BRASILEIROS NA FLÓRIDA

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Distribuição da População Brasileira por Condado – Flórida. Fonte: 2000 U.S. Census.

INTRODUÇÃO

O estado da Flórida esta dividido administrativamente em 68 condados. Embora os brasileiros possam ser encontrados na maioria destes condados, eles encontram-se concentrados principalmente nos condados de Miami-Dade e Broward e nas cidades de Orlando e Fort Meyers. Segundo o censo americano de 2000, oitenta e cinco por cento dos brasileiros residentes na Flórida estão concentrados em quatro condados: Broward (36%); Mimai-Dade (30%); Orange (11%) e Palm Beach (8%).

Concentração da População Brasileira por Área Censitária (Census Tracts) – Miami Fonte: 2000 U.S. Census. Miami é um dos pontos mais antigos de recepção do fluxo migratório brasileiro para o estado começando com empresários e funcionários de empresas brasileiras nas décadas anteriores a 1980, acelerado no final desta década quando do boom do turismo brasileiro para a região.

Este boom deu origem a um setor comercial brasileiros em Miami destinado a fornecer este fluxo de turistas e os chamados “sacoleiros” a procura de aparelhos eletro-domésticos não existentes ou de alto custo no Brasil. A desvalorização do real marcou o fim deste comércio e de uma grande crise entre a comunidade brasileira que se formou a partir deste. Alguns brasileiros, principalmente donos de lojas, voltaram para o Brasil ou abriram lojas de importação e exportação. Outros, começaram a explorar outras ocupações no mercado de trabalho de mão-de-obra não-qualificada. Hoje, mesmo após as crises econômicas mais recentes, a comunidade brasileira encontra-se mais ou menos estabilizada e é bastante visível no norte do condado de Broward, principalmente em Pompano Beach e Deerfield Beach.

Segundo Valéria Barbosa de Magalhães (2003) (2004),[1] a inserção histórica dos brasileiros na Flórida seguiu a trajetória seguinte: 

  • A partir da década de 1980: empresas multinacionais enviaram funcionários brasileiros para trabalhar em Miami; 
  • Governo Collor de Melo: a abertura do mercado brasileiro estimulou o comérico entre o Brasil e a Flórida. O congelamento bancário em 1992 fez com que vários brasileiros deixassem o país (Resende, Rosana, “Tropical Brazucas”, apr/8/02.); 
  • Plano Real (1994): a valorização do real estimulou o turismo voltado a compra em Miami para revenda no Brasil. Este processo viabilizou a abertura de várias lojas e o emprego de brasileiros criando um fluxo migratório crecsente para a região; 
  • Desvalorização do Real (1998): porque a dieferença entre o dólar e o real aumentou, o turismo brasilerio para a região e, principalment para Miami, reduziu drásticamente pondo fim a chamada “Brazilian Downtown Era;” 
  • Crise Econômica do Governo Cardoso: o aumento do desemprego, pobreza e violência no Brasil na década de 1990 foram algumas das razões que provocaram o retomar da emigração brasileira; 
  • 11 de Setembro: este evento marcou uma importante etapa na história da emigração para os Estados Unidos porque ele mudou a perspectiva dos emigrantes em relação aos Estados Unidos dada a onda anti-imigrante no país e o aumento constante da fiscalização das fronteiras e da criminalização da imigração ilegal
  • A Descoberta de Pompano Beach e Deerfield Beach pelos brasileiros: a chegada das igrejas evangélicas brasileiras e de missionários evangélicos nos anos 1990 foram razões importantes para o aumento da presença brasileira nestas áreas. Outro fator importante, comparado a Miami por exemplo, é a presença pequena de populações hispanas que competem pelo mesmo mercado de trabalho aumejado pelos brasileiros;

Segundo pesquisa realizada por José C. Alves e Lúcia Ribeiro (2002)[2] a maioria dos brasileiros residindo na Flórida, principalmente no sul, é de origem mineira, mas há também um número crescente de pessoas do Nordeste, do Sudeste e do Sul do Brasil.

Quanto somos e o que fazemos

Segundo o Censo americano de 2000, a Flórida tinha 46.694 pessoas de origem brasileira na sua maioria mulheres (54%) com idade média de 34 anos. As faixas etárias com maior predominância são estas entre as idades de 20 a 34 anos e 35 a 50, contando cada uma com cerca de um terço da população brasileira. A população brasileira no estado cresceu

 

Distribuição da População Brasileira por Gênero – 2000. Fonte: U.S. Census 2000.

 

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Brasileiros na Europa

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Distribuição da População Brasileira por Idade – 2000. Fonte: U.S. Census 2000.

Distribuição da População Brasileira por Tipo de Cidadania – 2000. Fonte: U.S. Census 2000.

Distribuição da População Brasileira por Estado Civil – 2000. Fonte: U.S. Census 2000.

Distribuição da População Brasileira por Tipo de Ocupação – 2000. Fonte: U.S. Census 2000.

Distribuição da População Brasileira por Grau de Educação Formal – 2000. Fonte: U.S. Census 2000.

de maneira significativa quando comparada as estimativas do Censo de 1990 que registrou somente 8.682 brasileiros. O América Community Survey (ACS) contou 70.245 brasileiros vivendo na Flórida em 2009 (2005-2009 ACS). No entanto, os dados oficiais dos Censos diferem das estimativas do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (MRE) segundo as quais, cerca de 300.000 brasileiros vivem na Flórida. [[1]] [[2]] [[3]]

A maioria da população brasileira da Flórida está concentrada nas áreas de Miami-Fort Lauderdale-West Palm Beach com 69,6 por cento da população brasileira do estado e Orlando com 15,7 por cento destes. Juntas elas representam 85,3 por cento da população do estado (2000 Census). Esta distribuição aplicada as estimativas do MRE produzem uma população de 208.000 pessoas na primeira área e 47.100 pessoas na segunda contrastando com os números do Censo que indicam 31.000 e 7.000 brasilerios vivendo nas duas áreas respectivamente. As características demográficas das populações brasileiras vivendo nestas áreas são semelhantes a estas da população brasileria do estado.

A maioria dos brasileiros residentes na Flórida são casados (57%) com 19 por cento deles tendo nacionalidade americana, uma proporção similar a dos brasileiros a nível nacional. De acordo ainda com o Censo de 2000, 62 por cento dos brasileiros com mais de 16 anos de idade estavam empregados. Este nível de participação da força de trabalho é similar também ao desta dos brasileiros a nível nacional. No entanto, em 2000, o nível de desemprego entre os brasileiros da Flórida era de 6 por cento, dois pontos mais alto do deste da população brasileira como um todo.

As ocupações com maior frequência entre os brasileiros da Flórida são as ocupações técnicas, vendas e de apoio administrativo[3] (27%), seguida por ocupações manageriais e professionais [4](25%) e ocupações relacionadas aos serviços[5] (24%). Os brasileiros residentes na Flórida tem uma taxa de emprego autônomo (self-employed) de 18 por cento, uma taxa maior do que a taxa média americana de 13 por cento. Este fato reflete a capacidade empreendedora da comunidade brasileira da Flórida.

Assim como a maioria das características demográficas da população brasileira da Flórida, o nível educacional (educational attainment) destes, é bastante similar ao da população imigrante brasileira nos Estados Unidos. A população brasileira da Flórida tem um número menor de pessoas com um nível educacional equivalente a oitava série ou menor, assim como estes com a escola média incompleta, do que a população brasileira no país. Por exemplo, enquanto 15 por cento dos brasileiros da Flórida tem estes níveis de educação, os brasileiros em todo o país registram 20 por cento da população total com equivalentes níveis educacionais. No que se refere aos níveis de educação formal mais altos, bacharelato por exemplo, os brasileiros da Flórida tem níveis mais altos. Trinta e cinco por cento deles tem o bacharelato ou níveis superiores a este, enquanto somente 32 por cento dos brasileiros como um todo tem graus elevados de educação.

A população brasileira da região de Miami-Fort Lauderdale-West Palm Beach assim como esta da região de Orlando são formadas na sua maioria por mulheres (52% e 56% respectivamente comparado a 54% para a população brasileira residente no estado). A maioria dos brasilerios residentes na região de Miami-Fort Lauderdale-West Palm Beach é casada (57%), 34 por cento deles entre as idades de de 20 a 34 anos, e 21 por cento naturalizados. Vinte e cinco por cento completaram a escola média e 35 por cento tem bacharelato ou nível maior de educação. Os brasileiros desta área estão empregados em ocupações ligadas ocupações técnicas, vendas e de apoio administrativo[6] (26% comparado a 27% para o total da população brasileira vivendo estado), seguida por ocupações manageriais e professionais [7](25%) e ocupações relacionadas aos serviços[8] (24%), proporções iguais a esta da população brasileria do estado. Os brasileiros residentes nesta área tem uma taxa de emprego autônomo (self-employed) de 22 por cento, uma taxa maior do que a taxa média estadual para a população brasileira. Por fim, a maioria dos brasilerio da área trabalha para empresas privadas (70%). Outros 3 por cento trabalham para empresas sem fins lucrativos (ONGs).

Na região da grande Orlando, localizada no Condado de Orange, as mulheres representam 56 por cento da população, uma porcentagem maior do que esta das mulheres na população brasileria do estado (54%) e na região de Miami-Fort Lauderdale-West Palm Beach. A maoria dos brasilerios desta área são casados (57%) a mesma proporção que esta dos brasileiros residentes no estado e na região de Miami-Fort Lauderdale-West Palm Beach. Quase metade deles estão entre as idades de 20 a 34 anos comparado a um terço para a população brasileria do estado. A taxa de naturalização entre os brasileiros desta área é de 19 por cento a mesma que a taxa média para todos brasileiros residentes no estado e menor do que esta da região de Miami-Fort Lauderdale-West Palm Beach (21%).

O nível de educação formal da região ee similar a este dos brasilerios do estado assim como assim como a distribuição de ocupações e a participação no setor privado (79%). Por fim, a taxa de emprego autônomo é de 11 por cento, uma taxa menor do os 18 por cento para a população brasileira do estado e os 22 por cento para estes vivendo na região de Miami-Fort Lauderdale-West Palm Beach.

Em 2000, a Flórida ocupava a posição de estado com a maior concentração de brasileiros (20%) passando assim Nova York que, em 1990, ocupava esta posição com 17 por cento dos brasileiros.[9] Recentemente, Massachusetts ocupa a posição de estado com a maior concentração de brasileiros (24%)[10]

Contribuição Econômica

Os brasileiros residentes na Flórida contribuem para a economia do estado como consumidores, pelos seus gastos na economia local, e enquanto empreendedores. Eles contribuem mais de $1 bilhão em gastos anuais de consumo, gerando $867 milhões em produto regional e masi de $183 milhões em impostos estaduais e federais. Estes gastos traduzem-se em mais de 10.760 empregos indiretos para a economia do estado. Enquanto empreendedores, suas mais de 786 empresas, geram receitas anuais de $209 milhões. esta empresas contribuem ainda cerca de $130 milhões para o produto regional, $8.2 milhões em impostos estaduais e federais. Elas empregam 2.096 pessoas e criam 1.628 empregos indiretos.

Referências

  “Imigração Brasileira para o Sul da Flórida” Valéria Barbosa de Magalhães, Proj. História, São Paulo, (27), p.283-294, Dez. 2003 e “DIVERSITY AMONG THE BRAZILIANS IN SOUTH FLORIDA:THE CASE OF THE GAYS AND LESBIANS” Valéria Barbosa de Magalhães (PhD Candidate in Social History at the Universidade de São Paulo/Brazil and Visiting Scholar at the Center for Latin American Studies of the University of Miami). Prepared for delivery at the 2004 Meeting of the Latin American Studies Association Las Vegas, Nevada October 7-9, 2004

  1.  Alves, José C. e Ribeiro, Lúcia. Migração, religião e transnacionalismo: o caso dos brasileiros no Sul da Flórida. Revista Brasileira de Ciência sociais, Agosto. 2002
  2.  technical, sales and administrative support occupations
  3.  managerial and professional occupations
  4.  service occupations
  5.  technical, sales and administrative support occupations
  6.  managerial and professional occupations
  7.  service occupations
  8.  1990 e 2000 U.S. Censuses
  9.  American Community Survey (ACS) – 2007.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Magalhães, Valéria Barbosa. “Imigração Brasileira para o Sul da Flórida.” Proj. História, São Paulo, (27), p. 283-294, Dez. 2003.

Magalhães, Valéria Barbosa. “Diversity Among the Brazilians in South Florida: The Case of the Gays and Lesbians.” Prepared for delivery at the 2004 Meeting of the Latin American Studies Association, Las Vegas, Nevada, October 7-9, 2004.

Ministério das Relações Exteriores – MRE. 2011. Brasileiros no Mundo – Estimativas.

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