BRASILEIROS NO ORIENTE MÉDIO

Roberto Khatlab –  natural de Maringá (PR), é pesquisador e autor de livros sobre história, e/imigação ibanesa-brasileira, religião e relação Brasil-Oriente Médio. Khatlab, é autor de mais  de 20 obras publicadas em português, árabe, espanhol, francês e inglês . Entre outras: As viagens de Dom Pedro II. Oriente Médio e África do Norte, 1871 e 1876. Ed. Benvirá (Saraiva) 2015. Brasilibaneses no Líbano, 2024. Dar Saer Mashrek, Líbano 2024.

Reside em Beirute, no Líbano. É diretor do Centro de Estudos e Culturas da América Latina na Université Saint-Esprit de Kaslik, Líbano.

INTRODUÇÃO

As relações entre o Brasil e o Oriente Médio são extensas e de longa data. O primeiro chefe de Estado brasileiros a visitar a região foi Dom Pedro II, em 1871 (Egito – Cairo e Alexandria) e depois, em 1876 (Monte Líbano, Síria, Palestina e Egito – Núbia Sudanesa). Nestas viagens, o Imperador passou por Beirute, Damasco, Cairo e Jerusalém, cidades que na época integravam o Império Otomano. Apesar de caráter não oficial, estas viagens contribuíram de modo significativo para uma maior aproximação entre brasileiros e médio-orientais, uma vez que fomentou a vinda de um grande número de sírios e libaneses ao Brasil. Podemos dizer que D. Pedro II é o pioneiro das relações diplomáticas entre os Impérios do Brasil e Otomano e que atraiu os árabes ao Brasil. Estes dois povos deram contribuição importante para a formação da sociedade brasileira

Desde a chegada destes  primeiros migrantes oriundos do Oriente Médio, o fluxo migratório de origem árabe manteve-se, em maior ou menor intensidade ao longo do século XX em decorrência de conflitos locais e regionais com destaque para a Guerra Civil do Líbano (1975-1990) e a Questão da Palestina em decorrência da Nakba, palavra árabe (النكبة) que significa “catástrofe” ou “desastre” e designou o êxodo palestino de 1948 quando pelo menos 711.000 árabes palestinos foram expulsos de suas terras em razão da guerra civil de 1947-1948 e da Guerra Árabe-Israelense de 1948.  Os conflitos continuados na região como o recente conflito interno-externo da Síria, e a guerra de Israel contra o grupo Hamas provocando novos ciclos de refugiados desta região para o Brasil. Estes últimos dois conflitos tem provocado a volta de muitos brasileiros residentes na região, particularmente em Gaza.

O estado de São Paulo foi o local do Brasil que recebeu a maior população árabe. Até 1920, aproximadamente 40% dos quase 60.000 árabes que chegaram ao país tinham como destino o território paulista. Outros estados que receberam imigrantes árabes foram Minas Gerais, Rio de Janeiro e, em quantidade menos expressiva, Bahia e Rio Grande do Sul.

Segundo a Pesquisa Nacional Exclusiva sobre Árabes no Brasil, realizada para a Câmara de Comércio Árabe Brasileira, a população brasileira árabe e seus descendentes são oriundos do Líbano ( 27%), Síria (13%), Marrocos (6%), Arábia Saudita (6%), Egito (5%), Palestina (5%), Argélia (3%), Jordânia (3%) entre outros países de procedência ou ancestralidade.

As populações de brasileiros no Oriente Médio (59.230 pessoas) são bastante pequenas e concentradas em poucos países. Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores (MRE), em 2022, o Líbano com 21.000 brasileiros (35,4%), e Israel com 14.000, (23,6%) representavam 59% da população brasileira do Oriente Médio. Estes países são seguidos pelos Emirados Árabes Unidos (9.630), Palestina (6.000), e a Jordânia com 3.000 brasileiros.

As cidades de Beirute e Tel Aviv são residência de 21.000 e 14.000 brasileiros respectivamente. Seguidas de Abu Dhabi (9.630), Ramallah (6.000), Amã (3.000) e Damasco (3.000).  

Muitos dos brasileiros residentes no Oriente Médio, em particular no Líbano, Síria e Palestina são pessoas retornando para a terra dos seus ancestrais.

No Líbano, os que retornaram são chamados de “Brasilibaneses,” neologismo de Roberto Khatlab, para designar pessoas de dupla nacionalidade. Brasileira-Libanesa. Sendo que a maioria dos brasileiros que vivem no Líbano são duplo-nacionais. A comunidade, estima, começou a ser formada em 1991, com o retorno de Jabob Menassa, que imigrou para o Brasil, Manaus em 1885 e retornou ao Líbano em 1991, já “brasilibanes.” Hoje, a comunidade se faz presente em todos os campos da sociedade libanesa, na cultura, social, política …  

Brasileiros na África

As populações de brasileiros na África são bastante pequenas e concentradas em poucos países. Angola, com uma população de 30 mil brasileiros, representa 81,4% da população brasileira do continente.

Brasileiros na Ásia

“Para boa parte dos brasileiros, a Ásia configura uma unidade de denominação – Ásia, asiáticos – porém, observando-se objetivamente, percebe-se que essa unidade, corresponde, de fato à mera denominação” (CERVO 2008:273). São várias as formas de denominar a Ásia, por cortes geográficos ou políticos. …

Brasileiros na América do Sul

BRASILEIROS NA AMÉRICA DO SUL "Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore magna aliqua. Ut enim ad minim veniam, quis nostrud exercitation ullamco laboris nisi ut aliquip ex ea commodo consequat. Duis...

Brasileiros no Chile

Segundo o Ministério das Relações Exteriores cerca de 10.600 brasileiros viviam no Chile em 2010. A base de dados do IMILA (Investigação de Migração Internacional da América Latina) indica que …

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Genera, (2022). Ancestralidade, “Quem é a População Árabe do Brasil?” 

Khatlab, Roberto, brasilibaneses no Líbano, Editora Sar Saer Mashrek, Libano, 2024.

Khatlab, Roberto, Brasil-Líbano, Amizade que desafia a distância, Ed. EDUSC, São Paulo, 1999. Em árabe – Brāzīl-Lubnān : ṣadāqah tataḥaddī al-masāfāt : dhākirah wa-istiʻrāḍ tārīkhī, 1876-2000.  Prefácio Presidente da Republica do Libano, Elias Hraoui. Ed. Dar al-Farabi, Beirute, 2000.

Khatlab, Roberto, As Viagens de d. Pedro II : Oriente Médio e África do Norte, 1871 e 1876 . Benvirá (Saraiva). São Paulo, 2015.

Meihy, Murilo Sebe Bom e Samira Adel Osman (2020). Dossiê “Imigração do Oriente Médio para o Brasil: História, Cultura e Sociedade. “Revista Territórios & Fronteiras, Cuiabá, vol. 13, n.2, jul-dez.

Ministério das Relações Exteriores, Secretaria de Comunidades Brasileiras e Assuntos Consulares e jurídicos. (2023). Comunidades Brasileiras no Exterior Ano-base 2022. 

Mott, M. L. (2007). Imigração Árabe: Um Certo Oriente no Brasil. In Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Brasil: 500 Anos de povoamento. Rio de Janeiro, p. 179-195.

Revista LIBANUS, Nº 1 – Junho/Setembro 2023.

Silveira, Isadora Loreto (2020). Relações Brasil-Oriente Médio (2003-2014): Motivações, Estratégias de Aproximação e Resultados.Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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