Brasileiros no Japão
Angelo IIshi é conselheiro, pesquisador Associado e curador da página “Brasileiros no Japão.” Formado em Jornalismo na USP com mestrado em Ciências Sociais na Universidade de Niigata no Japão, e doutorado na Universidade de Tokyo. Ishi ocupa hoje a posição de professor titular da Faculdade de Sociologia da Musashi University, em Tóquio.
Introdução
A emigração de brasileiros para o Japão está ligada ao fluxo migratório de japoneses para o Brasil no início do século XX. Impulsionado pelo próprio governo japonês e pela demanda de mão de obra para a cafeicultura em expansão no oeste paulista, cerca de 190.000 japoneses emigraram para o Brasil entre o período que vai da chegada do navio Kasato Maru em junho de 1908 trazendo o primeiro contingente japonês até 1941. Com o advento do Estado Novo e seu projeto nacionalista, uma série de leis e medidas restritivas a emigração foram impostas principalmente para os nacionais de países do Eixo – Japão, Itália e Alemanha. Escolas foram fechadas, publicação de revistas e jornais destas comunidades vetadas, os imigrantes proibidos de organizar atividades políticas e até mesmo de falar seu idioma. Durante este período, o Brasil rompeu relações diplomáticas com o Japão, abrigando a maior colônia japonesa do mundo.
Até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, os imigrantes japoneses no Brasil consideravam-se nihonjin, japoneses, pois mantinham a perspectiva de volta ao Japão.
Somente na década de 1950 o fluxo migratório japonês foi retomado. Deste período até 1988 o Brasil recebeu 53.555 imigrantes japoneses. Hoje, o Brasil é o país com a maior comunidade de origem japonesa no mundo, contando com cerca de 1,5 milhão de japoneses e seus descendentes que atualmente se encontram na terceira e/ou quarta geração (Sasaki, 2010).
No final dos anos 1980 este fluxo reverte-se e intensifica-se nos anos 90 com a crise econômica e social no Brasil. Conhecida como a “década perdida,” os anos 80 foram marcados pela “instabilidade política, queda do desempenho econômico, elevação do custo de vida, crescente queda do poder aquisitivo, alta taxa inflacionária, aumento do desemprego, concentração da renda, e em consequência, a deteriorização das condições de vida de grande parte da população, em particular os extratos médios” (Oliveira, 1997; Kawamura, 1999). Essa crise fez com que um grande número de brasileiros de classe média buscasse emprego no exterior principalmente nos Estados Unidos, Paraguai, Japão e na Europa (Assis & Sasaki, 2000).
Enquanto no Brasil a década de 1980 foi caracterizada pela recessão econômica, o Japão experimentava um boom econômico. As pequenas e médias empresas sofriam escassez de mão-de-obra que viria a ser provida pela mão-de-obra estrangeira. Além da questão demográfica, uma população idosa cada vez mais numerosa associada à baixa natalidade, os japoneses mais jovens recusavam-se a trabalhar nestas empresas pois não havia oportunidades de ascensão, preferindo as empresas maiores com maior perspectivas profissionais.
Com a reforma da Lei de Controle da Imigração promulgada em junho de 1990, os descendentes de japoneses oriundos da América do Sul, principalmente brasileiros e peruanos, formam o novo contigente de trabalhadores para estas pequenas empresas. Durante o período anterior à reforma de 1990, o Japão estava recebendo uma quantidade imensa de imigrantes “ilegais” oriundos do Paquistão, Bangladesh, China e Tailândia. A legislação de 1990 privilegiou então os imigrantes com ascendência japonesa de forma a não perturbar a homogeneidade étnica mítica do país (Sasaki, Elisa 2006).
Assim, filhos (nissei) e netos (sansei) dos japoneses que emigraram para a América do Sul foram a terra de seus ancestrais em busca de trabalho. Vistos para a quarta geração de descendentes japoneses (yonsei-jin) foram concedidos somente para aqueles acompanhados por aqueles da terceira geração – os nikkeis. Segundo Kawamura (1995), a palavra nikkey refere-se aos descendentes de japoneses nascidos fora do Japão e compreende os nisseis (segunda geração), saseis (terceira geração), yonseis (quarta geração) e os mestiços que emigram para o Japão, em geral, eram oriundos das classes médias urbanas. Mesmo exercendo atividades no Japão menos condicente com as suas qualificações profissionais, eles eram muito diferentes dos seus ancestrais que em geral eram agricultores no Japão. Eles diferem também dos outros emigrantes brasileiros pois possuem status migratório regular, e contam, via de regra, com o apoio institucional do governo japonês.
No Japão, ficaram conhecidos como dekasseguis, o que significa literalmente “trabalhando distante de casa” expressão esta que designa qualquer pessoa que deixa sua terra natal para trabalhar temporariamente em outra região ou país. A palavra dekassegui (em japonês 出稼ぎ) é formada por dois ideogramas deru (出る- sair) e kassegu (稼< – trabalhar para ganhar dinheiro), sendo aplicado a qualquer pessoa que deixa sua terra natal para trabalhar temporariamente em outra região. Originalmente o termo era aplicado aos trabalhadores sazonais, principalmente do norte do Japão que procuravam trabalho mais ao sul (Beltrão, Kaizô Iwakami e Sonoe Sugahara, 2006).
Segundo Angelo Ishi, Professor da Faculdade de Sociologia da Universidade de Musashi em Tóquio, a história da migração dos nikkeijin brasileiros para o Japão pode ser dividida em quatro estágios. O primeiro, começa nos meados dos anos 1980 e ficou conhecido como o fenômeno do U-Turn quando poucos isseis, primeira geração de imigrantes, retornam ao Japão. Este período foi gradualmente substituído pela migração dekassegui, termo que refere-se aos nisseis e sanseis.
A década de 1990 conhece um aumento extraordinário do número de brasileiros no Japão e o começo do assentamento desta comunidade. Aqui, conforme compreensão de Ishi, a palavra dekassegui é substituída pela palavra decasségui de forma a desvincular a conotação negativa da ortografia original.
Os anos 2000s marcaram a sedimentação dos imigrantes brasileiros residentes no Japão, passando, conforme com o mesmo autor, de decasségui a imigrantes. O período onde uma grande porção dos decasséguis deixaram de lado a ilusão do retorno. O número de pessoas que obtiveram permanente vistos aumentou de 2.644 em 1998 para 10.568 em 2003 e mais de cem mil nos anos seguintes.
A crise financeira global de 2008, criou desemprego massivo no Japão com efeitos nefastos para a comunidade brasileira.
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Quantos Somos e Onde Vivemos
Hoje, 206.000 brasileiros vivem no Japão, segundo dados do Ministério da Justiça daquele país. Uma população maior do que a apontada no Censo japonês de 2020 quando os brasileiros somavam 180.014 pessoas mas, menor que a população anterior, antes da crise de 2008, que chegou a mais de 300.000. MRE No Brasil, esta comunidade é contabilizada pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) como o terceiro maior grupo vivendo fora do país e somando XXXX em 2020 (XXXXXXX).
Em Abril de 2009, o governo japonês introduziu um programa incentivando os brasileiros e outros imigrantes latino americanos a retornar para seus países de origem oferecendo US$3.000 dólares para passagens e US$2.000 dólares para cada dependente. Aqueles que optaram em participar do programa teriam que concordar em não voltar para o Japão no futuro. Enquanto o número de brasileiros diminuiu, o número de imigrantes de outros países como a China, Filipinas e Vietnam, continuou a crescer dado outros esquemas de emprego como o sistema de estagiários.((De acordo com o Setor de Imigração do Ministério da Justiça do Japão, em 2007, as principais nacionalidades dos estrangeiros registrados no Japão eram: chineses com 606.889 (28,2%); coreanos com 593.489 (27,6%); brasileiros com 316.967 (14,7%); filipinos com 202.592 (9,4%) e peruanos com 59.696 (2,8%).))
Em 2019, o governo japonês alterou outra vez a legislação migratória desta vez deixando de lado a velha distinção entre trabalho especializado ou de baixa especialização e o trabalho de alta qualificação constante no seu regime migratório. Incentivado pela Federação de Negócios do Japão (Keidanren), o objetivo era atrair cerca de 350.000 trabalhadores de qualificação média num período de cinco anos para cobrir o déficit laboral((Milly, Deborah J. (2022). Migration Information Source))
Por quase duas décadas, os brasileiros se mantiveram como a terceira maior comunidade imigrante no Japão depois dos chineses e sul coreanos. Nos últimos dez anos no entanto, foram ultrapassados pelos filipinos e depois pelos vietnamitas. Os vietnamitas somam hoje 500 mil, ou 16% do total dos 2,6 milhões de imigrantes residentes no país. De acordo com o Ministério de Justiça japonês, os vietnamitas hoje são o segundo maior grupo, atrás apenas dos chineses – 744 mil, ou 25,1% do total.((A população imigrante no Japão é muito pequena (2,2% em 2020) comparada com 13,3% nos Estados Unidos, 19% na Alemanha e 21% no Canadá.))
A população brasileira encontra-se concentrada principalmente, na região central do Japão destacando-se as Províncias de Shizuoka e Aichi. As cidades com maior número de brasileiros são Hamamatsu (Shizuoka), e Toyohashi, Toyota, Nagoya e Okazaki, todas na província de Aichi, onde predominam a indústria automobilística e as firmas subcontratadas. Além dessas cidades, os brasileiros vivem também na região central do país como Shizuoka, Kanagawa, Saitama e Gunma onde estão empregados em outros setores da economia como os setores de serviço e alimentícios. A concentração de brasileiros nessas regiões são, em parte, produto dos arranjos feitos pelos agentes de emprego. Para visão completa da população brasileira no Japão, segundo o Censo de 2020 visitar Estatísticas e Mapas.
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Idade, Gênero e Estado Civil
A estrutura etária da população brasileira no Japão sofreu alterações durante os últimos vinte anos. Enquanto em 1994, esta população concentrava-se majoritariamente nos grupos etários entre 20 e 34 anos (39%). Os dekasseguis na faixa etária de 35 a 39 anos representavam outros 17,2% (Associação Brasileira de Dekasseguis (ABD). Em 2020, a idade média dos brasileiros era de 35,9 anos comparada a dos japoneses (47.9).((Statiscs Bureau of Japan, Census 2020.))
Mudanças também ocorreram em relação a presença masculina que em 2002 predominava e hoje compõem somente 48,6% da população.
Ainda, segundo a mesma pesquisa da ABD, a maioria dos dekasseguis era casados, a composição diferente da de hoje onde somente 28,3% dos brasileiros são casados, enquanto 59,5% nunca casaram; 1,3% são viúvos e 6,3% são divorciados.((4,3% não responderam.))Essa composição é bastante similar a da população japonesa. Os brasileiros são casados 2% mais que os japoneses; nunca casaram 3,5% mais que os japoneses; divorciados a somente um pouco maior -1.1% – e como a população é mais jovem que a japonesa, estes teem menos viúvos que os japoneses.
Motivos da Partida
As razões para a partida continuam as mesmas dos anos iniciais adicionada à questão da violência urbana e às constantes crises econômicas e políticas. Dados da pesquisa de 2004 da Associação Brasileira de dekasseguis (ABD), apontava como razões para a emigração a “fuga do desemprego” (25% dos homens e 27,7% das mulheres); a “insatisfação com a renda/salário” (47,5% dos homens e 49% das mulheres); “poupar para abrir um negócio no Brasil” (48,7% dos homens e 35,9% das mulheres); “sustentar a família” (29,5% dos homens e 23,3% das mulheres); “conhecer o Japão” (25,7% dos homens e 32,3% das mulheres); “pagar estudos” (25,6% dos homens e 27,1% das mulheres); e “pagar dívidas” (8,9% dos homens e 7,6% das mulheres).
Patarra e Baeninger (2006) argumentam que os emigrantes brasileiros que se dirigiram principalmente para os países do primeiro mundo, buscavam principalmente a mobilidade social, que se encontrava truncada no Brasil na década de 1980. Assim, os nipo-brasileiros, pertencentes à classe trabalhadora ou oriundos da classe média, tornam-se imigrantes, retornando ao país dos seus ancestrais, de forma a compensar as perdas significativas em seus padrões de vida. Trocam o trabalho que dá prestígio no Brasil pelo trabalho que remunera.
Inserção no Mercado de Trabalho e Educação
O Japão se defronta com um problema perene relacionado ao envelhecimento da sua população com a diminuição relativa da população em idade ativa, bem como a contínua queda da fecundidade que acentua essa tendência e leva a uma taxa de crescimento negativo da população e seu declínio. Além disso, o Japão possui uma das maiores expectativas de vida do mundo. Em 2008, para as mulheres era de 86,05 anos de vida ao nascer e para os homens de 79,29, a maior do mundo entre as mulheres e a quarta maior entre os homens (Suzuki, 2009). Essa dinâmica demográfica leva a uma queda acentuada da população ativa o que implica dificuldades no preenchimento dos postos de trabalho, principalmente aqueles não qualificados (Sasaki, 2000).
Embora a economia japonesa tenha experimentado falta de mão de obra nos anos prósperos de 1960, tanto governo japonês quanto as grandes corporações optaram pela automação para não depender de mão-de-obra estrangeira. A partir dos anos 70, outra tentativa de suprimento de mão-de-obra foi feita pela incorporação cada vez maior das mulheres no mercado de trabalho em posições de baixo salário e tempo parcial nos setores manufatureiros e de serviços (Roberts, 1994).
Durante os anos 1980/1990, a escassez de mão-de-obra para abastecer as pequenas e médias empresas japonesas criou um dilema para o governo japonês – como manter a homogeneidade étnica e cultural (imaginada ou não) tão caras aos japoneses frente a demanda crescente de mão-de-obra para postos de trabalho não qualificados (Yamanaka, 1996). Para resolver estas questões econômicas e laborais, a resposta encontrada foi o recrutamento de mão-de-obra entre a diáspora japonesa.
Como referido anteriormente, com a reforma da lei de imigração de 1990, o Japão passou a conceder visto de permanência para os descendentes de japoneses estimulando assim, o fluxo migratório dos brasileiros nikkeis e seus cônjuges. No entanto, estes vistos eram emitidos com duração de 6 meses a 3 anos com possibilidade de renovação. Além disto, estes vistos estavam atrelados a contratos de trabalho com períodos fixos, podendo os empregadores eliminá-los quando dos seus términos.
A partir da metade da década de 1990, como decorrência da prolongada recessão econômica, os trabalhadores japoneses voltaram a ocupar os empregos que vinham sendo ocupados pelos estrangeiros sendo estes empurrados para segmentos ainda mais desfavoráveis do mercado de trabalho com relações empregatícias de caráter predominantemente contingêncial (Tanno, 2007).
As ocupações mais comuns entre os brasileiros neste período inicial eram ligadas ao setor manufatureiro, seguida de ocupações em serviços de escritório e no setor de serviços em geral. Na sua maioria, os brasileiros exerciam trabalhos considerados indesejáveis para os japoneses nativos que exigiam pouca qualificação denominados pelos trabalhadores imigrantes como os trabalhos 5K: pesado (kisui), perigoso (kiken), sujo (kitanai), exigente (kibshii) e indesejável (kirai).((Kawamura, 1999)).
A estrutura do mercado de trabalho japonesa é marcadamente dual, dividida entre os setores primários e secundários caracterizados pela disparidade salarial, benefícios, oportunidades de treinamento e estabilidade empregatícia entre as empresas mães (empresas contratantes), de grande porte, e as subcontratadas, de pequeno e médio portes (Genda, 2006; Kosugi, 2003; Hara e Seiyama, 2006) Assim, or recursos humanos destinados as primeira são na sua maioria oriundos das universidades e, formados por japoneses nativos formando um sistema de emprego vitalício denominado keiretsu (Tanno, 2007). Como resultado, os trabalhadores das pequenas e médias empresas não podem ser transferidos para as empresas mães (Tanno, 2007). Os brasileiros, na sua grande maioria, eram empregados por sub-contratantes e enviados para empresas do setor secundário como trabalhadores temporários.
Dados da Universidade de Sofia, na cidade de Toyota sugeriam que neste período inicial, 71% dos brasileiros estavam empregados no setor de autopeças e o restante distribuído em pequenas fábricas de produtos eletrônicos, carburadores para máquinas diversas, produtos de cerâmica, restaurantes, etc. Cerca de 84% estavam empregados em empresas com menos de 300 empregados ou de capital inferior a 100 milhões de ienes, consideradas pequenas e médias empresas pela lei japonesa (Tanno, 2007).
A crise de 2008….
Hoje, segundo o Censo japonês de 2020, os brasileiros representam 0.2% da força de trabalho japonesa com 112.474 brasileiros participando da força de trabalho ativa. Na sua maioria (96%) estão entre os 15 e 64 anos de idade. Os desempregados somavam 9%. Aqueles em idade de trabalho mas não engajados no mercado de trabalho contavam 19.407 pessoas. Outros 6.444 atendiam escola e 8.753 faziam trabalhos domésticos. 17.130 não responderam sobre seu status laboral.
Assim como no começo da emigração brasileira para o Japão, os emigrados de hoje, são predominantemente de classe média no Brasil refletido na alta parcela de pessoas com educação XXXX entre estes (Tsuda, 2003; Kajita et al., 2005 e XXXXX, 2020).
A Migração Circular e o Retorno
A diferença entre os trabalhadores residentes no Japão, os migrantes repetitivos e os retornados é sutil. Um trabalhador brasileiro que hoje reside no Japão, pode no futuro voltar ao Brasil. Aqueles que voltam ao Brasil podem voltar a tentar a vida no Japão seja pela dificuldade de readaptação ao cotidiano brasileiro seja pela falta de emprego nas suas regiões de retorno ou seja porque a aplicação das poupanças não rendem o esperado (Corrêa Costa, 2007).
Segundo o Censo brasileiro de 2000, cerca de 20 mil brasileiros, residentes em 31 de Julho no Brasil, declararam ter estado no Japão cinco anos antes. FUSCO Para uma visão dos brasileiros retornados por local de saída e chegada, visitar Estatísticas e Mapas.
O retorno se configura como momento difícil não só pelos problemas de readaptação mas também porque as “habilidades” adquiridas não são necessariamente adequadas as necessidades do mercado brasileiro pelo fato de estes desempenharem no Japão ocupações de de baixa qualificação. Na realidade, segundo Arowolo (2000), a emigração desqualifica estes trabalhadores.
Segundo Mori (2000), existem pelo menos quatro tipos de migrantes repetitivos:
a) Isseis: o primeiro grupo, no início da migração para o Japão, foi constituído pelos migrantes japoneses, isseis, que imigraram para o Brasil antes ou após a Segunda Guerra Mundial;
b) Nisseis e Sanseis: este grupo, diferentemente do primeiro, foi composto, em sua maioria, por jovens solteiros ou casados, muitas vezes com cônjuges de origem não-japonesa. O vaivém entre os dois países se deu por razões várias incluindo o fracasso nos empreendimentos no Brasil com recursos adquiridos no Japão, dificuldade de adaptação no Japão e readaptação no Brasil. Este movimento de vaivém foi denominado por Mori de “profissionalização decasségui.”
c) Empreendedores: este grupo é de tamanho bastante pequeno. São trabalhadores dekasseguis que obtiveram muito sucesso e empreenderam também com sucesso nos dois países;
d) Regresso Temporário: este último grupo é composto por nisseis e sanseis de meia-idade, que geralmente deixam os filhos ou dependentes idosos no Brasil, ou que mantêm algum negócio familiar no Brasil voltando temporariamente ao país.
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