artigos08.html.
COMMISSION OF THE EUROPEAN COMMUNITIES (COM). Policy Plan on legal Migration. Brussels, 2005.
EUROSTAT. Statistics Explained. Migrations and migrant population statistics. March 2024.
FERNANDES, Duval Magalhães; RIGOTTI, José Irineu Rangel. Os brasileiros na Europa: notas introdutórias. SEMINÁRIO “BRASILEIROS NO MUNDO”, Palácio do Itamaraty, Rio de Janeiro. Anais, 2008.
LEVY, Stella Ferreira. (2003). O Papel da Migração Internacional na Evolução da População Brasileira (1872-1972).
MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, Secretaria de Comunidades Brasileiras e Assuntos Consulares e Jurídicos. Comunidades Brasileiras no Exterior – Ano-base 2022. Agosto de 2023.
PATARRA, Neide Lopes. Migrações internacionais de e para o Brasil contemporâneo: volumes, fluxos, significados e políticas. São Paulo em perspectiva, v. 19, n. 3, p. 23-33, 2005.
Instituto Diáspora Brasil atualiza perfil da comunidade brasileira em MA
O Instituto Diáspora Brasil realizará um estudo para atualizar o perfil da comunidade brasileira em Massachusetts nos próximos meses. O objetivo é compreender as experiências de vida dos imigrantes brasileiros no estado após a comunidade ter quase dobrado de tamanho na última década…
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O artigo “O sonho frustrado e o sonho realizado: as duas faces da migração para os EUA”, de Sueli Siqueira, apresenta quatro tipos de retorno. O primeiro é o “retorno temporário”, quando o imigrante define os Estados Unidos (ou outro país qualquer) como seu local de residência, juntamente à sua família assim como …
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As remessas são, em geral, entendidas somente como remessas monetárias. No entanto, elas podem também ter natureza social cultural. Peggy Levitt em seu artigo Social Remittances: Migration-driven Local-development Forms of Cultural Diffusion (1998) e subsequente livro The Transnational Villagers (2001), cunhou o termo “remessas sociais” (social remittances) para realçar o fato de que os imigrantes…
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