BRASILEIROS NA FRANÇA

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INTRODUÇÃO

A história das relações franco-brasileiras tem início no século XVI, com o projeto de criação da “França Antártica”, uma colônia francesa em terras brasileiras que eram na época domínio da Coroa Portuguesa (TAVARES, 1979). O empreendimento embora tenha conhecido certo sucesso, foi completamente derrotado pelos portugueses em 1565.

No século XIX, com a independência do Brasil em 1822 um número crescente de brasileiros buscavam adquirir os conhecimentos demandados pela desenvolvimento nacional em universidades francesas. Por outro lado, as idéias francesas, em particular o positivismo de Augusto Comte, eram amplamente compartilhadas pelos intelectuais brasileiros e ajudaram em grande medida na construção das instituições brasileiras.

Durante este período e começo do século XX, as classes mais ricas do Brasil buscavam viver o glamour da belle époque e mergulhar na vida cultural francesa, particularmente desta de Paris. Os laços entre Brasil e França foras reforçados por uma série de acordos no âmbito acadêmico e projetos de parceria científica que foram essenciais na formacão e estruturação de importantes institutos e e universidades brasileiras como é o caso da Universidade de São Paulo.

A partir da década de 1960, com a instituição da ditadura militar no Brasil, os brasileiros procuraram refúgio político na França.

Mais recentemente, os brasileiros tem migrado para a França em busca de melhores oportunidades como estudantes[1] ou trabalhadores. Este fluxo faz parte no entanto de um movimento migratório maior gerado pela crise econômica brasileira da década de 1980 que comprometeu o status econômico e social das classes médias brasileiras.

A França, embora não seja o país de destino maior dos brasileiros, com a formação do espaço de livre circulação e dos ataques terroristas de 11 de setembro nos Estados Unidos que causaram um maior controle das fronteiras americanas, ela se tornou uma importante porta de entrada na Europa para os brasileiros. Outros dois fatos importantes que fortalecem a França como porta de entrada, foram a não exigência de visto de entrada para deslocamentos de duração inferior a 90 dias e sua posição estratégica – ela faz fronteiras com a Bélgica, Alemanha, Itália, Suíça e Espanha, além da proximidade com o Reino Unido.

Quantos Somos e Quem Somos

A composição da comunidade brasileira na França mudou bastante desde os anos 1980 quando a maioria dos brasileiros residents eram estudantes, exilados políticos, e mais tarde, pesquisadores atraídos pelas universidades francesas. Como referido anteriormente, a partir da década de 1980, a França passou a receber imigrantes brasileiros em busca de melhores oportunidades economicas. Em 1982, segundo dados do Institut National de la Statistique et des Études Économiques (INSEE), haviam cerca de 5.300 brasileiros imigrantes e cerca de 3.800 brasileiros estrangeiros no país (total de 9.100). Os immigrants, segundo a definição do INSEE, são aqueles brasileiros que vivem na França, nasceram no Brasil, e obtiveram nacionalidade francesa. Os estrangeiros são aqueles brasileiros que moram na França mas não são naturalizados. Em 2008 estes números alcançaram a casa de 25.000 e 14.000 respectivamente (total de 39.000).[2]

Ainda de acordo com os dados do INSEE, o número de brasileiras na França é maior do que o dos brasileiros. As mulheres representavam 59% dos imigrantes brasileiros na França em 1982 e 62% em 2008. Entre os estrangeiros, as mulheres são também maioria: 56% em 1982 e 62% em 2008. O mesmo Instituto revelou que a grande maioria dos brasileiros vivendo na França são adultos entre 18 a 59 anos. Aqueles com 60 anos ou mais representam o menor grupo. Por outro lado, estes com com menus de 18 anos representavam 34% dos imigrantes brasileiros (1999). Em 2008, este grupo diminuiu passando a representar somente 16%. O INSEE não reporta dados pertinentes a novel educacional, tipo de ocupação ou renda.

De acordo com os registros do Ministério das Relações Exteriores[1] a população de immigrants brasileiros na França cresceu de 30.000 pessoas em 2008 para 80.000 pessoas em 2011, ou seja, um aumento de 166%.[3] Este aumento representa uma nova configuração da distribuição dos brasileiros residentes na Europa, resultado de dois processos recentes: os efeitos negativos da crise economica de 2008 principalment nos Estados Unidos e na Espanha; e as novas possibilidades de circulação que se abriram com a criação do espaço Schengen[4]

Segundo Gisele Almeida[5] a maioria dos imigrantes trabalhadores brasileiros na França são oriundos dos estados de Goiás, Minas Gerais e Paraná, em geral empregados na construção civil, renovacão de imóveis, setor de limpeza e baby-sitting.

A Crise Economica e as Posturas Anti-Imigração

A situação fiscal-financeira da França não é tão ruim quanto esta da Grécia, Portugal ou Espanha mas exigirá sacrifícios semelhantes por parte da população do país. Segundo o FMI, o crescimento economico do país será de 0,5% em 2012 com taxas de desemprego, principalmente entrre os jovens de 15 a 24 anos chegando a 25%. Como é peculiar nests situações, as posições anti-imigração e anti-imigrante atingem proporções maiores. É sob estas condições que a imigração brasileira vem se dando, um contexto marcado por obstáculos legais crescentes e pressão política constante além de práticas sociais racistas e xenófobas.

Brasileiros na América do Sul

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Brasileiros no Chile

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Almeida, Gisele Maria Ribeiro. 2011. As “Causas” e os “Motivos” na Emigração de Brasileiros para a França. Artigo apresentado no VII Encontro Nacional sobre Migrações de Tema Central: Migrações, Políticas Públicas e Desigualdades Regionais. Curitiba, PR. http://www.digaai.org/wp/pdfs/brasileiros_franca.pdf

Almeida, Gisele Maria Ribeiro. 2011. Os Brasileiros na França. São Paulo. SP. http://www.digaai.org/wp/pdfs/brasileirosnafranca.pdf

Almeida, Gisele Maria Ribeiro. 2013. Au Revoir, Brésil: Um Estudo sobre a Imigração Brasileira na França Após 1980. Campinas. SP. http://www.digaai.org/wp/pdfs/almeidagiselemariaribeirode.pdf

Amaral, Ruy Pacheco de Azevedo. 2008. Ano do Brasil na França. Fundação Alexandre Gusmão. Brasília.

Martins, Carlos Bendito. (org). Diálogos entre o Brasil e a França: Formação e Cooperação Acadêmica. Recife

Mazza, Débora. 2009. Intercâmbios Acadêmicos Internacionais: Bolsas capes, CNPq e Fapesp. Cadernos de Pesquisa. v. 39, n. 137, Mai/Ago 2009.

Peralva, Angelina. 1994. França: Imigrantes, Estarngeiros, Estranhos. In Lua Nova: Revista de Cultura e Política. São Paulo. n.33. p. 59-76. [2]

Roland, Denis. 2008. L’etat Français et les Exils Brésiliens: Prudence D’etat, Guerre Froide et Propagands. In Santos, Idelette Muzart-Fonseca dos e Roland, Denis. L’exil Brésilien en France: Historie et Imaginaire. Paris: L’Hartmettan.

Roland, Denis. 2008. L’exil des Disctatures: Impact Conjoncturiel dans la Présence Latino-américaine en France?. In Santos, Idelette Muzart-Fonseca dos e Rolland, Denis. L’exil Brésilien en France: Histoire et Imaginaire. Paris: L’Hartmattan.

Tavares, Aurélio de Lyra. 1979. Brasil-França: Ao Longo de Cinco Séculos. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército.

Valente, Pamela. “Os Brasileiros na França.” In: Rádio França Internacional, 07/07/2005. [3]

Xavier de brito, Angela. 2000. Transformações Institucionais e Características Sociais dos estudantes Brasileiros na França. In: BIB – Revisita Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, n. 50.

 

REFERÊNCIAS
1

Segundo dados do Ministére des Affaires Étrangéres et Européennes (2009), 40% dos estudantes oriundos dos países sul-americanos no período 2008-2009 eram brasileiros

2 A diferença aqui é feita entre os brasileiros naturalizados e os não-naturalizados.
3 Esta população representa no entanto somente 7 por cento da população brasileira residente na Europa.
4 O Acordo Schengen estabelece a livre circulação entre as populações dos estados signatários.
5 Au Revoir, Brésil: Um Estudo sobre a Imigração Brasileira na França Após 1980

 

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