NOTAS SOBRE A SUBESTIMAÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA

 

A subestimação das populações imigrantes nos Censos dos Estados Unidos (Decennial Census) e no American Community Survey (ACS) é um tema recorrente na literatura acadêmica, nos relatórios técnicos do U.S. Census Bureau e nas análises de organizações de defesa dos direitos dos imigrantes.
Os argumentos podem ser agrupados em fatores estruturais, fatores metodológicos e fatores sociopolíticos:

1. Fatores Estruturais

Estes decorrem das próprias características socioeconômicas, geográficas e culturais das comunidades imigrantes:

  • Alta mobilidade residencial: Imigrantes — especialmente os recém-chegados ou com status migratório instável — tendem a mudar de endereço com frequência, dificultando sua localização pelos recenseadores e reduzindo a probabilidade de inclusão nas listas de endereços atualizadas.

  • Concentração em moradias superlotadas ou não convencionais: Famílias ou grupos de imigrantes muitas vezes compartilham residências, vivem em porões, garagens convertidas ou habitações informais, que podem não constar no Master Address File (MAF) do Census Bureau. 
  • Barreiras linguísticas e culturais: Limitações no inglês e a ausência de materiais adequados em línguas maternas podem levar à não compreensão das perguntas, à baixa confiança no processo e à ausência de participação.

Além desses fatores, há ainda uma série de outros elementos que contribuíram para a subenumeração. Um exemplo recente e particularmente ilustrativo foi o Censo de 2020, que coincidiu com o início da pandemia da COVID-19, gerando inúmeros obstáculos operacionais e logísticos. Cidades com elevada concentração de estudantes foram especialmente afetadas, uma vez que grande parte desse contingente deixou temporariamente esses locais, retornando às suas regiões ou países de origem.

Adicionalmente, o medo e a profunda disrupção da vida cotidiana levaram muitas pessoas a não priorizar a resposta ao Censo. Outro fator relevante foi a impossibilidade de mobilização das prefeituras, universidades e organizações comunitárias e religiosas — atores fundamentais no engajamento populacional por meio dos chamados Complete Count Committees (CCC). Durante a pandemia, essas instituições concentraram seus esforços no atendimento às demandas emergenciais de saúde e assistência social, o que comprometeu severamente sua capacidade de apoiar a realização do Censo.

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 Papers:

USA – The Politization of the Statistical System by Marcio Pochmann

Rosenthal, M.D. (2000). Starving for Perfection: A Brief History of Advances and Undercounts in the U.S. Census. Government Information Quarterly, 17 (2), 193-208.

Bazuin, Joshua Theodore, and James Curtis Fraser (2013). How the ACS Gets It Wrong: The Story of the American Community Survey and a Small Inner City Neighborhood. Applied Geography 45 292-302.

Unchecking the Box: Has the U.S. government’s system of racial classification paved the way to a more equitable and just society?, David Bernstein, Winter 2022/2023. 

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