No dia 18 de Maio de 2017 realizou-se a inauguração da  Biblioteca Miryam Wiley no Espaço Digaai. A biblioteca Já conta com uma coleção significante incluindo livros sobre a imigração brasileira, transnacionalismo, identidade, além de textos de autores da diáspora brasileira. A biblioteca conta ainda com uma vasta videoteca com títulos diversos do cinema brasileiro. Parte integral da biblioteca é o acêrvo virtual existente na plataforma digaai.
Está em marcha também, a coleta de fundos e doação de livros para o estabelecimento de uma seção infantil. Os livros selecionados tiveram a acessoria da Professora Maria A. Vieira Champlin, Portuguese Lecturer, Romance Languages Department, Tufts University que baseou a seleção da bibliografia que comporá esta seção no “Guia IAB de Leitura para a Primeira Infância: Os 600 Livros que Toda Criança Deve Ler Antes de Entrar Para a Escola ” do Instituto Alfa e Beto (IAB).

Bio:

Miryam Lúcia Simões Coelho Wiley integrou a comunidade brasileira na região de Boston durante 25 anos.
Pioneira em 1972, foi a primeira intercambista a sair da cidade de São João del Rei em Minas Gerais, sua terra natal, para passar um ano de ‘high school’ em Kokomo, Indiana, onde se tornou fluente em inglês.
Jornalista aos 21 anos, formada pela UFMG, Miryam herdou do pai, advogado e também jornalista, o faro do bom repórter e o texto literário. Começou sua carreira na Rede Globo, como repórter e também como como apresentadora do Jornal Hoje. Sua grande paixão, entretanto, foi apresentar o telejornal infantil Globinho, que também ajudava a escrever. Em 1982, foi para Denver, Colorado, com uma bolsa de desenvolvimento profissional concedida pela Partners of the Americas, para uma curta estadia. Mas na mesma noite de sua chegada, conheceu Bruce Wiley e, apenas 6 semanas depois, eles se casaram!
Assim, Miryam deixou a TV Globo e mudou-se para os Estados Unidos, onde, depois de ter sua primeira filha, Katherine, graduou-se novamente em Jornalismo pelo Metropolitan State College of Denver, e continuou sua carreira pesquisando, traduzindo, aprimorando-se sempre, em Inglês e Português.
Miryam chegou à região de Boston em 1990. Enquanto cuidava das duas filhas, Katherine e Andrea, começou a escrever para o jornal The Wellesley Townsman e iniciou a coluna “In America” no Metrowest Daily News, que assinou por 15 anos. Escrevia principalmente sobre os imigrantes sem documentos da região de Boston, sempre com o entusiasmo genuíno de quem gostava de conhecer pessoas e suas histórias. Juntou-se à comunidade brasileira escrevendo para o Brazilian Times, além de fazer traduções como free lancer e trabalhar para o Centro do Imigrante Brasileiro. Em 2010 Miryam trabalhou no Censo Americano. Exerceu cargos no Grupo Mulher Brasileira, no qual fez parte da Diretoria, e também passou um período coordenando a cooperativa Vida Verde, uma organização que auxilia as brasileiras que trabalham como faxineiras nos Estados Unidos em relação ao uso de produtos de limpeza não prejudiciais à saúde. Miryam se orgulhava de ser membro da Society of Professional Journalists.
Além do seu trabalho no jornalismo, o coração de Miryam estava também com a Federation for Children with Special Needs, na qual ela foi membro do Conselho por muitos anos, atuando principalmente junto às famílias imigrantes com crianças com necessidades especiais.
Sua viagem anual ao Brasil já era tradição e aguardada com grande expectativa pela família. O mês de julho era sempre de intensa atividade na terra natal e em viagens pelo país, acima de tudo matando a saudade dos muitos parentes e amigos.
O falecimento de Miryam, no dia 06 de março de 2016, depois de uma longa e corajosa batalha contra o câncer, foi noticiado nos jornais Brazilian Times, The Wellesley Townsman, Metrowest Daily News e no Boston Globe.
O Brazilian Times escreveu: “o falecimento desta profissional significa grande perda, pois ao longo dos anos, ela escreveu seu nome na história, participando de momentos importantes da comunidade brasileira nos EUA”.
Márcio Porto, diretor da Central do Trabalhador Imigrante Brasileiro (CTIB), da qual Miryam foi co-fundadora, comentou: “Nós da CTIB sentimos muito a morte de Miryam Wiley, uma colaboradora voluntária, jornalista experiente, sempre empenhada na assessoria de várias entidades brasileiras em Massachussetts.”
Para Heloísa Galvão, diretora do Grupo Mulher Brasileira, “ela foi companheira e inspiração para todos que tiveram o privilégio de conhecê-la”.
Miryam viveu na intensidade de suas paixões, fiel às suas crenças, honrando o tempo que lhe foi concedido. Foi uma lutadora do bem – seja da família, dos brasileiros nos Estados Unidos ou de grande causas sociais. E não se entregou quando veio a doença, acreditando sempre que conseguiria superá-la. Ela sempre será, para todos que conviveram com ela, uma personalidade marcante, uma figura inesquecível!
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