REMESSAS SOCIAIS (Social Remittances)

Introdução

As remessas são, em geral, entendidas somente como remessas monetárias. No entanto, elas podem também ter natureza sócio-cultural. Peggy Levitt em seu artigo Social Remittances: Migration-driven Local-development Forms of Cultural Diffusion (1998) e subsequente livro The Transnational Villagers (2001), cunhou o termo “remessas sociais” (social remittances) para realçar o fato de que os imigrantes, além de dinheiro, “remetem” idéias, práticas sociais e normas, comportamentos, atitudes políticas, práticas artísticas, etc.

Mais tarde, no artigo Social Remittances Revisited (2011), ela revisita o conceito de “social remittances” incluindo algumas observações: (a) as experiências passadas das pessoas antes da migração afetam o que estas “remitem” para suas sociedades de origem (Levitt e Lamba-Nieves 2011); (b) as remessas sociais, assim como as remesas monetárias, podem se dar individual ou coletivamente (ibid.); (c) estas remessas circulam continuamente entre paises de origem e destino (ibid.); (d) o contexto legal que os imigrantes encontram nos países de destino, impactam direta e indiretamente as formas de remessas sociais que estes são capazes  de eniviar (Lacrix, et al, 2016).

Segundo Levitt, estes fluxos de remessas sociais ocorrem quando os imigrantes voltam ou visitam suas comunidades de origem, quando não-migrantes destas localidades visitam imigrantes nos seus países de destino ou quando estes trocam cartas, vídeos, e-mails, blogs ou se comunicam por Skype, WhatApp ou telefone.

Este processo é um processo contínuo em que as idéias ou práticas sociais que os imigrantes trazem ou continuam recebendo dos seus países de origem, influenciam as suas experiências nos países de destino. Por outro lado, as experiências vividas nos países de destino moldam suas relações com as suas comunidades de origem quando estas idéias e práticas são remetidas.  Algumas destas idéias e comportamentos sociais são aceitas, rejeitadas, re-elaboradas e remetidas de volta onde são transformadas uma vez mais.

Este processo contínuo de remessas sociais afeta relações familiares, papéis de gênero, identidade de classe e raça, bem como tem ainda impacto importante na participação política, econômica e religiosa destes imigrantes, suas famílias, amigos e comunidades como um todo. Vale ressaltar no entanto, que nem todas estas idéias ou comportamento são positivas. Residentes de países da América Central, por exemplo, sofrem quando membros de gangues centro americanas operando nos Estados Unidos são deportados, aumentando a insegurança nos seus países de origem.

Por fim, estas trocas introduzem uma “cultura de migração” alimentada pelo acesso ao consumo provido pelos emigrados, noções de terras de liberdades, riquezas a fazer via a migração, entre outras idéias que circulam no vai e vem migratório,

Para entender como as remessas sociais se movem, e como estas tem uma relação simbiótica com as remessas monetárias, é preciso abordá-las dentro de uma ótica transnacional (Khagram and Levitt, 2007). Assim, criamos uma visão mais holística e integrada das trocas transnacionais:

 

Economistas, por muito tempo, deram importância somente às remessas monetárias. Assim, uma literatura importante surgiu sobre os drivers e as consequências das remessas financeiras aos níveis micro e macro, resumidos por Rapoport e Docquier (2006). A contribuição pioneira de Spielberg (2009) da relação entre a democracia e a educação no estrangeiro chamou a atenção de economistas para a questão das remessas sociais.

Mais recentemente, algumas publicações abordaram a questão das transferências sociais focando indiretamente na contribuição dos imigrantes internacionais para o avanço tecnológico em seus países de origem. De forma similar, Bahar and Rapoport (2018), utilizam dados da imigração bilateral e comércio internacional de mais de 100 países (período 1990-2012) para estudar o impacto e difusão do conhecimento pelos imigrantes internacionais.

Agrawal et al. (2011) utilizando dados de registros de patentes avaliam a probalidade de inovadores com laços com imigrantes co-étnicos impactar o conhecimento nos países de origem do migrante.

Brasileiros no México

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil estima a população brasileira residente no México em 15.000 pessoas.

Brasileiros no Uruguai

A migração brasileira para o Uruguai iniciou-se nos anos 70, constituída na sua maioria por pequenos produtores sem terra. Nas décadas posteriores, esse fluxo começou a ser formado por grandes proprietários do Rio Grande do Sul e São Paulo. Segundo Reydon & Plata (1995), cerca de 10 por cento do território uruguaio pertencia a estrangeiros…

Brasileiros na França

A história das relações franco-brasileiras tem início no século XVI, com o projeto de criação da “França Antártica”, uma colônia francesa em terras brasileiras que eram na época domínio da Coroa Portuguesa (TAVARES, 1979). O empreendimento embora tenha conhecido certo sucesso, foi completamente derrotado pelos portugueses em 1565.

Brasileiros na Alemanha

Segundo dados de 2008 do Departamento Federal de Estatística da Alemanha, vivem no país por volta de 73.000 imigrantes sul-americanos. A maior parte deles é composta pelos cerca de 23.000 brasileiros, 10.000 colombianos, 9.000 peruanos e 4.500 equatorianos. Na Alemanha o contigente feminino entre os imigrantes brasileiros é …

Brasileiros na Oceania

Oceania e a região composta pela Austrália, a Nova Zelândia, a Polinésia, a Melanesia, e série de outras ilhas nacoes. A população de brasileiros na Oceania chega a 53.430 pessoas. A maioria dos brasileiros (87,3%) ou 46.630 residem na Austrália seguida da Nova Zelândia com outros 6.666 (12,7%) pessoas. ….

  

Por fim, Tuccio e Wahba (2018), mostram que na Jordânia as mulheres que vivem em família onde haviam imigrantes retornados, as normas de comportamentos de gênero eram diferentes destas correntes no país pois estes tinham sido expostos a normas e práticas mais liberais enquanto viviam no exterior.

Referências Bibliográficas

Bahar, D. e Rapoport, H. (2018). Migration, Knowledge Diffusion and Comparative Advantage of Nations, The Economist Journal, 128(612): F273-F-304.

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Khagram, S. and Levitt P. (2007). The Transnational Studies Reader. New York and London: Routledge.

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Brasileiros no Oriente Médio

As populações de brasileiros no Oriente Médio são bastante pequenas e concentradas em poucos países. Israel, com 20.000 brasileiros e o Líbano com 5.000 representam respectivamente (62,7%) e (15,7%) da população brasileira do Oriente Médio. …

Brasileiros na Flórida

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Brasileiros na Argentina

A migração brasileira para a Argentina tem por um lado um caráter rural, direcionado principalmente para a província de Missiones e constituído majoritariamente por trabalhadores e pequenos proprietários agrícolas, e por outro, um caráter urbano, voltado para a Região Metropolitana de Buenos Aires composta …